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Vamos matear? Uma prosa sobre o chimarrão ou tereré


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Irmãos do fórum, recebi um e-mail lindo, em apresentação powerpoint... como não consegui colocar a apresentação aqui, transcrevo na íntegra e, humildemente, gostaria de aconselhar a leitura ...

Quem quiser receber a apresentação, basta mandar-me um e-mail para wellzivino@gmail.com

Um forte quebra-costelas em todo mundo ...

Vamos matear??? joia:::

Wellington . . .

O texto desta apresentação me chegou por e-mail, supostamente conseguido num programa de rádio argentino.

Gostei muito e decidi traduzi-lo e converte-lo neste que irás vêr.

A música é o chamamé La Calandria que afanei de León Gieco.

Amado

Tomas um Mate?

O mate, ou chimarrão não é uma bebida.

Bueno, sim, pois é um líquido e entra pela boca, porém não é uma bebida.

No Rio Grande do Sul e nos paises cisplatinos, ninguém toma mate porque tem sede. É mais um costume, como coçar-se.

O mate faz exatamente o contrário da televisão: te faz conversar se estás com alguém e te faz pensar quando estás solito.

O mate ou chimarrão é feito com a erva mate, a qual é encontrada principalmente no sul do Brasil e norte da Argentina.

É uma bebida genuinamente nativa, sendo o mais antigo e tradicional dos hábitos gauchescos.

É um legado dos índios Guaranis e esse costume foi fortalecido e expandido pelos espanhois e jesuitas.

Quando chega alguém na tua casa, a primeira frase é “buenas” e a segunda é: vamos matear?

Isto se passa em todas as casas, seja de rico ou de pobre.

Passa entre mulheres e homens sérios ou imaduros, velhos ou jovens. É a unica bebida compartilhada entre pais e filhos sem discussão e onde ninguém “enche a cara”.

Chimangos ou maragatos, gremistas ou colorados cevam mate sem entreveros. No inverno ou no verão

É a unica coisa em que nos parecemos vítimas e carrascos; bons e maus.

Quando tens um filho, começas a dar mate quando ele te pede. Se o dá morno com algum açúcar, se sentem grandes. E tu sentes um orgulho enorme quando um piazito teu começa a chupar o mate, parece que o coração te sai do corpo.

Depois com os anos, eles elegem se o tomam amargo ou doce, muito quente ou tererê, com casca de laranja ou limão ou ainda com alguma planta medicinal misturada à erva.

Quando conheces alguém e não tens confiança, ao convida-lo para um mate perguntas:

-Doce ou amargo?

E se o outro responde:

-Como tu tomas

É um bom sinal.

Nas casas do Rio Grande do Sul sempre há erva mate. A erva é a única que há sempre, com inflação, com fome, com militares, com democracia, com “mensalões”, ou com quaisquer de nossas pestes e maldições eternas. E se um dia não houver, um vizinho têm e te dá, pois a erva não se nega a ninguém.

O Rio Grande do Sul é um dos poucos lugares do mundo onde a transformação de uma criança para um homem ocorre num dia em particular.

Esse dia não é o dia em começastes a fumar, ou usar calças, ou quando fizestes circuncisão, ou entrasse para a universidade ou começou a viver longe dos pais.

Começamos a ser grandes no dia que temos a necessidade de tomar, pela primeira vez, um mate solito.

Não é casualidade. No dia que uma criança põe a chaleira no fogo e toma seu primeiro mate sem que haja nada em casa, nesse minuto é que descobre que tem alma.

Ou está morto de medo, ou está morto de amor, ou algo: porém não é um dia qualquer.

Poucos são os que se recordam desse dia, mas em todos há uma revolução por dentro a partir desse dia.

O simples mate é nada mais nada menos que uma demonstração de valores...

É a solidariedade de bancar o mate lavado porque a charla é boa. A charla, não o mate.

É o respeito pelos tempos para falar e escutar, tu falas enquanto o outro toma, até que num momento dizes:

-Basta, troca a erva!.

É o companheirismo nesse momento.

É a sensibilidade da água quase fervendo.

É o carinho para perguntar:

-Está quente, não?.

É a modéstia de quem ceva o melhor mate.

É a generosidade de servir até o final.

É a hospitalidade do convite.

É a justiça de um por um.

É a obrigação de dizer obrigado ao menos uma vez ao dia.

É a atitude ética, franca e leal de encontrar-se sem maiores pretensões, de compartilhar.

TE SENTISTE INCLUÍDO?

Compartilhe então com quem alguma vez tomaste um mate.

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