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Pesque e Solte - Uma análise para crédulos e incrédulos


Neco

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Uma Narrativa sobre pescar...

Muito se discute a respeito de pesque e solte. Vou me atrever a falar mais um pouco.

Dentro dos dois grupos: ADEPTOS X NÃO ADEPTOS, existe ainda uma subdivisão. Entre os adeptos do catch and release existe os que são FERVOROSAMENTE e RADICALMENTE a favor (muitos "dão as caras” em fóruns de internet como o nosso), outros são mais ponderados, e concordam em consumir um exemplar durante a pescaria.

Entre os não adeptos existem os ignorantes, anacrônicos que principalmente na minha região (sudeste) não se importam com questões ambientais e matam peixes indiscriminadamente e o segundo grupo que tenta se convencer que o abate de peixes capturados com varas e anzóis tem um impacto desprezível em comparação aos pescadores profissionais (“redeiros”, “zagaieiros”, utilizadores de espinhéis e bombas...) e por isso matam os dez ou quinze exemplares (ex.) que conseguem capturar em um dia de pescaria.

Em nossa última viagem passei 1 semana percorrendo centenas de quilômetros em meio à selva amazônica e pude notar (já que o sucesso da pescaria está na arte da observação) que o contraste entre os diversos pontos que sofrem diferentes pressões de pesca em uma mesma região é muito grande.

Em locais próximos à cidade da qual partimos as ações dos peixes foi muito limitada, com capturas isoladas e poucas ações.

Próximo às comunidades ribeirinhas, as ações foram melhores, mas o melhor resultado fio obtido em locais exclusivos à pesca esportiva. Isso prova alguma coisa? Não cientificamente, mas ajuda a reforçar a teoria que o abate para abastecimento (ex. comunidades ribeirinhas que matam TODOS os peixes de cada pescaria e os armazena (salgam a carne)

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é mais danosa ao meio ambiente que a pesca esportiva com consumo de alguns exemplares frescos à beira do rio .

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O abate de alguns exemplares para consumo imediato é algo que, em geral, o meio ambiente suporta. O quê quero dizer com isso?

Existe algo que é amplamente estudado e comprovado, que é o equilíbrio ecológico na evolução do número de indivíduos entre espécies relacionadas, notadamente no que diz respeito à cadeia alimentar.

Consideremos o Tucunaré como predador e o jaraqui como a presa (sua fonte de alimento). Se o número de indivíduos de tucunarés em um rio aumentar, o número de indivíduos de jaraqui vai cair. Se o número de jaraquis cair, diminui a oferta de alimento e o número de indivíduos de tucunarés vai sofrer nova queda, com essa nova queda os jaraquis se proliferam e o ciclo se reinicia.

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Se o homem predar as duas espécies o número geral vai cair. Ma se abater, seletivamente e de maneira sustentável uma das espécies, o homem (pescador esportivo que abate um tucunaré para consumo imediato) se insere nesse equilíbrio como um novo fator de influência no número de indivíduos e um NOVO equilíbrio será atingido.

Por isso, como apaixonado por pescaria, mas principalmente pelos peixes e pela natureza, pude chegar à conclusão que praticar o pesque e solte, ou melhor pesque, fotografe e solte é algo muito benéfico, mas abandonei o RADICALISMO!

E para os mais incrédulos, QUEM DUVIDAM QUE O PEIXE SOBREVIVA APÓS A SOLTURA PODE DAR UMA OLHADA NESTE SOBREVIVENTE...

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Repare que parte de seu opérculo e até de seu corpo foi dilacerado em algum ataque (de um boto ou quem sabe de uma zagaia), bem como sua barbatana anal, e, mesmo assim, com as lesões cicatrizadas continua a se alimentar (bateu com voracidade na hélice) e brigou muito! Quem já pegou um de 14 lb sabe como briga mais que seus irmãos maiores. Kkk

Comecei a pescar aos 4 anos, com iscas artificiais desde os 11 anos, pesco e solto desde os 15 anos e hoje, com 27, essa é minha humilde opinião. Espero que gostem, pois faz tempo que não crio um novo tópico

Um forte abraço a todos

Neco

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Amigo Neco,

fazia tempo que não via um tópico tão ponderado e rico em ótimas observações como esse que postou ! Parabéns palmas:: palmas::

Concordo basicamente com tudo que escreveu e, se permite, reforço o enfoque da "retirada do peixe" do seu habitat de forma comercial. Se houvesse uma PROIBIÇÃO ao transporte do pescado silvestre, todas essas "teses" estariam naturalmente reforçadas... danca::

Por outro lado, e apenas pela experiência vivenciada também em cenários ribeirinhos dessa região, principalmente perante pequenas comunidades que se multiplicam a cada ano nas márgens dos principais rios por onde passamos, existe uma consciência de preservação bastante elevada, principalmente junto as crianças, com quem - sempre que posso - converso um pouco. A visão deles ( dentro da sua comunidade ) é de abater apenas aquilo que poderá ser imediatamente consumido, liberando o excesso... A "salga", como bem retratou, já envolve a questão da comercialização e transporte, ou seja, já deixa de ter o enfoque de "subsistência".

Infelizmente temos uma população extremamente carente de alternativas econômicas, e a linha da miséria e necessidades urgentes é um fato corriqueiro na maior parte desses locais por onde passamos !

O "radicalismo" só se implementa quando existe a necessidade de uma mudança de comportamento, e somente tem sucesso, SE houver uma adesão dos principais interessados em estreitar essa vigilância ! lacou::

Pescar e consumir no barranco é uma das alegrias do programa ! Soltar o que não se consume, faz parte desse programa ! Lembre-se sempre que a natureza é pródiga em manter o equilíbrio das presas e predadores em qualquer que seja o local e/ou ambiente ! E não me refiro apenas aos peixes...

Parabéns - mais uma vez - pelas suas observações ! doutor:: mestre::

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Obrigado pelas suas palavras Kid.

Acho que dessa salga que os ribeirinhos acabam fazendo, pode-se fazer uma comparação ao impacto que os rios sofrem com pescadores que pescam com linha e anzol e abatem todos os peixes que pescam... lógico que o impacto é menor que o da pesca com redes e outros artefatos, mas o prejuízo é nítido!

Para os que vivem à beira da miséria existem poucas alternativas, mas para pessoas como nós, penso que esse comportamento é lamentável

abrass

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Muito boa a sua análise Neco, ponderações perfeitas joia:::

Outra questão que venho analisando parte de informações obtidas com amigos de Manaus. Desde que fui pela primeira vez a AM, em janeiro desse ano, fiz amizade, por via desse nosso fórum, com vários pescadores de Manaus, passei vários dias conhecendo a cidade, conheci muitas pessoas em manaus e todos, invariavelmente, em suas pescarias, matam todos os peixes que capturam. Chegam a matar, em 2 ou 3 dias de pescaria, cerca de 200 a 300 tucunarés, os quais levam para Manaus e distribuem entre os vizinhos, amigos e familiares.

Por sorte, os pescadores de Manaus não costumam ir a Barcelos ou SIRN, em função da distância e dos maiores custos, limitando-se a pescar no Juma, no Rio Preto da Eva, Mamori, Balbina e outros lugares mais próximos a Manaus. E, por incrivel que pareça, queixam-se da diminuição do número de tucunares nesses lugares... Como se a ação predatória que praticam não tivesse qualquer relação com a cada vez maior escassez de peixes, especialmente os de maior porte...

O pessoal de manaus tem a firme convicção de que a matança de 200 ou mais peixes por 3 ou 4 pescadores em apenas alguns dias de pesca em nada afeta a população dos tucunarés, culpando somente a pesca comercial pela crescente escassez de peixes. Tais fatos, a meu ver, comprovam as afirmações do post, deixando uma preocupação cada vez maior, pois à medida que forem rareando os tucunarés nos locais mais próximos a manaus, esse pessoal certamente irá pescar em lugares mais distantes, o que pode causar um grande prejuízo à pesca esportiva...

É preciso conscientizar um numero cada vez maior de pescadores, para que, ao menos, evitem alimentar os vizinhos e amigos com os peixes que matam, se querem trazer alguns exmplares para suas casas, que ao menos evitem distribuir peixes pela cidade. A questão é como fazer isso. Como criar uma consciência que nunca existiu? Como fazer as pessoas perceberem que a natureza não é capaz de recuperar-se de todas as agressões cometidas pelo homem?

Abs.

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:bompost: :bompost: :bompost: :bompost:

Excelente post.

Já vai longe o tempo em que, infelizmente, fazia a mesma coisa que esse pessoal de Manaus. Voltava do Araguaia com um isopor de 100lts abarrotado de peixes e distribuia entre amigos e vizinhos.

Quando passei a observar o comportamento dos pioneiros dos programas de pesca na TV como o Rubinho, Gugu, Pepe e o Nelsinho, entre outros, é que fui tomando conciência da asneira que estava cometendo.

Hoje me limito a comer um exemplar na margem e, talvez, levar umas duas espécies, no máximo, para casa e saborea-los com a família.

Note que ainda hoje, sempre que digo que vou pescar, não falta quem venha pedir para trazer um peixinho para ele e essa é uma excelente hora para mostrar o encanto e a nescessidade do pescar e soltar.

Perfeitas suas considerações.

Forte abraço.

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Por sorte, os pescadores de Manaus não costumam ir a Barcelos ou SIRN, ...

É preciso conscientizar um numero cada vez maior de pescadores, para que, ao menos, evitem alimentar os vizinhos e amigos com os peixes que matam, se querem trazer alguns exmplares para suas casas, que ao menos evitem distribuir peixes pela cidade.

Em um país que elege as pessoas que elege (não cito nomes para não entrar em discussões políticas) não acredito mais em concientizar. Acho que grande parte da população é "inconcientizável" surtei::

Em locais como Barcelos e SIRN, o transporte de pescado deveria ser proibido. Em manaus isso é bem mais complicado

abrass

Lindas observações e definições, parabéns a tudo que aqui foi exposto, e que reflete diretamente em tomadas de decisão dos nossos órgãos reguladores

Só nos resta rezar pra isso.

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Note que ainda hoje, sempre que digo que vou pescar, não falta quem venha pedir para trazer um peixinho para ele e essa é uma excelente hora para mostrar o encanto e a nescessidade do pescar e soltar.

O pessoal ainda tira sarro pq eu nunca trago peixe pra casa!!!

Da última vez que fiz um peixe assado, teve gente que achou ruim pq tinha que separar as espinhas... daí em diante (isso por opção minha) só na beira do barranco. Pra quem me cobra peixes sempre mostro minhas fotos e eu convido pra pescar comigo

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Realmente fantástica a sua análise Neco, compartilho com tudo que disse com propriedade e conhecimento!!

Abraços e parabéns por um post muito bem elaborado...

Obrigado Niltão!

achei que fazia algum tempo que não discutíamos algo que não fossem relatos ou equipamentos no fórum... então, como a pesca é muito maior que isso, resolvi escrever um pouco

abrass

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O pessoal ainda tira sarro pq eu nunca trago peixe pra casa!!!

Também sofro deste mal, sempre que vou pescar as únicas coisas que tenho trazido são fotos e filmes, todos ficam me chamando de bobo.

Voltando ao assunto do fórum, no feriado do dia 07/09 ficamos uma semana descendo o Rio Cristalino de canoa canadense, fizemos aproximadamente 200 km até a pousada cristalino.

É impressionante o quanto o tamanho dos bocudos denunciam a presença do ser humano. Quando ficavam mais excassos e/ou menores podíamos esperar que estaríamos chegando perto de uma fazenda ou alguma pousada... diabo:: diabo::

Mas o pior de tudo é que sempre que parávamos para filar a bóia em alguma pousada ou alguma balsa lá vinham os "administradores" nos oferecendo uma tartaruguinha, um pirarucú ou alguma carne de caça.

É triste mas salvo raríssimas excessões, para se pegar bons exemplares temos que ir a lugares onde os homens brancos não conseguem chegar.

Falta muita consciência ainda...

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O pessoal ainda tira sarro pq eu nunca trago peixe pra casa!!!

Também sofro deste mal, sempre que vou pescar as únicas coisas que tenho trazido são fotos e filmes, todos ficam me chamando de bobo.

Voltando ao assunto do fórum, no feriado do dia 07/09 ficamos uma semana descendo o Rio Cristalino de canoa canadense, fizemos aproximadamente 200 km até a pousada cristalino.

É impressionante o quanto o tamanho dos bocudos denunciam a presença do ser humano. Quando ficavam mais excassos e/ou menores podíamos esperar que estaríamos chegando perto de uma fazenda ou alguma pousada... diabo:: diabo::

Mas o pior de tudo é que sempre que parávamos para filar a bóia em alguma pousada ou alguma balsa lá vinham os "administradores" nos oferecendo uma tartaruguinha, um pirarucú ou alguma carne de caça.

É triste mas salvo raríssimas excessões, para se pegar bons exemplares temos que ir a lugares onde os homens brancos não conseguem chegar.

Falta muita consciência ainda...

Carne de tracajá é sacanagem!!!

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