Ir para conteúdo

Taxas de mortalidade de tucunarés amazonicos x iscas artific


Posts Recomendados

Companheiros,

Abaixo o trabalho do amigo Kelven Lopes (Consultor do MPA) que foi publicado recentemente num evento em Manaus sobre a Ictiofauna.

Reputo este trabalho como do maior interesse por parte dos pescadores esportivos, haja vista a correlação do local das fisgadas x taxa de mortalidade. Vejam:

LOPES, Kelven1;

1 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) (lopeskelven@yahoo.com.br)

A pesca esportiva é uma recente prática de pesca vinculada à categoria de pesca amadora, fundamentalmente está baseada na captura e devolução espontânea dos peixes capturados. Na Amazônia, os tucunarés são os principais peixes alvo da pesca esportiva com iscas artificiais na modalidade pesque-e-solte. No entanto, esta atividade de pesca não apresenta estudos indicando o impacto da mesma, tampouco, dados que possam subsidiar medidas de gestão para esta pesca.

Neste sentido, este estudo mostra alguns resultados preliminares sobre a taxa de mortalidade em tucunarés Cichla spp. submetidos ao sistema pesque-e-solte. Para avaliar a taxa de mortalidade os peixes foram capturados com iscas artificiais, após a captura foram mensurados, identificados e acondicionados em tanques-rede de oito m3 por um período mínimo de 72 horas. Foram analisados 118 animais, distribuídos em 42 Cichla monoculus, 56 Cichla temensis e 20 Cichla orinocensis.

Como resultado, foi encontrado um valor de 4,23% de mortalidade total. A taxa de mortalidade por espécie mostra que o C. temensis teve o maior valor 7,14%, quando comparado com C. monoculus 2,38% não ocorreu mortalidade com a espécie C. orinocensis.

As regiões anatômicas de maior ocorrência de fixação do anzol foram, na região bucal externa esquerda com 20,33% precedido da região bucal externa direita/base opercular 19,49% e a região bucal externa direita com 18,64%.

Individualmente para as espécies notou-se que C. monoculus apresentou 26,18% de fixação na região bucal externa direita 19,04% na região bucal externa esquerda e 11,90% na região bucal externa inferior. Para C. temensis 26,78% de fixação na região bucal direita/base opercular 14,28% a região bucal externa direita e 12,5 % na região bucal externa esquerda.

Para C. orinocensis as regiões anatômicas de maior incidência foram, a região bucal externa esquerda e a região externa superior com 20,0%e com 15,0% a região bucal externa direita. Em relação ao número de perfurações foi observado que 33 % sofreram somente uma perfuração 44% com duas perfurações 21% com três perfurações e 2% com quatro perfurações.

As regiões anatômicas mais susceptíveis foram, a região ocular e guelras 60% das mortalidades estavam associadas a fixações do anzol na região ocular e 40% associadas a fixações nas guelras. Estes dados, embora preliminares apontam que os tucunarés Cichla sp. apresentam uma taxa de mortalidade no sistema pesque-e-solte relativamente baixa, sendo possivelmente administrada com uma adequada gestão pesqueira.

Vou conversar com o Kelven e sugerir que no futuro sejam avaliados os danos considerando o tipo da isca artificial (superfície x sub superfície x meia água x colheres e jigs).

Observem que isso é um começo, e o muito que poderemos fazer para compreender melhor o uso das iscas artificiais x danos. Considerem ainda que tais informações se repassadas aos guias, eles já terão uma prévia do que estará comprometido e poderá ser abatido para o consumo.

abração

Kruel

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Respostas 56
  • Criado
  • Última resposta

Mais Ativos no Tópico

Realmente um trabalho de suma importancia para o ordenamento do nosso esporte.

Ele foi realizado em Mamirauá mesmo? Nao sabia que tinha açu por ali. tem cópia dele Kruel? se tiver gostaria de dar uma lida.

bração

Observem que isso é um começo, e o muito que poderemos fazer para compreender melhor o uso das iscas artificiais x danos. Considerem ainda que tais informações se repassadas aos guias, eles já terão uma prévia do que estará comprometido e poderá ser abatido para o consumo.

abração

Kruel

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Excelente matéria !

O que pode parecer um "detalhe", faz toda diferença !

Acredito que se mais estudos desse tipo forem elaborados e seus resultados divulgados, poderemos prestar uma boa ajuda para contribuir na perpetuação da espécie...

Parabéns, como de hábito, meu amigo Kruel ! :amigo:

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

:bompost: :bompost: , vindo do grande J Kruel

Também acho que precisa de mais trabalhos sérios como esse, pois algumas considerações podem ser analisadas, como o fato dos tucunarés permanecerem durante 72 horas em tanque rede, pode ser umas das causas de mortalidade devido ao "estress", principalmente em peixes maiores como o c.temensis.

Outra observação a ser estudada, seria a manipulação correta do peixe, manter o mínimo tempo fora d'água,etc...

Mas o fato é que o pesque e solte funciona ::tudo::

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Muito pertinente e necessario essas pesquisas...

Foi feito um estudo igual a esse em 2008,com o mesmo objetivo,com o tucunaré-azul, dentro da unidade de conservação de uso sustentável APA meandros do rio araguaia,mais precisamente nos lagos do rio Cristalino,pelo IBAMA em parceria com a USP,em um trabalho que durou 12 dias... foram capturados 330 tucunares azuis com iscas artificiais e foram acondicionados em cercados grandes dentro do lago para a análise, e obteve um excelente resultado onde a taxa de mortalidade não passou de 3%...

Isso mostra que a pesca esportiva não causa desequilibrio nenhum da natureza...ponto pra nós... ::tudo::

Valeu!!!!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

:bompost: Parabéns ao JCKruel pela iniciativa de publicar informações deste trabalho pioneiro.

E, principalmente, parabéns ao Sr. Kelven Lopes pela relevância da pesquisa para a conscientização geral dos benefícios ambientais associados à prática da pesca esportiva, quando comparada à pesca predatória.

Esperamos ansiosamente por outros trabalhos científicos desse porte, envolvendo também outras tipos de peixes, iscas e técnicas de pesca esportiva.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Ótima notícia, Kruel! ::tudo::

Muita gente critica o pesque-solte, principalmente os que não pescam.. enfim...

Fabrício, seria possível anexar no post os artigos originais ou o link deles? tanto o do Kruel como o citado pelo Miron?

Apenas a notícia (muito boa, por sinal) é vaga... um artigo científico em revista indexada ou congresso tem outro peso. Caso tenha dificuldade em obter o original, apenas me enviem a citação e local de publicação qeu puxo através do comut.

joia:::

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Caros companheiros,

A matéria é apenas parte do trabalho publicado nos anais do XIX ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA - XIX EBI em Manaus, 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011.

Coloquei o e-mail do Kelven (ele é gente finíssima) justamente para que, aqueles que tenham interesse maior do que a síntese aqui postada possam entrar em contato direto.

O Kelven mora em BSB, trabalha no MPA, e jamais recusaria um convite da turma do FTB para tomar umas cervejinhas e explicar melhor este assunto. Quem se habilita a convidá-lo?

abração

kruel

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Tive a oportunidade de conhecer o Kelven aqui em Goiânia, na clínica GO FLY...gente fina e bem interessado.

Também obtive ótimas referencias dele por outros colegas.

Esse trabalho é muito importante e, vindo do Kelven, tenho certeza que deve ter sido conduzido com muita responsabilidade...Acredito que mais futuramente também possa ser analizado a mortalidade a médio prazo (relacionado a infecção secundária na ferida) e longo prazo (relacionado a sequelas cerebrais do peixe que pode comprometer sua capacidade de caça e sua fragilidade frete à outros predadores).

Me parece que, neste trabalho os peixes são armazenados em ambientes protegidos de outros predadores, como a piranha, que deve ser o maior deles no ambiente amazônico...

Essa minha observação não se trata de indicar um viéis, mas sim de um questionamento que pode ajudar em pesquisas futuras, mesmo porque esse tipo de análise deve ser bem mais complexo de ser estudado e talvez impossível de ser estudado fora do ambiente natural.

Excelente trabalho do Kelven e equipe.

Isso mostra sua seriedade e comprometimento com a natureza e o esporte.

Parabéns pela iniciativa!

Att,

Leandro Vitorino

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Cavalheiros & as senhoras também, se há qualquer espiando,

Me ocorre poderia estar na hora para considerar substituindo ganchos tríplice com únicos, nas seila:: iscas?

Únicos ganchos também seriam mais esportivos, o nao.

Ganchos que matam uno em cada dezoito de meu peixe libertado ainda são significantes, em minha opinião.

Pense nisto? medo::

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Cavalheiros & as senhoras também, se há qualquer espiando,

Me ocorre poderia estar na hora para considerar substituindo ganchos tríplice com únicos, nas seila:: iscas?

Únicos ganchos também seriam mais esportivos, o nao.

Ganchos que matam uno em cada dezoito de meu peixe libertado ainda são significantes, em minha opinião.

Pense nisto? medo::

Aí tinha que fazer outro estudo. Peixes pegos com garatéias e peixes pegos com anzol, e refazer toda a experiência para ver o que muda. Não?!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Parece aceitável a taxa de mortliade na ordem de 5%, mas creio que seria significativamente reduzida se uzássemos a fórmula do KID M: f a r p a s a m a s s a d a s !

Eu já comecei a amassar as farpas de minhas iscas.

Grande abraço a todos.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Bom pessoal

Em conversa com o nosso amigo kelven (lógico que em uma pescaria), já havia me passado este estudo que ele estava realizando, e se observar o prazo de 72 horas foi o mínimo que o peixe ficou retido para recuperação, e todos os peixes no prazo Maximo de uma semana já tinham sanado todas os ferimentos, portanto foi feito um estudo levando em consideração todas adversidades advindas do pesque e solte.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Olá Amigos

Obrigado amigos “Kruel”, “Max” e “Adhemar”, pela iniciativa da postagem do resumo no Fórum (FTB). Confesso que não sou participante ativo do fórum, e esta postagem é a minha primeira, mas não será a última rsrsrs....

Gostaria de esclarecer algumas colocações e informações que julgo relevantes sobre o estudo da % de mortalidade tucunarés após a captura e devolução.

Este resumo publicado no XIX EBI em Manaus é a supressão de um artigo científico, onde a metodologia científica detalhada foi naturalmente suprimida, por obviamente ser um resumo, e, tão logo que o artigo seja publicado posto no fórum.

Vou puxar o assunto para minha colocação o qual remete a um tema bastante polêmico que foi levantado neste tópico pelo amigo “Maurício Furtado” que fez referência a outras postagens/tópicos neste mesmo fórum, que é sobre o uso de garatéias COM FARPAS AMASSADAS X FARPAS NÃO AMASSADAS.

Eu utilizei neste estudo sobre a % de mortalidade, iscas das diversas marcas comerciais tanto nacionais (Deconto, KV, Borboleta, Zagaia, Nakamura etc...) quanto gringas (Rapala, Bomber, Miss-carna etc...) que trabalham em todos os estratos da água (superfície, sub superfície e meia água em diversas profundidades) com duas ou três garatéias, todas originais com farpas. Utilizei propositalmente as iscas com farpas originais por que fiz um levantamento prévio, anterior a este estudo com mais de 120 pescadores entrevistados (de todos os perfis) e percebi que a grande maioria dos pescadores não amassam as farpas de suas iscas, tampouco de seus anzóis (com alguma exceção o pessoal de fly que costumeiramente ata as moscas em anzóis sem farpa).

Gostaria de expor a seguinte preocupação que ao longo do trabalho me ocorreu. Após as primeiras coletas, percebi que uma simples prática comumente utilizada pelos pescadores, me chamou a atenção/preocupação. O uso do alicate de contenção (tipo boga grip). Sem dúvida o alicate é uma boa ferramenta de contenção do peixe. Entretanto, observei que esta mesma ferramenta causa uma injúria muito maior no peixe que os anzóis/garatéias com ou sem farpa, silenciosa e que muitas vezes, passa despercebida aos pescadores.

Imagem Postada

Imagem Postada

Esta injúria é causada quando o alicate “boga” acaba transpassando (furando) as membranas da mandíbula do peixe, seja pelo próprio peso do peixe, seja pelo movimento/força adicional no ato da retirada da isca, seja pela fragilidade intrínseca desta região anatômica nas diferentes idades/tamanho do peixe ou pela soma destas causas e tantas outras que podem estar envolvidas.

No entanto, esta injúria não foi a causa-mortis dos peixes avaliados neste estudo. Os peixes que morreram tão logo soltos no tanque de observação apresentavam sinais visivelmente claros de mudanças comportamentais. Demostraram natação desorientada e coloração mais clara. Entretanto a injúria contribui negativamente para a recuperação futura do bicho.

Segue algumas fotos que mostram esta injúria após o tempo que o bicho permaneceu em observação no tanque-rede que em média 90,2 horas após a captura. Cabe ressaltar que nenhum dos casos, registrou-se a presença de sangue nas injúrias causadas pelos alicates.

Imagem Postada

Imagem Postada

Foto acima, utilização do alicate revestido, foto a baixo utilização do alicate não revestido com o detalhe mostrando a início da injúria (mesmo peixe).

Imagem Postada

Imagem Postada

Peixes avaliados após o período de tempo do experimento, detalhe da injúria causada pelo alicate de contenção, já com sinais avançados de cicatrização da injúria (soltos aparente em perfeitas condições após o experimento).

Este problema foi solucionado quando passei a utilizar um alicate com as pinças encapadas por plásticos/borrachas com a área de pinça maior. Não avaliei marcas comerciais dos alicates, não é esta a questão, a questão é que verifiquei que os alicates sem a proteção nas pinças (que são a maioria disponível no mercado) causam uma maior injúria nos peixes, frente aqueles que apresentam as pinças cobertas. Falo isso com toda a certeza nos tucunarés que coletei e avaliei nos meus estudos, mas acredito que essa situação, (embora esta afirmação necessite de uma confirmação científica), acredito que possa ser comum em outras espécies de peixes em outros lugares utilizando os alicates de contenção.

Gostaria de frisar que esta preocupação que levantei sobre a injúria causada pelos alicates de contenção, não prejudica de forma alguma o movimento de amassar as farpas. Acredito que este importante ato seja bastante benéfico.

Mas levanto a preocupação de utilizarmos uma ferramenta que comprovadamente causa muitas vezes uma maior injúria que o anzol e sugiro que iniciemos ações de mudança. Neste sentido já comprei meu boga com pinças protegidas e enchi o saco dos meus amigos para comprar também....

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Grande Kelven,

Seja mais do que bem vindo ao FBT !!!!

Com certeza ganharemos muito com a tua presença e conhecimento técnico. Quem tem o privilégio de te conhecer (e conviver, mesmo que eventualmente) sabe o que estou dizendo.

É por essas (e outras) que o FBT vem se consolidando, não como o maior, mas com certeza um dos melhores sites de pesca do país...

abração e obrigado por participar!

kruel

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

....Peixes avaliados após o período de tempo do experimento, detalhe da injúria causada pelo alicate de contenção, já com sinais avançados de cicatrização da injúria (soltos aparente em perfeitas condições após o experimento).

Este problema foi solucionado quando passei a utilizar um alicate com as pinças encapadas por plásticos/borrachas com a área de pinça maior. Não avaliei marcas comerciais dos alicates, não é esta a questão, a questão é que verifiquei que os alicates sem a proteção nas pinças (que são a maioria disponível no mercado) causam uma maior injúria nos peixes, frente aqueles que apresentam as pinças cobertas. Falo isso com toda a certeza nos tucunarés que coletei e avaliei nos meus estudos, mas acredito que essa situação, (embora esta afirmação necessite de uma confirmação científica), acredito que possa ser comum em outras espécies de peixes em outros lugares utilizando os alicates de contenção.

....

Vivendo e Aprendendo - Obrigado joia::: Sr Kelven - Como forma de concientização - a partir de hoje, usarei apenas alicates com proteções de borracha. Acredito ser uma forma de agredir menos na hora da foto e soltura.

:bompost: :bompost:

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

Processando...



×
×
  • Criar Novo...