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Mocorongos - 2007 ( Parte 2 )


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Continuação da Parte 1...

Já no Angatu, em plena ?happy hour?, consumindo aquele shashimi honesto, com tudo a que se tem direito, é que fui tomar conhecimento de um tucuna de 7,5 quilos tirado pelo Capt JP ! O peixe não estava farto, é verdade, mas apareciam alguns exemplares de porte... Resumidamente embarcamos 66 unidades neste dia, incluindo um pequeno filhote ( na pesca de fundo ) com 3 kg ( quase um ?alevino?, cuidadosamente devolvido ). Nos brindes das Iscas Ton?s, a despeito das manifestações em contrário, faturei ambos os prêmios, anunciando que a ?coleção se iniciara?... O dominó, o vinho e as risadas adentraram a noite, enquanto que o Angatu punha-se novamente em marcha, rio acima ! Meu sono foi de quem estava com ?o dever cumprido?...

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Mais uma manhã, e o alvoroço matinal se repete ! Café, movimentação para a saída dos botes, combinação de almoçar fora ( sem retornar ao barco ? que continua subindo o rio... ) e encontro por volta do meio dia ! Ameaça de chuva e pressão em alta ! A manhã estava prometendo ! Meu parceiro de turno era o estimado Traíra, companheiro antigo de Mocorongos, dupla que sempre tivera muita sorte e desempenho favorecido em locais onde o peixe estivesse batendo ! Saímos confiantes de que hoje seria ?o dia? ! Nosso piloteiro era o ?Fera?, sempre cheio de boa vontade, que nos levou a um laguinho esperto, onde já nos primeiros lançamentos, a presença de peixe se fez notar ! ?Tropeçáramos? num cardume de ?pacas? na entrada do lago !

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Uma festa verdadeira ! Diversos peixes em sequência, e um ganho de confiança de que as coisas estavam voltando ao normal ! Continuamos na mesma margem do lago, com pouco deslocamento do ponto inicial ! Os tucunas estavam em todo lugar ! Apareceram os ?borboletinhas? e vez por outra, um ?paquinha? mais avantajado ! A isca pegadeira era mesmo a perversa ! Algumas mudanças foram feitas, mas sem o resultado desejado... Tivemos inclusive alguns "dublês", coisa até então ausente da pescaria...Traíra resolver insistir numa Popper, e teve seu esforço recompensado com uma bela batida ! Peixe grande, que tirou linha e ameaçou ir para o enrosco ! Mais uma vez o conhecimento do piloteiro em tirar o bote do lugar ajudou na briga com o bicho ! No limpo, ele não foi páreo para a vara customizada pelo Marco, e terminou mostrando seus 7,5 quilos de pura emoção ! Estávamos ( ambos ) exaustos e intensamente felizes pela captura ! Fotos e até mesmo cerveja ( somente em grandes momentos me dou a esse luxo ! ) foi a forma de comemorarmos esse momento ! Mas enquanto peixe está comendo, a hora é de aproveitar, e assim, fomos atrás dos bichos... A ?fonte secou?, não sem antes nos aproveitarmos do local embarcando alguns exemplares de menor porte !

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Hora de seguir adiante, e diante da recomendação de encontrarmos algo nesse estilo, nosso piloteiro ( Fera ), arranjou um outro acesso a lagos mais parecendo um igarapé, camuflado para os olhos desacostumados e não conhecedores da região ! Entrada da ressaca, é ponto dos ?pacas?, e eles se manifestaram logo na chegada ! Embarcamos dois cada um e fomos adiante ! A largura do local era estreita a ponto de termos que colocar o bote de lado e fazer os arremessos para dentro, e trabalhar as iscas percorrendo grande parte do caminho ! Claro que saiu peixe, e mais ainda, um belo rebojo atrás da perversa, cujo peixe não foi visto, mas que deixou a impressão de ser ?mais um bruto? ! Isca nele, e na 3ª tentativa, olha a encrenca engatada ! Era um paca com a força de um Açu, daí a surpresa de verificarmos após seu embarque, que tinha apenas 4 quilos ! Parecia ? no mínimo ? ter o dobro disso ! Os amazônicos são sempre ?vitaminados? !

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Enquanto estávamos nesse ?frenesi?, acumulando os embarques, passa ao nosso lado, o bote do Capt JP fazendo um tremendo barulho com uma isca de hélice woodchopper com quase 20 cm de comprimento... Passou por nós e seguiu adiante na direção de uns lagos mais adiante... Como já estávamos bem, preferimos dar-lhe a preferência do local, sem saber que existiam dois lagos, e não apenas um... Ficamos ?mariscando? um tucuninha aqui, outro acolá, até o momento de ir ao encontro dos demais, já com a ?contabilidade? indicando 22 peças para cada um ! Uma coisa difícil de repetir, sem esquecer da existência de vários peixes maiores entre eles, inclusive um ?bruto? de 7,5 quilos ! Uma manhã para não haver lamúrias...

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Claro que com essa ?fominhagem?, chegamos atrasados a ponto de encontro, onde as demais duplas já estavam nos esperando... Nada grave, até porque estavam todos se banhando no rio, e o peixe já sendo preparado pelos piloteiros ! Havia me comprometido a preparar uns ?tucunas à Mocorongo?, e cheguei a iniciar seu preparo, mas é algo que precisa de pelo menos 20/25' de fogo para ficar bom, e a fominhagem dos caras não permitiu esse tempo ! Como o peixe preparado pelos piloteiros ( também ótimo ) fica pronto em menos tempo ( uns 10/15? ) fico em desvantagem sempre... Mas se não deu para fazer o peixe como pretendia ( pelo menos dele não comi ), deu para descansar nas redes que foram armadas pelos piloteiros na sombra das árvores existentes...

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Na verdade, a prática dos ?caras? é tanta, que o procedimento de almoço fora é inacreditavelmente rápido e preciso, com um grande dose de conforto para os pescadores ! Fogo acesso rapidamente e peixe tratado na hora, sem a presença de espinhas, com o gosto da natureza ! Não leva nem sal, que é usado posteriormente ( é a forma como é consumido na região, com um farinha grossa, que ofende a qualquer dos baianos presentes... mas respeitamos os costumes e tradição ! ). O tempo parecia querer mudar, e em função disso, era hora de sair atrás dos pontos que visitáramos pela manhã !

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Meu companheiro agora seria Capacete, também Mocorongo antigo, com mais de 12 viagens realizadas, que apreciava mais a integração e celebração da amizade que os peixes propriamente ditos, mas nem por isso deixava de ir atrás deles ! Retornamos ( naturalmente ) aos mesmos pontos, e ? acreditem se quiserem ? não tivemos uma ação sequer ! Coisa inacreditável ! Nem mesmo um rebojo ! Era hora de seguir adiante, atrás de novos pontos, e passamos a tarde nessa busca incessante, que se revelou pouco produtiva, mas ainda conseguimos embarcar alguns tucunas ( ele 2 e eu 5 ), o que foi ótimo, diante a diversos outros que nem rebojo tiveram a tarde toda... ( mas teve gente pegando... )

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O único registro dessa "fase" ( adversa ) que a tarde nos trouxera ( pelo menos a mim - comparando com a manhã ), foi no cair da tarde, mas com sol ainda quente, quando estávamos com o suor escorrendo pelo corpo de tanto fazer lançamentos na direção das margens, o piloteiro ( Fera ), preveniu-nos sobre a existência de um grande filhoteiro mais para o meio do lago ! Foi a hora de fazer uma mudança, até por conta da possibilidade de encontrar algo "diferenciado"... Pelo aviso de que se tratava ( possivelmente ) de peixes maiores, ainda mais nadando no meio do lago, preferi me prevenir, e trocar de equipamento, passando para o de pegar os "graúdos", composto pela outra vara customizado do Marco, esta com muito mais resistência ( 12-25 lb ), um molinete BPS 3000, linha PowerPro de 50 lb. líder trançado de 50 lb. Para trabalhar naquela situação, deixei a isca que já estava preparada, ou seja, uma The First - Maria - de 14 cm...

Não deu para esperar chegar até lá, e a isca já estava a caminho, ultrapassando o ponto onde a "filhotada" se mostrava a nadar na superfície... A primeira passagem serviu apenas para que os filhotes afundassem... Insisti e no 3º arremesso, a "criatura" apareceu ! Chegou fazendo barulho, e tirando linha, e mesmo com a batida reconfirmada, não houve acordo ! O molinete chiava pela saída da linha, e a vara se envergava como se não fosse do "blank Fin Nor" que fora customizado ! O piloterio acelerou o elétrico para cima do peixe, o que me permitiu recolher alguns metros de linha, mas isso foi por muito pouco tempo, pois as cabeçadas retornaram com maior intensidade que antes, sem parar de tirar linha ! O zigue zague na lateral do barco, era um aviso que "a criatura" estava nervosa... Mas por estarmos no meio do lago, parecia que as melhores chances seriam as minhas ! Até o momento, as garatéias da isca estavam resistindo bem, e mais que isso, o conjunto que usava estava mais adequado a segurar aquela "onda"...

Mas tucunaré é sempre tucunaré ! Num desses zigue zagues, a linha simplesmente quebrou ! Uma linha colocada para aquela pescaria, sem maior uso ! E de 50 lb ! O trabalho do molinete e da vara estavam excelentes... O mais impressonante é que a linha se partira sendo retirada do carretel, ou seja, sem que houvesse uma resistência maior que a que já vinha sendo feita ! Me pareceu que o "bruto", simplesmente se irritara e resolveu concluir o "problema"... Segundo o piloteiro, pode ter sido algum enrosco em que o peixe passara a linha retesada... ( não senti ! ), ou até mesmo alguma "piranha"....

A verdade mesmo, é que essa "criatura" entrou mesmo para o rol das conversas de final de tarde, pois sem embarcar, fica mesmo sendo apenas um "mito" ( mais um ! ). Meu parceiro ficou mais desapontado que eu, pois além da torcida, pretendia ver embarcado um peixe com essa energia ! Possivelmente um "dois dígitos", mas como já disse antes, faz parte dos assuntos e comentários de bate papo ! Mas que era graúdo, não tenho dúvidas...

O dia fora mesmo de Traíra, que açambarcou ambos os prêmios da Ton?s ! Embarcou 30 unidades ( dentre elas, apenas uma saicanga e um jacundá ), sendo o resto tucunas, e com seu troféu de 7,5 quilos, ficou também com o prêmio ?Vamu? ! Parabéns a ele pela performance !

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Também ele, que tivera a companhia de Bicuda ao longo da tarde, iria apresentar sua "estória de fim de tarde" ! E ela seria assim escrita de uma forma parecida a essa...

Estavam batendo as margens de um ponto aparentemente igual a tantos outros que passamos ao longo do dia, com a dificuldade do peixe atacar as iscas, quando repentinamente, uma grande onda reboja sobre a popper usada ( Yo Zuri de 13 cm ), mostrando uma enorme cabeça e dorso marron esverdeado, levando a isca para o fundo ! Diante da reação e fisgada do Traíra, o "bruto" tratou de correr, mas surpreendentemente não para o enrosco, mas para o meio do lago, como se lá é que encontrasse a segurança que preocurava ! Sinal que era mesmo "crescidinho" ! Até aí, nada demais a tantas reações de arrancada de peixes...

Acontece entretanto, que o danado não diminuiu o ímpeto - ou como diria o Traíra, "não amolengou" - e continuou nessa disparada alucinante ! Pouco efeito fez o bote ser direcionado na direção de para onde era puxada a linha, pois não deu tempo para "correr atrás" ! Os mais de 100 m de linha existentes foram simplesmente arrancadas do carretel, sem que nada pudesse ser feito a respeito ! O molinete ( Ryobi Zauber ) bem que tentou "grimpar" o final do arrasto, gemendo inconsolável com a brutalidade como estava sendo tratado ! A vara Fenwick por seu lado, pareceu transformar-se numa "Ugly Stick" de fibra, pois quase dobrou na tentativa de "equilibrar" a força que a deformava ! Tudo muito ligeiro, e assustador, mas o suficiente para que os dois parceiros comemorassem o ocorrido, dando uma parada "nos trabalhos" para, com uma cerveja gelada, celebrarem o momento, e acredito até que brindando o "oponente"... Esses são os verdadeiros Mocorongos que conheço ! Esportitas sob qualquer circunstância ! Ainda teríamos outras oportunidades pela frente...

Algumas imagens dos demais integrantes, com "suvenirs"...

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As más notícias chegaram a noite com a informação de que o Padauari, nosso objetivo de destino, revelava-se com muita água de um repiquete originado de chuvas na cabeceira iniciado há poucos dias... Perdemos essa opção que nos restava, de modo que o jeito seria continuar no rio Negro, que, mesmo com muita água, ainda estava em melhores condições de pesca que seus afluentes... Fazer o que ! Pescaria é assim, pois nem sempre se consegue ? apesar de todo planejamento ? que tudo saia dentro do esperado ! Voltamos àquela vidinha ?mais ou menos? de tomar um ?tintinho?, comer um tira gosto ( Guacamole e tapenade ? providenciados previamente pelo nosso Cachara, que cozinha como poucos ), e jantar a sempre boa comida oferecida pela ?Cleo?, nossa cozinheira ! Depois disso, aquela conversa miúda de chamar o sono, com alguns novos líderes sempre "confeccionados" pelo Capt JP ( um líder fantástico que fica... ), além de sermos acalentados pelo ritmo da batida das peças do dominó ! Amanhã haveria de ser diferente...

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Um tanto decepcionados pelo rumo como as coisas se direcionaram, as expectativas de fazermos ?a pescaria? esmoreceram bastante, mas numa circunstância como a que nos encontrávamos, era hora de ?relaxar...?, até porque nada havia que fazer ! Contra as forças da natureza, só adequação e usufruir do melhor proveito possível... E dessa forma, o amanhecer foi como sempre, festivo, ruidoso e carregado de esperança ! Até por ser quarta feira, era momento de inverter a direção da navegação, e isso seria feito à noite, pois a intenção era explorarmos o máximo aquela região onde nos encontrávamos, relativamente próximos de Santa Izabel, mais precisamente, ?ao lado? do Pedral, região de navegação difícil e traiçoeira do rio Negro, mas que apresenta um visual absolutamente deslumbrante, com águas rápidas em torno de grandes pedras, por um trecho bastante grande... Recomenda-se ( ali mais que em qualquer outro local ) a utilização de algum ?prático?, ou um comandante com bastante experiência e conhecimento do local, pois é muito traiçoeiro e ?se bobear?, o prejuízo estará presente !

Meu parceiro da manhã foi o Compadre, decano do Grupo 20, com quem sempre troco idéias sobre a pescaria ! Por mais que tentássemos demonstrar entusiasmo, a situação não ajudava ! Nosso piloteiro ? Kélson ( o cara que enxergava peixe submerso... ) ? bem que se esforçava, tentando inúmeras lagoas, pontas de areia, ressacas, enfim, tudo que pudesse apresentar vestígios de peixe, mas nada de peixe atacar ! Possivelmente o barômetro apresentava mais uma variação na pressão atmosférica ! Cheguei a embarcar alguns tucuninhas, mas praticamente esfregando a isca ( perversa ) na boca dos peixes...

Trabalhei muito para contabilizar 4 peixes ! Pelo menos o quinto encontrado, já por volta do meio dia valeu todo o esforço matinal ! Estávamos num local absolutamente sensacional para encontrar os ?brutos?, com diversas ressacas margeando o canal de um braço do rio Negro ! Um sol enganador saíra, para retemperar um calor úmido que nos cercava ! Já estávamos com os braços cansados de tantos lançamentos infrutíferos... Mas o piloteiro nos incentivava a continuar tentando que o local era conhecido por produzir bons exemplares ! Mais um local, pensamos imediatamente, dentre tantos que é impossível imaginar não terem resultado em sucesso... Mas o lugar era de fato uma ?tentação? para passar em branco ! Enquanto o Compadre foi dar uma ?pitada? na sua nicotina, levei adiante os lançamentos...

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Como já comentei antes, a transparência das águas permitia-nos enxergar todo o trabalho das iscas, principalmente as de superfície ( ou sub-superfície ). O procedimento adotado era lançar no pé da vegetação existente, e recolher a isca na direção do bote, até porque existiam canais ao lado da vegetação que permitiam o acesso dos peixes a região ainda meio alagada... Na frente delas, os 50 cm de profundidade transformava-se rapidamente em 2 m ( e certamente mais que isso ! ). Dessa forma, numa das tentativas, e de forma inesperada, surge um dorso dourado, em disparada do barco para a margem, abocanhando ? com vontade ? a ?perversinha de cabeça vermelha? que vinha buscando ?o caminho de casa? ! A emoção de um dourado como aquele indo ao encontro da isca, é algo que jamais me esquecerei ! A batida e o reflexo foi imediato e em função disso, o ?bruto? começou a tomar linha em busca de qualquer proteção... O piloteiro já estava com o elétrico tirando o barco do local, levando-o para o meio do canal, recomendando ( seguidamente ) que não folgasse a linha, mas que não recolhesse o que o peixe havia tirado, dando-lhe tempo de fazer com que todos nós ( bote, pescadores e peixe ) fôssemos devidamente arrastados dos riscos de um enrosco ! Claro que estamos falando de segundos ( não mais que 10 ou 15 ), mas que duraram uma eternidade ! No limpo, a conversa já seria outra, e o ?cabo de guerra? recomeçara...

Mais uma vez meu conjuntinho ( vara 6? 10-20lb de ação fast e molinete Ryobi Zauber 4000 ) tratou do assunto com a dignidade que o ?bruto? merecia ! A cada retirada de linha, maniveladas após o trabalho do blank customizado pelo Marco, eram como música no meu ouvido ! O único receio nessa hora, é saber como é que as garatéias estariam presas, mas isso só com o peixe mais próximo ao bote ! Já tendo aprendido a lidar com as reações e tentativas de soltura desses tucunarés maiores ao se aproximarem do bote, fiquei alerta para as derradeiras corridas, e elas bem que aconteceram por várias vezes !

Gelei mesmo ao ver a isca inteiramente fora da boca do peixe ! Rapidamente a utilização do passaguá terminou com essa sensação de desconforto, pois rapidamente o ?bruto? estava embarcado ! Apenas como esclarecimento, apesar da isca estar fora da boca do peixe, as duas garatéias estavam presas na sua boca, o que impediu qualquer possibilidade de fuga ! Mais um belo troféu ! Pesou 7,5 quilos ! Que maravilha ! Fotos, comemoração, agradecimentos ao piloteiro, e tudo a que se tinha direito, e lá se foi o exemplar de volta para a água...

As fotos da "realeza" estão na máquina do Compadre, que ainda é de "filme fotográfico" ( sinal dos tempos... ) mas elas terminam chegando ( e quando isso acontecer, serão imediatamente apresentadas ), sob o risco de "passar por boateiro" ! :oops:

Hora de voltar para o Angatu ! O sol não estava dando qualquer trégua ! Como teriam ido as demais duplas ? Não demorou para descobrirmos que ficamos na média de capturas, embora alguns tenham encontrado mais peixes que outros, mas ?na média?...

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Almoço feito, era hora de retornarmos ao ?trabalho?, e nesta tarde, voltava a pescar com o Capt JP, o que sempre é motivo de satisfação ! Aconselhado pelo piloteiro de que a região era propícia para peixes de couro, levei também a vara de fundo, apesar do Capt JP ter optado em não pescar dessa forma na Amazônia ( direito dele ). A preferência seria fazer um jumping jig atrás de umas corvinotas... ( cada um com sua mania ). Batemos a tarde toda, e a exemplo da manhã, o esforço foi enorme ! Conseguimos embarcar apenas 4 peixes, e mesmo assim, por absoluta insistência ! Nada que represente registro, mas conversamos bastante durante a tarde que se passou rapidamente ! Pelas condições da pressão atmosférica, a opção mesmo foi tentarmos o couro, e com a decisão tomada, partimos rapidamente para um dos locais conhecidos pelo Kélson ! Antes de chegarmos ao local escolhido, algumas imagens do que encontrávamos como "estruturas" na região...

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O entroncamento de um braço com outro do rio Negro, provocando um local bastante interessante ! Não escurecera ainda, muito pelo contrário, era final de tarde, ainda com sol no céu, e ?apoitado? ( na verdade presos na vegetação de margem ) onde estávamos, enquanto minha isca repousava no fundo ( após recriminação do piloteiro de que o anzol era ?pequeno? ? um empate com 9/0... ), o Capt JP já retirava ? jigando - um pequeno mandubé ( palmito ) que nos propiciou duas boas iscas de fundo...

O local não se revelou o desejado, e o piloteiro já quis logo mudar de lugar... ( menos de 20 minutos depois... ). Quem éramos nós para discutir com ele sobre esse assunto ! Logo adiante, já em pleno rio Negro, um novo local para ajeitar o bote preso numa árvore caída, e rapidamente ( ainda claro ), anzol iscado com um pedaço de mandubé fresco, e chumbo dentro d?água ! Ainda estávamos nos ajeitando dentro do bote, quando o sinal de peixe apareceu, e instantaneamente, sem qualquer cerimônia, a ponta da vara é carregada para dentro d?água e o molinete cantando sem parar ! Até para ferrar e confirmar a fisgada foi difícil, pois o bruto não parava de tirar linha do meu Daiwa Regal Z ? BL 5000 ( PowerPro 60 lb ), puxando diretamente para o meio do rio... De repente, não mais que de repente, linha frouxa... Faz parte ! Ainda ouvi o ?muxoxo? do piloteiro comentando baixinho que ?o anzol? era pequeno... Tudo indica ter sido um ?filhote? ( Piraíba ), pelo comportamento assumido ! Hora de seguir em frente ! Passamos mais uns quinze minutos por lá, e sem ?novas respostas?, o jeito foi procurar um ?novo ponto?, e rapidamente o Kélson já alinhava o bote em novo lugar, após alguns minutos de navegação ! Agora era esperar com a isca na água...

Aproveitamos para conversar um pouco, e conhecer um pouco da vida do Kélson, que é também jogador profissional de futebol ( Fast de Manaus ), entre outras coisas... Soubemos também que ele estava estudando o ?língua geral? dos índios da região, pois era como existe comunicação acima de São Gabriel da Cachoeira, que sua família é composta por 11 irmãos e 9 irmãs ( de 2 casamentos ), todos vivos e morando próximos uns dos outros, e por aí vai, sob um céu estrelado a espera da lua quase cheia... Tudo muito bom, tudo muito bem, mas não estivesse com a vara no meu cinto de pesca, teria perdido o conjunto, pois desta feita não houve sequer aviso, mas uma arrancada vigorosa ! Mandei ver na fisgada e confirmação, e rapidamente o ?bruto? botou a linha nas costas e saiu puxando o bote, já solto pelo Kélson ! Cabeçadas, e mais cabeçadas, sem que a linha deixasse de ser violentamente arrancada do molinete ( freio mais que ajustado ! ). A vara de fibra carbono de 60 lb se curvava inteiramente dentro d?água, e a briga estava em curso, com maniveladas de recolhimento versus mais linha sendo puxada ! Kélson atento para levar o bote para o meio do rio, prevendo alguma tentativa de enrosco, e quando tudo parecia estar sob controle, eis que a linha folga e o anzol é recolhido mais uma vez sem peixe... Esse sim, deu frustração, pois teria sido um enorme bagre, e certamente um recorde interno entre os Mocorongos ! Impossível dimensionar o tamanho, principalmente com o peixe dentro d?água, mas a julgar pela arrancada e comportamento do bruto, era coisa para mais de 50 quilos ( segundo Kélson, mas sem foto, acaba sendo mesmo ?boato?... ).

Incrível que isso fosse acontecer, mas está dentro das possibilidades do local ! Recomendo sempre aos que por lá se dirigirem, não deixem de levar uma tralha para esses ?lisos de fundo?, que o local é abençoado ! Não é fácil içá-los, mas sempre divertido de serem tentados... Ainda era relativamente cedo, e o papo estava tão interessante, que resolvemos continuar por ali mesmo, e em assim sendo, isca dentro d?água... E não é que tive mais uma arrancada de linha, desta feita diretamente para um enrosco, que somente partindo a linha para soltar o bote... Difícil afirmar ser maior ou menor que os anteriores ( me deu impressão de ser menor, ou ter feito menos força... ), mas desta feita, não houve tempo, ou possibilidade de qualquer acerto, pois a puxada foi em direção ao enrosco, e aconteceu quase que de forma incontinente a pegada / corrida dada... Já era tempo de voltarmos, ouvindo sempre a ?ladainha de Kélson? que o empate era pequeno ( 9/0 ! ) para a região...

No Angatu, uma movimentação diferente indicava que outros haviam tido mais sorte, e depois de tantos anos à frente dos Mocorongos, já conheço todos esses sintomas... O Compadre conseguira embarcar uma pirarara de mais de 30 quilos ! Já tinha conhecimento que também ele, na véspera, pescando com Kélson, havia perdido uma muito maior que essa, após uma meia hora de luta, presa no enrosco... pelo menos ele havia tido mais sucesso dessa feita ! Foi ótimo pois passara o dia todo sem qualquer peixe contabilizado... Não estava mais de ?dedo?, e sim ?de braço?...

A foto da "pirarara" do Compadre, ainda está sendo aguardada... mas termina chegando... ( promessa é dívida ! )

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A alegria logo contagiou-nos a todos, e com a informação de que meus irmãos ( que pescaram o dia juntos ) haviam embarcado uma arraia e uma pirarara, ambas de uns 7 quilos cada, complementou a festa !

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Os tira gostos, e bebidas foram rapidamente usufruídos, o jantar servido, e o dominó voltou a rolar... Risadas, e brindes para os vencedores, como se tornou tradição em todos os dias de pescaria ! A satisfação era evidente em todos os rostos, independente de quem havia embarcado os peixes durante o dia ! Esse sim, é o verdadeiro clima dos Mocorongos quando estão pescando ! Diversão e alegria conjunta ! E vamo que vamo...

Também outros tentaram, sem o mesmo sucesso, mas será que o "sucesso" não reside em "tentar"... ? :lol:

http://i10.photobucket.com/albums/a140/mpedreira/G%2020%20-%20Barriga/DSC04600a.jpg+http://i10.photobucket.com/albums/a140/mpedreira/G%2020%20-%20Barriga/DSC04601a.jpg

A ser continuado ( Parte 3 )

Já postado :

http://www.turmadobigua.com.br/forum/vi ... php?t=1651

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Kid vc é arretado mesmo! Parabéns pela pescaria e por esse belo relato detalhado. Vc está conseguindo fazer com que cada um que ler se sinta nessa pescaria! Parabéns!

Ah! Acho que é pedir demais, mais lá vai: Disponibiliza ao final de cada relato um arquivo com fotos maiores, essas fotinhas pequenas tiram um pouco da beleza do lugar... Quero apreciar também!!! Pelo menos, por foto...rsrsrs

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  • 3 semanas depois...

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