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BARRAGENS NO CONTINENTE AFETAM A PESCA MARINHA E AMPLIAM ASS


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BARRAGENS NO CONTINENTE AFETAM A PESCA MARINHA E AMPLIAM ASSOREAMENTO NO LITORAL

Projeto é um dos estudos de instituto ligado ao CNPq coordenado pelo cientista Luiz Drude de Lacerda, contemplado no Prêmio Fundação Bunge, na categoria Vida e Obra

O represamento de grandes volumes de água em barragens no interior do País está afetando a produtividade da pesca e ampliando o assoreamento da costa no litoral de parte do sudeste e no nordeste. A conclusão é fruto de estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Transferência de Materiais Continente-Oceano (INCT-TMCOcean), ligado ao CNPq, que também integra a Rede Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia. O levantamento realizado nos últimos seis anos é coordenado pelo cientista Luiz Drude de Lacerda, contemplado com o Prêmio Fundação Bunge, na categoria Vida e Obra, no tema Oceanografia.

A pesquisa mostra que a retenção da água de rios no continente impede a transferência natural de sedimentos e substâncias para o mar. Este material deveria, ao mesmo tempo, repor o alimento das espécies marinhas e substituir parte do terreno que é “engolido” pela ação do mar. O cientista Luiz Drude de Lacerda explica que os prejuízos provocados pelo fluxo controlado da água em direção ao litoral acontecem, “independente da distância que a barragem estiver da costa. O efeito da Usina Hidrelétrica do Xingó, em Alagoas, que está a 270 quilômetros, ou da Barragem de Itaiçaba, no Ceará, a 34 km da costa, é o mesmo”, afirma.

O trabalho, de acordo com Drude, tem a intenção de demonstrar as ligações entre os ecossistemas, que geralmente não são tão óbvias. “Nossa pretensão é que este impacto seja considerado nos Relatórios de Impacto Ambiental, nos projetos de barragens, o que não acontece hoje”. Ele não descarta, no entanto, o efeito das mudanças climáticas, por exemplo, no assoreamento da costa litorânea que, na sua opinião, potencializam os problemas da erosão, alteração química e falta de alimentos às espécies, prejudicando a atividade pesqueira.

Investimento a médio e longo prazo

Drude destaca ainda que este estudo dos impactos ambientais resultantes das ações antrópicas, provocadas pelo homem, é um dos resultados de um novo raciocínio na pesquisa científica no Brasil, que envolve o investimento de médio e longo prazos tanto em universidades públicas e privadas, como no caso dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. O INCT-TMCOcean (www.inct-tmcocean.com.br) é uma dessas ações de longo prazo, um projeto que nasceu a partir do Programa Instituto do Milênio, em 2002, também iniciativa do CNPq com o objetivo envolver acadêmicos e outros setores da sociedade em redes de pesquisa científica voltados para temas relevantes para o País.

Sobre Luiz Drude de Lacerda

O carioca Luiz Drude de Lacerda, de 55 anos, possui graduação em Biologia (1977), mestrado (1980) e doutorado (1983) em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Sua carreira está baseada na área de Ecologia, com ênfase em Biogeoquímica e Contaminação Ambiental. Drude e coordenou o Instituto do Milênio “Transferência de Materiais na Interface Continente-Oceano”, de 2005 a 2008. Atuou também como membro do Comitê Assessor CA-EL do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e dos Comitês de Assessoramento das Áreas de Geociências e Multidisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Atualmente é professor é coordenador acadêmico e vice-diretor do Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará – UFC e membro do Conselho Científico da Sociedade Internacional para Ecossistemas de Manguezais. O pesquisador ainda coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Transferência de Materiais Continente-Oceano e é membro do Comitê Diretor do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Publicou 190 artigos científicos de reconhecimento internacional, 70 capítulos de livro e 18 livros. Foi citado cerca de 2.000 vezes, orientou 31 mestres e 15 doutores. É pesquisador nível 1A do CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Sobre o Prêmio Fundação Bunge

O Prêmio Fundação Bunge foi criado em 1955 e é concedido anualmente a personalidades que se destacam em diversos ramos das Ciências, Letras e Artes. A escolha dos ramos de atividades que serão premiados é feita pelo Conselho da Fundação Bunge, formado por profissionais renomados. Em 2011 as áreas foram Oceanografia e Defesa Sanitária Animal e Vegetal.

Os profissionais contemplados são indicados por instituições acadêmicas, entidades de pesquisa e organizações culturais. Há duas premiações em cada uma das áreas: a categoria “Vida e Obra” para obras já consolidadas de profissionais de renome, e a categoria “Juventude”, que reconhece o trabalho de jovens (de até 35 anos) que representam um novo paradigma. As Comissões Técnicas analisam os projetos e os quatro finalistas são definidos pelo Grande Júri.

Informações para a Imprensa:

CDN Comunicação Corporativa

Paulo Ricardo Ritta / Marisol Morão

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Grande Marcelo,

Obrigado pela matéria! Ela é mais do que interessante...Ela é muito preocupante.

Então não são só os danos (a duras penas conhecidos) provados nas ACPs propostas pelo MP e pela sociedade (AMAr e APEGO).

E há quem diga que é a fonte de energia mais limpa e mais barata (kkkkk).

Além de ser uma das mais caras do planeta, para mim está longe de ser limpa. Se pelo menos houvesse uma mitigação/compensação a altura dos danos causados ainda dava para conversar.

Agora, depois destes trabalhos que nos apresentaste, que deverão ser avaliados pelos estudos de impactos ambientais, a conta vai ficar bem mais "salgada" (sem trocadilhos-rs).

abs

kruel

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