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Como driblar o repiquete - Thaimaçu com vídeo explicativo.


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Na última pescaria me deparei com um dos fenômenos mais aterrorizantes para todos os pescadores o temido repiquete.Tudo foi percebido logo na chegada a pousada Thaimaçu, (local da pescaria ,da matéria para revista Mundo Pesca e gravação dos programas Pesca Pará), em uma conversa com um dos guias ele me comentou que os tucunarés estavam bem manhosos e que não queriam comer, nessa hora eu questionei se o nível da água tinha subido rapidamente, e o mesmo me confirmou aquilo que eu não queria ouvir, sim era repiquete.

Sobre o repiquete – Repiquete é o termo usado para a elevação repentina do nível do rio, causado pelas chuvas nas cabeceiras ou no local da pescaria, quando este fenômeno ocorre os peixes em especial o tucunaré costuma ficar menos ativo, manhoso, sem querer se alimentar o que acaba dificultando a pescaria.

Após saber do repiquete iniciei a coleta de informações para poder traçar um plano e tentar driblar aquela situação que poderia acabar com minha pescaria,como ocorre em várias ocasiões e em diversos rios do Brasil.

A pescaria

Na primeira manhã da pescaria, abri minha caixa de iscas e separei, meia-água(isca de barbela), superfície sendo zaras(nado em Z) , poppers(frente chanfrada) , e uns jigs de pena, ali eu acreditava que uma delas ia resolver minha pescaria, então fomos pro primeiro ponto de pesca a mais o menos vinte minutos da pousada.Ao chegarmos no primeiro ponto de pesca, e depois de confeccionar o líder de fluorcarbono, arrumar as iscas no estojo, separar alicate de bico e de contenção, sendo os principais materiais que eu iria usar iniciei co superfície que é sem dúvida a isca que nos trás as mais lindas imagens de grandes ataques de predadores na flor da água, cinco arremessos, dez, cem e nada de ataque, apenas uns ensaios, rebojos e nada de peixes, então era hora de mudar, e fui para as iscas de meia-água, e mesmo resultado, arremessos sem muito resultado, poucos ataques sem nenhum peixe embarcado, nessa hora já passando das dez da manhã a preocupação chegou junto das primeiras gotas de suor escorrendo no rosto, era isca de todas as cores e tamanho e nada de resultado.

Naquele momento comecei a pensar que a pescaria seria um fracasso, que eu estava ali no rio São Benedito, um dos melhores rios do Brasil e não teria a sorte de ter a tão sonhada pescaria que eu sonhei, foi quando lembrei de umas iscas de silicone que eu havia sido presenteado pela Termosoft, fabricante dos camarões e shads Monster na última pescaria de robalos que fiz, dei uma parada para lanchar, tomar uma água, e preparar os shads com jig-heads, no caso jig heads de vinte e trinta gramas, para poder sentir a profundidade que esses peixes estavam atacando.

Também montei alguns shads com o anzol offset, que facilita a fisgada após o peixe atacar, nesta montagem não usei peso pois queria sentir se com chads eles atacariam mais próximo da superfície.

Detalhe do Anzol offset.

Imagem Postada

Sobre os shads

Os Shads se enquadram nas chamadas iscas soft, que são todas as iscas confeccionadas com materiais flexíveis, normalmente silicone. O grande diferencial dessas iscas é que estas possuem uma textura mais real e ainda podem ter aromas para atrair mais o peixe ou evitar que ele a cuspa depois de abocanha-lá. As iscas soft podem ser classificadas em shads, worms e grubs e jerkbaits.

Os shads são normalmente usados com um "jighead", que é um anzol com um chumbo incorporado; worms (minhocas) e grubs são amplamente usados na pesca do Black Bass, que é um dos peixes esportivos mais procurados no mundo.

Apesar da grande eficiência, as softlures possuem um agravante que é a durabilidade das iscas, uma vez que por serem de silicone ou borracha são facilmente rasgadas, principalmente por espécies que possuem dentes, como a traíra e piranhas.

Surpresa

Navegamos para outro ponto de pesca, dessa vez fomos bater nas bocas de igarapés e de lagoas, um local que normalmente concentra predadores esperando pequenos peixes passarem por essas bocas,porém dessa vez usando os shads com jig head e como um toque de mágica, tudo mudou da água pro vinho, em menos de cinco arremessos, peixe na linha, um lindo exemplar de Tucunaré fogo, sem dúvida uma das espécies mais lindas de peixes que temos na Amazônia, ou melhor dizendo um dos peixes mais lindos do mundo, uma verdadeira pintura, uma obra de arte.

Aquela fisgada trouxe um ar de esperança que tudo poderia mudar, porém poderia ser também apenas um peixe bem faminto, e me concentrei então ao uso dessas iscas agora tentando descobrir outros pontos, como peso dos jig-heads, cor do shad e tamanho do mesmo, pois esses pontos podem parecer até irrelevantes mas não são, e fazem sim a diferença.

1- Peso do Jig-head - isso influencia na profundidade em que o shad vai atingir, e a movimentação do shad, ou seja se o peso for maior a isca vai se movimentar mais rapidamente subindo e descendo com mais velocidade e se usar um jig-head mais leve a isca pode ser trabalhada com mais cadência, com movimentos mais lentos.

2- Cor do shad - a interferência da cor da isca é mais relevante quanto já sabemos qual a isca natural que tem mais produtividade no local da pesca,neste caso quando eu cheguei no São Benedito, alguns guias comentaram que os tucunarés atacavam muito bem em tuvira, ou seja, coloquei shads com a cor aproximada da tuvira, e neste caso o resultado foi positivo.

3- Tamanho do shad – algumas pessoas tem em mente que quanto maior a isca maior o peixe, mas nem sempre é assim, lá iniciei usando shads maiores de 14 centímetros e notei que os peixes batiam porém não eram fisgados, foi quando eu troquei por um shad menor, de 10 centímetros aí todos os peixes que batiam ficava na isca, pois atacavam mais próximos do anzol, pois não tinha uma maior sobra de isca após o anzol e essa modificação foi uma das mais importantes, mostrando um resultado excelente.

Detalhe do Shad Monster,impressionante essa isca, ela não deforma !

Imagem Postada

Após essas modificações tudo mudou, parecia que era outro rio, a pescaria incrivelmente era outra, e tive oportunidade de em uma única estrutura (galhada) tirar mais de dez peixes, o que também nos leva a crer que o shad não espanta os cardumes, e isso ocorreu em vários locais, onde eu ficava praticamente com o barco parado, em frente as bocas e estruturas e com arremessos próximos tirando vários exemplares.

Dica interativa – Assista o vídeo no youtube falando da variedade de iscas e de como driblar o repiquete

http-~~-//www.youtube.com/watch?v=zW0DVVOvo54&feature=g-upl

Sobre o Tucunaré fogo

O formato da nadadeira dorsal o diferencia das demais espécies da família. O corpo é comprimido. A comprimento da cabeça está contido cerca de 3 vezes no corpo. Boca protátil, prognata. A cor geral pode variar ao longo do ano. Três manchas arredondadas são observadas nos flancos. Dorso mais escuro, enegrecido ou marrom escuro. Flancos amarelados ou esverdeados, até mesmo acobreados. Região gular e abdominal na cor vermelho sangue. Possui mancha ocelar característica na base da nadadeira caudal. Durante o período de reprodução se reunem aos pares para construir um ninho. Atinge cerca de 80 com de comprimento e 6 quilos de massa. Vive em ambientes lênticos, ou seja, com águas calmas, em lagos, enseadas ou "ressacas". Pode também estar presente em ambientes lóticos, mas são mais encontrados nas águas mais tranqüilas entre ou atrás de rochas ou troncos e galhadas.

Variar a pescaria

Um outro ponto que não posso deixar de citar foi a decisão de buscar outra possibilidade de pesca, ou seja, tentar ir em busca de outra espécie que poderia também trazer prazer aos próximos dias que viriam, foi ai que em uma conversa com meu guia, decidimos pescar o famoso e valente Pacu Borracha que com a água subindo aparecem em grande quantidade no rio São Benedito, e mais uma vez a decisão foi acertada.

Em busca do pacu

Iniciamos a pescaria de pacu neste caso por se tratar de um peixe onívoro saímos em busca da isca certa e neste caso, fomos atrás de Ameixa, também conhecida como Jamelão (Eugenia jambolana) uma frutinha roxa que atrai bem este peixe ao cair na água. Outra isca que pode ser usada nesta pesca do pacu são os musgos(espécie de alga), que ficam cravadas nas rochas próximas a corredeiras, neste caso é usado elastricot(filamento de elastano usado em pesca de praia) para formar pequenas trouxas e colocar no anzol.

Fruta Jamelão

Imagem Postada

Pra essa pescaria usei a mesma vara que estava usando para tucunaré, e anzol offset, que se comportou muito bem usando a ameixa.Com a pescaria usando a ameixa pode ser usado apenas o anzol fisgando a ameixa até o anzol penetrar no caroço, ou pode também usar elastricot para evitar que a ameixa caia após o arremesso.

Dica de arremesso para o pacu - O arremesso do pacu deverá ser feito pra cima, e tentar imitar o mesmo barulho de uma fruta caído da arvore , esse barulho atrai muito o predador, e após o arremesso deve-se deixar a ameixa descer, sem puxar a linha, se em cinco segundos não tiver ataque, deverá repetir o arremesso em outro local.

Veja o vídeo mostrando o arremesso correto para pescar o Pacu.

http-~~-//www.youtube.com/watch?v=gtVqAPFX1hU&feature=mfu_in_order&list=UL

Após muitas capturas eu realmente fiquei encantado com essa pescaria, quase que no visual, onde podemos em muitas vezes ver o peixe próximos as corredeiras, e fazíamos os arremessos bem próximos e presenciamos o ataque, o outro ponto que deve ser citado é a força e resistência deste peixe que muitas vezes usava a correnteza do rio a seu favor e tomava linha como gente grande, uma pescaria incrível.

Após o fim do trabalho tirei dessa pescaria grandes aprendizados, que certamente ficarão na minha memória, e notei que se o pescador tiver munição e técnica ele pode reverter uma situação e salvar a pescaria.Por isso na próxima pescaria que for não esquecerei quatro pontos fundamentais como, variedade de iscas incluindo as soft(shad), persistência, análise do comportamento dos peixes e do rio(repiquete) e variação da pescaria e de espécie, isso certamente fará a diferênça.Até a próxima.

Sobre o pacu

O formato arredondado deste peixe permite fazer uma boa pressão nas águas rápidas. A quantidade de seus cardumes não deixam a pescaria monótona nunca. Com certeza é um peixe diferente e sua sobrevivência está intimamente relacionada com as águas rápidas e claras do São Benedito, assim como suas belas cachoeiras e corredeiras.Pode ser capturado a ano todo .Peixe com formato romboidal e corpo comprimido. Boca pequena provida de dentes multicuspidados (com muitas pontas),onívoros, especializados em consumir alimentos de origem vegetal. Cor geral marrom escura. Possuem algumas manchas arredondadas de cor vermelha ou vinho. Nadadeiras enegrecidas. Atinge cerca de 50cm e até 5 ou 6 quilos de massa. Pode saltar depois de fisgado.

fotos da pescaria

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detalhe do Shad Monster

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outra cor do Shad que arrebentou

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Pacu ferrugem

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http://a4.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-snc7/385361_220828241320424_100001797505605_516192_828907886_n.jpg

matrinxã

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uma capivara que queria ser fotografada.

Material Usado

Vara 17 lbs

Linha multifilamento de 40 lbs

Lider de fluorcarbono de 40 lbs

Isca para Tucunaré: Jig de pena, colher e em especial o Shad Monster 3X

Isca para Pacu: Jamelão (fruta)

Agradecimentos:

Pousada Thaimaçu (http://WWW.thaimacu.com.br)

Governo do Estado do Pará

Um grande abraço a todos.

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Pesquei no Thaimaçu em junho. Foi sensacional... Se não a melhor, umas das melhores pescarias da minha vida. Esses Tucunarés são a coisa mais linda do mundo.

Nunca tiva ouvido falar de repiquete no São Benedito. As dicas são excelentes, mas quando o repiquete é "brabo" mesmo, nem com shad, olhe lá com rede, se consegue pegar os benditos! hehe :gorfei:

Não tentaram os de couro, Eduardo?

Abração.

Linda pescaria.

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Pesquei no Thaimaçu em junho. Foi sensacional... Se não a melhor, umas das melhores pescarias da minha vida. Esses Tucunarés são a coisa mais linda do mundo.

Nunca tiva ouvido falar de repiquete no São Benedito. As dicas são excelentes, mas quando o repiquete é "brabo" mesmo, nem com shad, olhe lá com rede, se consegue pegar os benditos! hehe :gorfei:

Não tentaram os de couro, Eduardo?

Abração.

Linda pescaria.

lá é bom demais mesmo, porém quando cheguei ví que a pescaria seria mais difícil, porém é bom quando temos que trabalhar um pouco mais né.

Tentei couro, porém pouco tempo pois estive mesmo por lá mais pra fazer matéria do tucunaré fogo.Na próxima vez vou tentar mais um pouco couro.

Grande abraço,Edu

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Show de Dica Eduardo...

Programa de pesca está top... !!! joia::: joia:::

valeu mesmo. ::tudo::

Obrigado Júnio, estamos a cada dia trabalhando pra levar aos amigos cada vez mais informação, bons peixes e várias dicas.Acredito que esse é o principal papel de um programa de pesca, abração, Edu
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Belíssimas dicas.... cada dia melhor o pesca pará.. Parabéns!! joia:::

obrigado pelo elogio André, o mais difícil de fazer o programa é você conseguir deixar de ser apenas pescador...

Um dia o meu grande mestre Zenizir, apresentador do Pesca Amazônia me falou assim: -Você só vai conseguir quando deixar de ser apenas pescador...essa bronca ele me deu um dia que eu arremessei sem o câmera ter nem ligado o equipamento, a ficha caiu, peguei um tucuna, porém perdi uma grande imagem.

Abçs,Edu

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Parceiro,

Show de relato ::tudo:: , o que passou nao foi dicas, foi uma aula palmas:: , numas das pescarias que fiz de Bass usei muitos Shads, e acabei comprando imaginando que poderia ter sucesso com Tucunare, agora com sua aula tenho certeza que vale a pena tentar.

Coisa linda este Tucunare fogo, belas fotos.

abs, :amigo:

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Quem já pescou comigo sabe o tanto que gosto de experimentar iscas diferentes....pego um peixe com uma isca e já troco pra outra pra ver se a eficiência é a mesma.

Nessa brincadeira sempre uso Shads.

Nesta temporada, meu amigo Veloso pegou o maior peixe da turma de BH, um açu de quase 10kg, num Shad da Storm.

Na pesca do dourado, no SAão Francisco, os Shads são campeões, só que é uma isca por peixe

Valeu

Abraços

Beto

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