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Pescaria em alto mar - Canavieiras/BA


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Estive pescando nos dias 22 e 23 de janeiro de 2014 em Canavieiras/BA, num grupo organizado pelo Marcos Glueck da fishing business. Fui sem saber que seriam os meus colegas e achando estranha a sensação, pois nossa turma ÉNóisNaLinha pesca junto a quase 15 anos.

Fomos pescar com a Bahia Fishing Lodge que possui duas lanchas, Wahoo e Coyote, ambas Mares 30 antigas (anos 80), mas como nos explicou o Capitão Tuba (nosso piloto e proprietário da empresa), possuem um corte oblíquo no término do casco de popa que garantem melhor navegação de ré, fundamental para a pesca do Marlin. Este modelo foi descontinuado em 1988 e o novo modelo não possui a mesma característica. De qualquer modo, as lanchas estavam em bom estado de conservação, boa eletrônica embarcada e parelhas novas de motores Mercedes Benz 250 Hps.

Primeiro dia.

Saímos por volta das 07h00 da manhã estranhando um pouco a força da barra do Rio Pardo, que nos sacudiu um bocado mas valeu como teste de enjoo, que todos passaram com louvor. Superada a Barra, o mar estava calmo, com pequenas marolas e antes das 08h00 já estávamos com diversas carretilhas montadas e corricando com iscas de profundidade.

Não fizemos uma divisão oficial de tempo ou de varas entre os pescadores, mas a idéia era que todos pegassem peixe, assim a medida que um pegasse passaria para o fim da fila. Logo nos primeiros minutos veio o primeiro alarme, com uma puxada muito forte e a corrida do Carlos para pegar a carretilha e dos demais para recolherem rapidamente as demais varas. Cerca de 10 minutos e um bonito Xaréu foi embarcado, fotografado e solto.

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Prosseguimos tentando novos exemplares no corrico por mais duas horas, tendo sido embarcado apenas um pequeno atum amarelo que foi separado para o Sashimi. Quando chegamos numa região de cascalho com cerca de 70 metros de profundidade, ponto registrado no GPS, resolvemos alterar a forma de pescar e soltamos as carretilhas elétricas iscadas com jumping jigs. Ficamos cerca de uma hora nesta modalidade e o Carvalho embarcou uma bonita Pitangola (espécie de Olho de Boi).

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Já estávamos a algum tempo nos jumping jigs quando o Capitão Tuba sugeriu que eu trocasse minha isca por pedaços de bonito, que seriam arrastados no cascalho com a deriva do barco. Assim, a isca era baixada ao fundo e o barco derivava, então as iscas eram recolhidas, voltávamos ao ponto inicial e recomeçávamos. Desta forma, todos mudamos para iscas de bonito e pegamos vários Vermelhos, numa pescaria divertida e onde cada pescador trabalhava uma vara, mas nada de olhos-de-boi de grande calibre que era o que esperávamos.

Aqui vai uma nota, o Capitão Tuba (Antonio Amaral) é também um grande fotógrafo, muito bem equipado e que registra todos os momentos com duas câmaras fotográficas Canon e três câmaras GoPro, sendo uma arrastada debaixo da água para gravar o ataque do peixe.

Resolvemos voltar para o corrico, pois podíamos ver muita isca pulando na superfície, o quê poderia significar a presença de grandes predadores. Poucos minutos e três carretilhas começaram a gritar simultaneamente. Corrida para todo lado para evitar que as linhas se enrrocassem e em pouco tempo embarcamos um Atum amarelo e um Atum negro, sendo que o terceiro acabou escapando enquanto aguadava na fila para ser embarcado.

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Como eu não tinha ido nesta corrida dos Atuns significava que o próximo ataque seria meu, assim fiquei na cadeira de Marlin aguardando. Meia hora de espera e a carretilha gritou sem muito entusiasmo, mas me posicionei enquanto colocavam a cinta com apoio e começei a trabalhar sem forçar muito. O peixe havia ido bem para o fundo e quando eu aproximava o líder da superfície o peixe disparava novamente para o fundo, ele aguentou mais umas três corridas destas e se entregou. Uma belíssima cavala Wahoo!

Na sequência, o Eduardo também embarcou mais uma Wahoo de tamanho semelhante e perdemos um terceiro ataque, sendo devidamente repreendidos pela Capitão Tuba. Note que o Tuba é extremamente simpático e profissional, mas não por isto deixa de dar uma bronca se alguém se comporta ou usa o material de forma indevida, colocando em risco a tripulação, a embarcação e/ou o peixe.

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Assim foi o primeiro dia, variado, divertido, e com belas capturas. Retornamos para Canavieiras, onde chegamos às 17h30 loucos para um banho e um merecido descanso.

Nota: a única crítica feita à embarcação Wahoo é a baixa circulação de ar no salão, que eleva em muito a tempertura a bordo, devido a uma proteção plástica que foi colocada para evitar a entrada de água na saída da Barra. Esta situação foi colocada ao Tuba, que nos informou estar aguardando um técnico para fazer uma entrada de ar basculante entre a torre do fly e o salão.

O dia terminou num delicioso jantar na Casa das Sete Portas, num banquete preparado pela Thiane e sua equipe, com Sashimi de Atum fresco, pastéis de carangueijo e iscas de Wahoo, que para nossa surpresa se mostrou uma das carnes mais saborosas de pescado já provadas por todos da equipe.

Segundo dia.

Acordamos cedo, antes da abertura das portas para o café. A anciosidade era grande e já éramos todos grandes amigos. O Eduardo e o Carvalho são de Goiás e possuem muita experiência em pesca de Piraíbas, sendo que já nos passaram várias dicas para nossos projetos de 2015. Já o Carlos é de SP e faz parte de uma grande turma de pesca, que como no meu caso não conseguiu convencer nenhum colega para acompanhá-lo.

Barriga recheda e partimos novamente, desta vez em direção ao banco Royal Carllote, um dos mais famosos pontos de pesca de peixe de bico do mundo. Resolvemos separar a equipe em duas duplas: Fernando e Carlos/ Eduardo e Carvalho, assim a cada meia hora uma dupla ficaria responsável pelos ataques, sendo um pescador com as varas do lado esquerdo e outro pelas varas do lado direito. A regra tem que ser clara! Obviamente, quem pegasse um peixe passaria para o final da fila.

Demoramos cerca de 1h40 para chegarmos ao ponto onde iniciamos a soltura das linhas, com varas e caretilhas enormes (Tiagras 130 e 80), preparadas para pegar peixes de até 500 Kg. Notem que a embarcação tem um de seus pontos fortes na qualidade e quantidade de material de pesca, estando preparada para qualquer tipo de situação.

Estávamos corricando com sete varas a cerca de 1h30, quando fizemos o terceiro rodízio de pescadores e em poucos minutos uma das gigantescas carretilhas começou a dar o alarme de peixe grande na linha. Era minha vez e a carretilha estava do lado esquerdo, assim corri para a cadeira e me preparei para o trabalho com o coração a mil e a adrenalina sendo descarregada no corpo. Eu só me concentrava no meu trabalho, sem conseguir falar nada e morrendo de medo de perder este primeiro ataque.

Os colegas me ajudaram a posicionar o equipamento na cadeira e prender a carretilha no meu colete e assim iniciei o recolhimento lentamente, antes mesmo da retirada das demais varas, pois não queria dar muita chance ao peixe.

A força do equipamento permitiu que eu trabalhasse com calma, pelo meno até o Tuba gritar que era "peixe de bico". Com a aproximação do peixe do costado dava para sentir a força dele, mas a tripulação formada pelos competentes Arcanjo e Lúcio rapidamente já tinham imobilizado o peixe na água segurando-o pelo bico e pelo rabo.

Era um lindo Sailfish, mas com tamanho limite que ainda permitia puxá-lo para bordo para fotografia. E assim foi feito, em questão de um minuto o peixe foi içado com as mãos pela tripulação, foi fotografado, foi colocado um tag da Billfish Foundation e foi solto. Somente então consegui soltar meu grito de comemoração e cumprimentar a todos pelo belo trabalho de equipe.

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Durante o restante do dia ainda tivemos dois ataques de peixe de bico, que nos pareceu um Marlin e um outro Sailfish e vimos ainda por mais duas oportunidades Sailfishes próximos à superfície, mas nenhum outro exemplar quiz nos dar a honra de posar para as fotos. O Carlos pegou ainda um atum amarelo para nosso tradicional sashimi e foi só, mas retornar para o cais com a bandeira içada mostrando que capturamos, colocamos um tag e soltamos um peixe de bico dá um prazer imenso e sentimento especial de orgulho. Note que neste dia haviam mais três embarcações pescando na mesma área e o nosso foi o único bico embarcado.

Pela minha honra de estar de plantão na hora do ataque recebi ainda um certificado de liberação da Bahia Pesca Esportiva e da Billfishing Foundation, com os dados da captura e o número do tag para comprovar a soltura.

De noite fizemos mais um delicioso jantar, agora com a nova turma que estava chegando para pescar, nos despedimos dos colegas Carvalho e Eduardo, que seguiriam viagem de carro, e fomos descançar com sentimento de dever cumprido.

O retorno foi com o motorista Gil, que levou a mim e ao Carlos para um city tour em Ilhéus, compras no mercado de artesanato e almoço no famoso Bataclan. Fomos ao aeroporto e pegamos nosso vôo para São Paulo, onde chegamos de volta à "civilização" em pleno caos aéreo e vôos atrasados em mais de três horas. Já deu saudades...

surtei:: surtei:: paia:: bang::

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  • 9 meses depois...

Que lindo relato Fernando ! 

 

Muito bem escrito e fácil de acompanhar...didático poderíamos dizer ! mestre::  as fotos ficaram LINDAS e os peixes....bem, estes são INCRÍVEIS ! ::tudo::

Nunca pesquei no mar e em janeiro estive em Prado BA que fica aí do lado de Canavieiras ! confesso que fiquei com uma tremenda DOR DE COTOVELO  doeu::

Um grande Abraço

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