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MORCEGOS -RAIVA NA COMUNIDADE DE TAPIIRA - BARCELOS


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Este  noticiário é complemento esclarecedora da postagem  anterior.

 

Resex Rio Unini: menino em tratamento de raiva humana passa por cirurgia; estado de saúde continua grave  

 
Kátia Brasil | 11/12/2017 às 01:21
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O médico norte-americano Rodney Willoughby, referência internacional na cura da doença, está assessorando equipe de Manaus (Foto de Josângela Jesus/ Facebook da Resex Unini)

 

 

O hospital da Fundação de Medicina Tropical (FMT), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), comunicou neste domingo (10), que o adolescente Mateus dos Santos da Silva, de 14 anos, ribeirinho da Reserva Extrativista Rio Unini, em Barcelos (AM), passou por um procedimento neurocirúrgico neste fim de semana para medir e controlar a pressão intracraniana. O garoto está internado há nove dias em tratamento experimental da raiva humana pelo protocolo de Milwaukee. Segundo o hospital, o quadro dele é considerado grave, porém estável. 

Mateus dos Santos da Silva foi internado no dia 2 de dezembro na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI) com o quadro de encefalite viral, uma infecção no cérebro causada pelo vírus da raiva. Ele foi mordido por morcegos hematófagos na Comunidade Tapiira, assim como seus dois irmãos, Lucas e Miriã, que morreram vítimas da doença.

O tratamento experimental para cura da raiva humana pelo protocolo de Milwaukee foi indicado pelo Ministério da Saúde (MS) com uso dos medicamentos Biopterina e Amantadina. No hospital da FMT, Mateus Silva está sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar que incluí médicos intensivista, pediatra, infectologista e neurologista, diz nota da assessoria de imprensa da fundação.

De acordo com a FMT, a equipe multidisciplinar está sendo assessorada clinicamente via internet e por telefone pelo médico norte-americano Rodney Willoughby, da cidade de Milwaukee, estado do Wisconsin, nos Estados Unidos.

O médico Rodney Willoughby é o responsável pela primeira cura da raiva humana no mundo. O caso aconteceu em 2004 em Milwaukee, daí o nome do protocolo. Em 2009, ele participou da equipe que fez o primeiro tratamento bem sucedido da doença no Brasil. O paciente foi Marciano Menezes da Silva, hoje com 24 anos, que foi atendido no Hospital Oswaldo Cruz, em Recife (PE). 

Assim como Mateus, Marciano foi mordido por morcego hematófago. O ataque aconteceu na cidade de Floresta, no Sertão pernambucano, quando o jovem tinha 15 anos. Apesar da cura, Marciano ficou com sequelas na fala, membros inferiores e tem crises convulsivas.

Segundo o diretor de Assistência Médica da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, infectologista Antônio Magela, o médico Rodney Willoughby está acompanhando o caso do adolescente Mateus a convite da própria FMT.

“O contato diário com o Dr. Rodney tem sido de extrema importância já que o médico possui grande experiência na área, tendo acompanhado, inclusive, o caso do paciente de Recife que conseguiu se curar da doença, após ser submetido ao protocolo de Milwaukee”, disse Magela.

Desde 2002, não havia registro de casos de raiva humana no Amazonas, ocasião quando morreram duas pessoas. Veja o quadro abaixo:

 

 

 

No dia 16 de no novembro, a FTM registrou a primeira morte de uma pessoa da Resex Rio Unini. O adolescente Lucas dos Santos da Silva, de 17 anos, morreu vítima da raiva humana por mordida de morcego hematófago. O ataque aconteceu na Comunidade Tapiira, que fica na margem direita do rio Unini, no entorno da reserva, que tem a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente.  

O líder extrativista Levi Castro da Silva, um dos fundadores da Resex Rio Unini, contou à agência Amazônia Real que seu filho Lucas, os outros três filhos, ele e a esposa foram atacados por morcegos por mais de dez vezes desde 2016. A família não recebeu a vacinação antirrábica à época dos ataques, apesar da Associação dos Moradores do Rio Unini (Amoru) pedir ajuda às autoridades da Saúde municipal e estadual.

No dia 2 de dezembro mais uma morte foi notificada. A filha mais nova do líder extrativista, Miriã, de 10 anos, morreu vítima da raiva humana. Ela estava internada no hospital da FTM e chegou a ser submetida ao protocolo de Milwaukee, por indicação do Ministério da Saúde, mas não reagiu positivamente ao tratamento. No mesmo dia da morte da garota, o irmão Mateus foi internado com sintomas de encefalite viral.

 

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Comunidade de Patauá na Resex Unini (Foto: Josangela de Jesus/ Facebook)

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), também vinculada à Susam, reforçou as estratégias de vigilância epidemiológica nas nove comunidades da Reserva Extrativista do Rio Unini, em especial na Comunidade Tapiira, onde os irmãos foram mordidos por morcegos. A ação acontece em parceria com o Ministério da Saúde e as secretarias municipais de Saúde de Barcelos e de Novo Airão.

“Uma das estratégias é vacinar e manter sob observação todas as pessoas mordidas por morcegos na reserva, que é formada por nove comunidades”, diz a FVS em nota, destacando que uma equipe do MS acompanha os trabalhos preventivos, de profilaxia e de investigação que estão sendo realizados pela FVS na área da Resex do Rio Unini.

Ao todo vivem nas nove comunidades da reserva 682 pessoas, sendo que 270 informaram à FVS que foram mordidas por morcegos neste ano. Essas pessoas atacadas pelos animais estão em observação.

A raiva é uma doença infecciosa causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, que leva ao óbito praticamente 100% dos pacientes contaminados. Desde o século 19, porém, já existe vacina contra a raiva, sendo ela bastante efetiva em impedir o avanço da doença, caso administrada em tempo hábil.

A doença é transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura, como cães, gatos e, nas áreas rurais, por morcegos e macacos. O vírus provoca a encefalite viral com sintomas como dor de cabeça intensa, vômitos e desconforto gastrointestinal. Para pessoa atacadas por animais infectados é recomendada aplicação da vacina antirrábica e o soro antirrábico, diz o Ministério da Saúde.

 

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Rodney Willoughby (Foto: Lucas Foglia/SZ-Magazin.de/Alemanha)

Em entrevista publicada este ano pelo Jornal do Commercio, de Pernambuco, o médico Rodney Willoughby falou sobre a possibilidade de sobrevivência após a pessoa ser contaminada por animal com o vírus da raiva. “É preciso notificar o médico logo da agressão por cão, gato ou qualquer animal selvagem, para que se possa inicie o tratamento profilático (prevenção)”.

O especialista explicou ainda: “é muito importante lavar a mordida ou o arranhão imediatamente com água e sabão, para depois receber imunoglobulina antirrábica e vacina contra a raiva humana. Nunca acontece falha de profilaxia quando ela é feita com urgência, dentro dos primeiros dias. Nos Estados Unidos, por exemplo, o recorde depois de 1975 é perfeito. Com a profilaxia bem praticada, a cura é de 100%”, disse Rodney Willoughby.

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