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PESCADORES x PREDADORES


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Foi com tristeza pelo fato (pesca predatória) e alegria (pela apreensão), que li a reportagem de ontem, sobre alguns animais que se dizem pescadores, e sobem para o Araguaia para depredar, e outras coisas mais. (Segue reportagem ao final).

Sinceramente me irrita demais esse pessoal que se diz pescador, mas vai em áreas preservadas e acha que a casa dos outros é "terra sem lei".

Ai fica marmanjo (inclusive uns bem avançados na idade) cheio da grana, desfilando de caminhonete cheio de menininha (muitas menores), de biquini, bebendo na caçamba, se achando o máximo, o tigrão...

Gente dirigindo bêbada, pesca predatória, "carteirada" de autoridade ou posando de milionário em cima do povo simples da região...

Esse pessoal precisa "se tocar". O lugar deles não é ali. Aliás, quem não sabe respeitar o lugar dos outros, não deveria nem sair de casa.

Me desculpem o desabafo, mas é a realidade.... É paulista, é mineiro, é brasiliense, etc, etc, etc, indo detonar o rio de onde esse pessoal tira o sustento e onde as pessoas conscientes se divertem muito sem extrapolar...

Numa única foto da reportagem citada, aparecem 11 pirararas mortas... Pra que isso gente? Alguém por um acaso está morrendo de fome?

Qualquer um sabe que, se vender uma carretilha de pesca pesada (SHIMANO, PENN - em torno de R$ 4.500) dá para comer salmão o ano todo... Então a questão não é falta de grana de muitas dessas pessoas - é pobreza de espírito.

Aqui mesmo em minha cidade: quantas pessoas convidei para pescar no Araguaia e se animaram após verem as fotos dos peixes... Porém, depois, quando eu dizia que era pesca esportiva, desanimavam e aí vinha a famosa frase: MAS NÃO PODE TRAZER NADA? ENTÃO NÃO VALE A PENA...

O tristeza... O santa ignorância... Quando é que esse pessoal vai se dar conta que a gente pesca para se divertir, pela companhia dos amigos, pelos causos na beira do rio, saboreando um peixinho pescado na hora... E depois, voltar pra casa, feliz, em paz, cheio de boas recordações, com a consciência tranquila de que foi lá para PESCAR e não para DESTRUIR TUDO E SE COMPORTAR COMO UM IDIOTA... Voltar ciente de que deixou tudo como estava, para as futuras gerações poderem desfrutar desse prazer inenarrável que é pescar...

Não sou puritano, nem ambientalista vegano... sou só alguém que ama a pesca.

SEGUE A REPORTAGEM RESUMIDA:

O Ibama e a Sema se uniram para fortalecer as ações de fiscalização dos rios no Vale do Araguaia. A operação resultou na apreensão total de 14 conjuntos de canoas. A ação ocorreu entre os dias 24 e 30 de maio deste ano e flagrou cinquenta pessoas entre pescadores, comerciantes e piloteiros em atividade ilegal de pesca ou caça.

Dentre as atividades irregulares, um cidadão foi autuado por transportar 18 tartarugas e na noite do dia 27 de maio, dois comerciantes foram autuados pelo transporte irregular de 224 kg de peixe Pirarucu.Caravanas de pescadores de São Paulo representaram 80% das autuações. Grupos foram localizados pescando no interior das Unidades de Conservação, pescando com redes, tarrafas e anzóis de galho (apetrechos proibidos) e pescando peixes abaixo da medida. 
Segundo o coordenador da operação Leandro Nogueira, apesar do êxito da ação, atividades nocivas ao meio ambiente tendem a continuar devido o descontrole na entrada e saída de turistas e das construções irregulares de ranchos nas Áreas de Preservação Permanente por turistas, além do funcionamento de pousadas ilegais. “Para os munícipes só fica o prejuízo: redução do estoque pesqueiro e acúmulo de lixo deixado pelos visitantes, porque essas práticas não geram empregos e não contribuem com a economia local". 

 

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Já trabalhei em ações penais contra pesca predatória no Araguaia, era gratificante ver esse povo ser constrangido na Justiça. Mas tanto as multas quanto as penas poderiam ser maiores. O bom senso e consciência geral nunca haverá, como disse o Leandro, mas pelo menos o medo...

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É... nem sei o que falar....

Um ponto interessante que você disse sobre convidar as pessoas para pescar e quando fala que é pesca esportiva as pessoas tem uma reação contrária...

Sempre que falo que vou pescar no Amazonas as pessoas falam... nossa, deve trazer bastante peixe... eu respondo, sim, vários... tudo em foto... não trago nem 1 empalhado... ai falam a mesma coisa.. ah, então não vale a pena ir tão longe para não trazer peixe....

Eu explico sobre a pesca esportiva... se mesmo assim não entende, melhor assim, menos ignorantes para acabar com tudo..

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Na minha região, recentemente, tivemos duas situações de espantar e se perguntar aonde vai o limite da idiotice.

Na primeira, um matador de peixes, desses que mergulha à noite e arpoa o peixe "dormindo" encostado no barranco, acabou morrendo afogado, depois que a roupa de mergulho ficou enroscada, nas costas, num espinhel de outro imbecil. 

Na outra, um redeiro tocaiado no mato, atirou num pescador que passou com o barco em cima de onde ele tinha colocado a rede.

Precisa mais?

Falar em pesca esportiva com essa gente é gastar saliva. O negócio deles é encher freezer. Vale tudo: anzol de galho, espinhel, rede, tarrafa, "joão-bobo", bomba, arpão... Eu cansei.

Agora não convido mais ninguém. Vou pescar todo ano com minha esposa (a melhor companheira de pesca que eu poderia ter). Pescamos muito, nos divertimos nas prainhas do Araguaia... comemos um ou outro peixinho na beira do rio (depois limpamos tudo para a sujeira não ir parar o rio)... Não usamos anzol assistente (para dar chance ao peixe e tornar a briga mais justa, sem correr o risco do anzol ir parar na garganta)... Nunca ficamos três horas com o peixe fora d'água, tirando foto, para não devolvê-lo todo estropiado e ser atacado pelas piranhas ou outro predador...  Tiramos duas ou três fotos rápidas, retiramos eventuais candirus das guelras e voltamos o bicho para água que é o lugar dele...

Tirar um peixe grande é muito emocionante... mas depois de uma foto de lembrança, vê-lo voltando para seu habitat, sabendo que ele vai criar, se multiplicar e repovoar o rio, é coisa que não tem preço...  

As vezes chego a acreditar que estamos evoluindo, nos conscientizando e que tudo vai ser só uma questão de tempo.... Daí aparece uns idiotas desses com varais cheios de pintados pendurados.... dezenas de pirararas mortas... canoas abarrotadas de pirarucus... e eu desanimo.

 

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2 horas atrás, Falcão disse:

Na outra, um redeiro tocaiado no mato, atirou num pescador que passou com o barco em cima de onde ele tinha colocado a rede.

Já ouvi ameaças graves qdo tava pinchando numa represa aqui em Goiás e reboquei uma rede que tava no ponto (sem querer, sequer tinha visto)...

 

O que me impressiona sobre os "predadores" é que o consumo de peixe no Brasil é abaixo da média mundial, e o produto é um dos mais baratos no mercado. Se picanha se pescasse no rio, certamente já tinha acabado... 😂

Me parece que boa parte disso é um vício cultural...

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19 minutos atrás, Pedro Furtado disse:

Me parece que boa parte disso é um vício cultural...

Perfeito.

Recebo diversos convites para pescar de traineira em alto mar... vários amigos praticam essa modalidade  de pesca...

Para me "motivar" me mostram as fotos das pescarias anteriores... dos peixes esticados na lona no porto... acham o máximo...

Ai eu pergunto... vai comer tudo isso de peixe? Alguns respondem.. "não... vou dar pro meu pai, vizinho, tia, primo..." já sabemos que 80% vai pro lixo... 

É cultural, certeza!

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43 minutos atrás, Pedro Furtado disse:

Já ouvi ameaças graves qdo tava pinchando numa represa aqui em Goiás e reboquei uma rede que tava no ponto (sem querer, sequer tinha visto)...

 

O que me impressiona sobre os "predadores" é que o consumo de peixe no Brasil é abaixo da média mundial, e o produto é um dos mais baratos no mercado. Se picanha se pescasse no rio, certamente já tinha acabado... 😂

Me parece que boa parte disso é um vício cultural...

Ah, se desse picanha no rio kkkkkkkkkkk 🤣

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Me permitam participar dessa conversa, mesmo que tenha um pensamento similar aos que já opinaram !

Precisamos retornar à época onde ainda não existia a conhecida hoje como "Pesca Esportiva" !

Uma época em que alguns pescadores "criavam iscas artificiais" (Faria como exemplo) e as iam testar para ver como funcionavam na prática. Período inclusive em que grande parte dos pescadores de "iscas artificiais" usava a "colher prateada" com sucesso ! Depois foram chegando os "plugs" estrangeiros (Rapala original - de balsa), as "peninhas" e os protótipos do que se tornariam posteriormente nossas iscas de consumo "nacionais" (muitas delas "cópias" das originais estrangeiras).

Foi nesse período que alguns "ícones" das pescarias esportivas (passaram a ser assim chamadas) começaram a tornar sistêmica a provocação de que o pesca & solte era algo a ser seguido por todos (Rubinho Almeida Prado, Lester, Gugu e diversos outros), principalmente com vistas ao processo de preservação ambiental. Como foram "combatidos" por a grande maioria de pescadores (onde me incluo) ainda defensora da tese de "trazer peixe para casa". Pescarias onde o excesso de peso gerava um enorme desconforto financeiro, mas nem por isso reduzíamos essa prática, até "os vizinhos" sempre estavam ávidos pelo peixe de qualidade que lhes era presenteado.

Evoluímos - como muitos - a abater apenas uma quantidade mínima para ser levada, que rapidamente passou para a soltura plena dos peixes. Reclamações, aborrecimentos, questionamentos, e tudo que acompanha isso foi testemunhado "naquela época"... A "perda de produtividade" nas pescarias sequenciais já era um bom indicador que algo precisaria ser feito, pois em locais onde a "abundância" era algo constante se tornaram locais de difíceis capturas e os "troféus" foram diminuindo de peso e tamanho...

Nos dias atuais, diante de tantos apelos de "soltura do pescado", ser pescador esportivo ficou mais fácil (+ simples). A situação de maior participação "pró-ecologia" no mundo moderno crescente gerando um grau de conscientização ainda pequeno para nossas necessidades, mas isso já existe... O problema (a meu ver - e se trata apenas de um ponto de vista) reside na ausência de exemplos mais marcantes na nossa sociedade do que vem a ser o de não abater a presa, já que viva ela vale pelo menos 10 x mais que morta. Além disso a ausência de outras alternativas (ou oportunidades) faz com que a "extração de pescado" ainda seja uma realidade no nosso país.

Vejo contudo alguns avanços em áreas ou operadores em não permitir a matança de qualquer espécie sendo obrigatório a soltura das capturas realizadas. Parece pouco ? E é, mas não deixa de ser um começo mesmo que tímido para nossa realidade. Também nós pescadores precisamos nos "reinventar" para não pressionarmos o operador a fornecer tira gostos de peixe nos retornos de nossas pescarias, pois a "matéria prima" é aquela que "defendemos viva"... 

A tendência que me parece ser um ponto de concordância, é que mais cedo ou mais tarde teremos que disciplinar mais as nossas condutas de pesca, sejam elas esportivas e/ou profissionais. Os estoques estão "minguando" e algo precisará acontecer em breve. Já passamos um tempo sem matar baleias e elas se recuperaram... Assim aconteceu com outras espécies, e terá de acontecer com nossos peixes silvestres também ! A fiscalização disso é obrigação de todos, não apenas de um ínfimo contingente policial ! É coisa para começar na escola e ser acompanhada por várias gerações!

Acho muito "intempestivo" jogarmos "pedras" nos que ainda "não mudaram de lado", esquecendo-nos que há não muito tempo atrás estávamos daquele lado. Não me refiro a ser "menos matador" ou "respeitador de época da piracema" e coisas do tipo, pois a graduação com que praticávamos esses "hoje delitos" era fruto de uma época de fartura e pouco discernimento. Hoje vejo com satisfação meus netos se preocuparem em devolver o peixe "para que ele não morra" nas vezes em que as "tilapinhas" se fisgam nos anzóis das varinhas de bambu utilizadas. A "mudança" é para ser feita também dessa forma.

Para não pairarem dúvidas, há anos pesco soltando praticamente tudo que embarco (fica apenas o "pedágio da barranca" - pois ninguém é de ferro) e me vejo satisfeito no "soltar" assim como no "pegar" (vamos dizer que é "empate"). Buscando uma maior esportividade nas capturas, perder ocasionalmente um troféu é objeto de uns "poucos palavrões de praxe", mas sem qualquer outra consequência que não a de um sorriso de respeito pelo "adversário" que levou vantagem. Ações como essas podem gerar um significado interessante aos que estejam próximos, sem que estes sejam "optantes" do Pesque e Solte. E assim como na nossa vida cotidiana, nada como um dia depois do outro.  

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Temos a pesca e a caça gravados em nosso DNA. São milhares e milhares de anos nos aperfeiçoando como predadores naturais...ocorre que, com o avanço das tecnologias, principalmente as que chegaram com a nossa geração, o sucesso da matança é certo.

Adicione aí uma população mundial que triplicou nos últimos 60 anos, e pronto. Prato cheio para a destruição e massa dos nossos rios.

Os governos populistas e sem visão turística/ambiental, não se interessam em manter nossos estoques pesqueiros e investirem na pesca esportiva.

Sem educação e conscientização do nosso povo, ainda vamos ver muita destruição por aí. Isso, se não acabarmos com tudo antes. Infelizmente...😪

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