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Jaguaripe/BA – Paraíso ameaçado dos robalos - 11 e 12/08/200


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Para aproveitar minhas férias em pleno agosto na Bahia, resolvi tentar pescar os famosos robalões da minha terra. ADORO pescar robalos em estuários, já fiz isso diversas vezes em Iguape/SP, porém sempre ouvi relatos sobre a Bahia e como saí do estado há alguns anos, não havia tido a oportunidade.

O Local

Pesquisando na internet, conheci diversos relatos e reportagens sobre uma cidadezinha chamada Jaguaripe ( www.jaguaripe.ba.gov.br ), no extremo sul da Baía de Todos os Santos, foz dos rios Jaguaripe e Da Dona, próximos as cidades de Nazaré e Santo Antônio de Jesus, há cerca de 1h e 45min de Feira de Santana (cidade onde estava instalado). Li sobre diversas pescarias excelentes, muitas ações na isca artificial e belos exemplares fisgados, além da exuberância da natureza local.

Estrutura para Pesca Esportiva

Ainda seguindo pesquisas na internet e em revistas especializadas do ramo, conheci o pescador local Nilton, pessoa muito simples, atenciosa e bacana, que trabalha como guia de pesca na região. O mesmo leva o pescador em diversos pontos de pesca com um barco de alumínio, motor de popa 25hp, sem limite de combustível (ele rodou MUITO o dia inteiro sem economia). O próprio Nilton não pesca com iscas artificiais costumeiramente, mas dá muitas dicas (de forma pacata e humilde) de locais, tipos de iscas, cores, pinchos e como trabalhar a isca (valor total da diária R$250,00, telefone para contato 75- ). A pousada local é a Pousada Porto Jaguaripe (www.portojaguaripe.com.br), também simples porém com instalações mínimas para proporcionar o repouso necessário e alimentação. As saídas são do pier da própria pousada. Dica: chegue na tarde anterior da pescaria e dê umas pinchadas nas pequenas lagoas nos fundos da pousada, dá pra se divertir bastante capturando traíras de bom tamanho e voracidade batendo iscas de superfície, meia-água e sapinhos artificiais (trabalhe-as bem lentamente)

Preparativos para a pescaria

Feito os contatos com o guia e pousada, aconselho planejamento quanto a viagem. Os acessos são via Salvador-ferry-boat-estrada (via rodovia Bom Despacho-Nazaré) ou via BR101 (entrada Santo Antonio de Jesus) acesso Nazaré. A estradinha que liga a rodovia Nazaré-Bom Despacho até Jaguaripe de cerca de 30km é PÉSSIMA, sem qq sinalização e bem perigosa. DESACONSELHO viagens à noite.

Indico ainda levar no material de pesca iscas de meia-água de 5-9 cm, camarão artificial (pequei por não ter levado) e linha anti-abrasivas para leader (utilizo sempre fluorcarbono), lá na cidadezinha é improvável encontrar qq tralha para pesca esportiva.

NUNCA esqueçam o protetor solar (utilizo fator 50), repelente de insetos (local quente, bastante ensolarado e de manguezal, ou seja bastante pernilongos, mutucas, etc) e bastante água e líquidos.

Cheque o tempo!!! Se der a sorte de pescar em uma semana com Lua de quarto, poucos ventos, ensolarada e pressão atmosférica estável, sua pescaria tem mais chances de ser memorável!

Relato da pescaria

O tempo na semana em que pesquei inegavelmente não era dos melhores, mês de agosto (conhecido como mês dos ventos na região), tempo inconstante com pancadas de chuvas esparsas durante todo o dia (vejam nas fotos).

A manhã do dia 11 foi desanimadora, estava ventando muito (acho que de todos fatores climáticos que relatei, esse é o pior), os arremessos estavam difíceis, pouca precisão, os peixes estavam praticamente inativos. Para piorar a maré estava bastante cheia, logo os peixes invadem o mangue para se alimentar e achá-los foi bem complicado. A primeira ação só aconteceu numa pauleira submersa de uma gamboa abandonada às 11:30h (maré já meia-vazante); as gamboas atraem uma variedade de vida marinha impressionante, achar robalos nelas é quase certo, além de outras espécies conhecidas na região com Saltadeira e Cabeçuda (uma espécie de xareus amarelos em miniatura) Devido a ventania que não dava trégua, o Nilton sabiamente, optou por tentar arremessos em pequenos braços de rio (Mucujózinho e Mucujó Grande) e acertamos em cheio. A maré próxima ao reponto e enchendo deixou os bicudinhos mais ativos e naquela tarde, realizamos captura de cerca de 2 dezenas de pequenos robalos (ver fotos). Fiquei impressionado com a proporção de flechas x pevas (quase 1:1), foi sensacional ver robalos um pouco maiores que as iscas brigando lindamente. Os flechinhas deram um show à parte: brutos, atacavam as iscas com voracidade, inclusive com alguns saltos. Nesta tarde, deparei-me com uma triste realidade dos rios baianos: a pesca criminosa e predatória (detalhes a seguir).

No segundo dia (12/ago), optamos por sair bem cedo, pois o vento estava bem menos intenso antes das 09h30. Dessa vez o que nos pegou de jeito foram as pancadas de chuva torrenciais e fugazes. Mesmo assim, as ações foram muito mais animadoras, especialmente em encostas pedregosas no rio Jaguaripe (aconselho muito explorar estas encostas, especialmente junto a vegetação submersa durante as marés cheias), inclusive com captura de outras espécies como Vermelhão-dentão.

Fizemos uma pausa para o café da manhã e como estava ventando, durante 45 minutos, fiz investidas nas lagoas da pousada com ações das jurássicas e brutas traíras. Me arrependo de não ter tido mais tempo para dedicar à exploração daquelas lagoas.

De volta aos robalos, eram cerca de 11h da manhã, os ventos mais calmos que o dia anterior e fomos explorar o rio da Dona, antes fazendo uma pausa em uma ilha particular para explorar os pilares do pier. Arremessos embaixo do pier renderam várias ações emocionantes, apesar do pequeno tamanho dos exemplares. Mais uma vez a chuva nos pegou e resolvemos rumar ao rio da Dona. Infelizmente, em um ponto rico em pedras já havia três mergulhadores, logo rumamos para pequenos rios tributários do rio da Dona, o que não renderam muitas ações, porém o visual da natureza e isolamento locais me impressionaram.

Era horário de reponto de maré e voltamos ao encontro do Mucujó Grande com o rio Jaguaripe. Arremessos sempre em direção às galhadas e ao manguezal renderam ações de pequenos flechas e alguns pevas de bons tamanhos. Enquanto arremessava em direção à margem vi um barco corricando no leito deste rio e fiquei impressionado com o rendimento, flagrei capturas de quase uma dezena de peixes, alguns beirando os 3 a 5kg em pouco mais de uma hora (numa próxima oportunidade, o corrico com artificiais e rodada com jumping jigs com certeza farão parte do roteiro!)

Finalizando o fim de tarde, exploramos mais um paredão de pedras no interior do rio Mucujó grande, e tive 3 capturas espetaculares com pevas de cerca de meio quilo e uma perda de um maior em um local mais profundo que parecia um poço.

Retornei ao pier da pousada curtindo o visual do por do sol e cair da noite maravilhosos da região com a sensação de satisfação, felicidade (apesar de dor no braço diante tantos arremessos) e curiosidade em explorar mais a região com outras alternativas de pescaria (corrico, jigs e fly) em épocas climáticas mais propícias, dessa vez os grandões ficaram escondidos, mas quem sabe na próxima?

Ameaça ao paraíso, uma denúncia importante.

Infelizmente a consciência ecológica dos turistas que viajam à região nem sempre é a ideal. A fartura da região não freia a matança indiscriminada, inclusive de pequenos espécimes. Porém o que mais me entristeceu foi a flagrante pesca predatória praticada por alguns dos pescadores artesanais locais. Atitudes como uso de rede fechando por completo braços de rios e principalmente uso de PESCA COM BOMBA, promovem a morte de espécies sem qualquer critério e demonstram a total falta de preocupação com o próprio futuro de sua atividade pesqueira, já que haverá intensa mortandade da ictofauna local e declínio dos estoques pesqueiros, além de destruição de tão bela natureza. Fica aqui minha denúncia e apelo aos pescadores predadores e autoridades.

Equipamentos

Conjunto 1: Vara Fleming Cavalier II, 5’3”, 14lbs. Carretilha Shimano Scorpion 1001, linha multi 20lbs, leader fluorcarbono 25lbs.

Conjunto 2: Vara Rapala Platinum 5’3”, 17lbs. Carretilho Shimano Curado SF 201, linha multi 22lbs, leader fluorcarbono 25lbs.

Iscas: Tentei várias iscas de meia-água (barbelas curtas, de cerca de 6-9 cm, como Bomber 10A e Inna 70), as campeãs:

Borá 75 by Nelson Nakamura rosa e glow com dorso verde limão e ventre laranja (ver fotos).

(POSTAREI AS FOTOS LOGO MAIS, CONEXÃO MUITO LENTA)

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Eis as fotos desta grande pescaria:

Imagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem PostadaImagem Postadahttp://img299.imageshack.us/img299/8643/dsc00555h.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/549/dsc00556o.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/6382/dsc00557x.th.jpghttp://img291.imageshack.us/img291/7024/dsc00558i.th.jpghttp://img91.imageshack.us/img91/1773/dsc00559v.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/7682/dsc00560.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/7823/dsc00561q.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/3064/dsc00564e.th.jpghttp://img89.imageshack.us/img89/2892/dsc00565z.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/2225/dsc00566zxm.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/976/dsc00567s.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/7247/dsc00568a.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/6411/dsc00570j.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/1135/dsc00571z.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/8299/dsc00572jya.th.jpghttp://img89.imageshack.us/img89/8927/dsc00573a.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/2679/dsc00574e.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/2628/dsc00575v.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/5838/dsc00576j.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/1442/dsc00578j.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/3179/dsc00579k.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/8470/dsc00583n.th.jpghttp://img89.imageshack.us/img89/1923/dsc00584u.th.jpghttp://img299.imageshack.us/img299/8689/dsc00585e.th.jpghttp://img216.imageshack.us/img216/9756/dsc00586x.th.jpghttp://img502.imageshack.us/img502/8047/dsc00593l.th.jpghttp://img291.imageshack.us/img291/6749/dsc00601g.th.jpg

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Parabéns Angelo! Bela pescaria e importante denúncia! Quando estive lá pescando com o Newton ele falou que alguns pescadores utilizam bombas, fato que lamentei muito. Infelizmente não sei o que o IBAMA faz porque em toda aquela região nunca vi um representante deste órgão.

Fora os fatos lastimaveis, senti falta das fotos das traíras que também me divertiram muito quando estive por aí!! ::tudo::

Grande abraço!!!

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