Pode não parecer, mas essa história realmente aconteceu na minha querida cidade de Igrejinha, no Rio Grande do Sul. Meu tio e grande amigo Roque sempre me convidava para pescar em um açude que ficava atrás de um galpão velho em seu sítio. A intenção era pescarmos traíras.
Enfim marcamos o grande dia e a hora em que seria a pescaria e desde então passei a contar os minutos para o tão esperado evento. Chegada a hora de entrarmos em ação, aprontamos a tralha e fomos para o açude.
Quando chegamos lá, eu estava iscando a minhoca no anzol e uma coisa impressionante aconteceu. A minha bóia, que já estava na água, pinçou. Quando eu a puxei, pendurada nela veio uma traíra com dois dentes de ouro. Achei muito curioso e resolvi pegá-la para mim.
Estava tirando ela da bóia quando o meu tio dá um grito: "Guto! Larga esta traíra. Mês passado eu peguei ela e só tinha um dente de ouro. Ela deve estar fazendo tratamento de canal. Daqui a pouco ela vai ter a dentadura de ouro e nós vamos ganhar dinheiro com este bicho". Estranhei, mas não pude fazer nada e soltei ela de volta para o açude.
Seguimos com a pescaria e, um tempo depois, minha boinha pinçou novamente. Puxei e veio uma trairinha e uma coisa mais impressionante ainda aconteceu. A trairinha me olhou no fundo dos olhos e disse: "Guto, tu não me mata que eu sou o dentista do açude". Devolvi a bichinha também.
Já quase no finalzinho da tarde meu tio me perguntou se eu tinha caneta. Intrigado, eu respondi que sim e perguntei por que ele queria uma caneta e ele respondeu: "Tu vai ver, nós vamos enganar esses bichos. Eles são burros, nunca saíram deste açude, me empresta a caneta que tu vai ver!".
Emprestei a caneta e o meu tio escreveu em uma palha de milho com letras maiúsculas a palavra "isca". Colocou no anzol, jogou no açude e dali a 30 segundos, não! Vinte e oito segundos, a bóia afunda e, para nossa surpresa, a grande captura foi a seguinte: um papel de mais ou menos um metro de comprimento com a palavra "peixe".