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Gilbertinho

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    Gilbertinho recebeu reputação de PauloGouveia em CUIDADOS ESPECIAIS NA PESCA EMBARCADA   
    Pessoal, às vezes ouço ou leio narrativas sobre acidentes ocorrentes na pesca, envolvendo na maioria dos casos a pesca embarcada. Daí resolvi provocar a turma visando extrair e assimilar informações e conhecimentos que guardem relação sobre o tema, de modo que cada um conheça as principais causas e soluções para se obter uma boa margem de segurança nas pescarias, o que certamente trará por acréscimo a tranquilidade dos familiares que se preocupam bastante conosco quando nos ausentamos em busca de aventuras.
    Como passo inicial, inicio este painel relatando causas e efeitos de ocorrências fatais que conheço por relatos de terceiros e por experiências próprias, que poderiam ser evitadas com um mínimo de cuidados. Tomo a liberdade de enumerar cada situação abordada, sob pena de acabar me perdendo das digressões, observando que quando me refiro à Amazônia, deve-se entender que falo sobre sua porção ocidental, onde resido. Então vamos ao que interessa:
    Situação 1 - Rota de navegação: mês passado, no Rio Matupiri (proximidades do médio Amazonas e Madeira). o piloteiro de uma operadora de turismo conduzia o bote próximo da margem, deslocando-se para a área onde dois pescadores iriam pescar. De forma negligente, não se ateve a verificar se os passageiros estavam sentados nem os advertiu da proximidade de uma galhada baixa que se estendia sobre o trajeto do barco, nem tampouco dela se desviou. Por estarem de pé, em consequência ambos se chocaram com a galhada. Um deles teve o pescoço quebrado e faleceu. O outro ficou bastante ferido e foi encaminhado a um hospital nas imediações, creio que na cidade de Borba. Não sei dizer se conseguiu se recuperar. O piloteiro, sentadinho e certo de sua segurança, nada sofreu; 
    Apesar de lamentarmos esse episódio trágico, devemos aprender com ele. Afastar esse risco é coisa simples, basta que se adote como regra nunca ficar de pé num barco em deslocamento, mesmo que não existam galhadas visíveis em sua rota de navegação. O efeito pode ser o mesmo caso haja um choque com pedras e troncos submersos.
    Situação 2 - Rota de Navegação: há algum tempo, o mesmo tipo de acidente ocorreu no Água Boa do Univini, em Roraima, é relativamente perto de onde moro. Dessa feita o bote seguia só com o piloteiro em idêntica condição. Não viu uma galhada baixa à sua frente, e apesar de estar sentado, com ela se chocou, vindo a falecer. Extraímos daí um acréscimo aos cuidados que devemos tomar, que é o de evitarmos traçar rotas sob galhadas baixas, quando estivermos no controle da embarcação;
    Situação 3 - Manejo de Combustível: ano passado, no mesmo Água Boa do Univini, um piloteiro da Ecotur transferia gasolina de um tambor para o tanque do motor de popa, já de noite, visto que os pescadores iriam sair para a pesca ao alvorecer. Munido de uma lanterna, executava normalmente a tarefa, até que a carga das pilhas se esgotou, obrigando-o a trocá-las e seguir com a tarefa. Entretanto, ao ligá-la novamente, uma centelha fez com que a gasolina explodisse, provocando queimaduras de terceiro grau no infeliz. Socorrido, ficou internado por um longo tempo e só recentemente voltou à ativa. Como aprendizado, já que muita gente tem o hábito de abastecer à noitinha (e do mesmo modo) para sair bem cedo para pescar, devemos abrir mão desse hábito, executando essa tarefa de dia e longe de qualquer fonte que possa provocar acidentes dessa natureza;
    Situação 4 - Descer ou subir o rio? Essa é uma questão que em geral não envolve risco de vida, embora eu conheça exceção. Trata-se de decisões que tomamos quando estamos na pescaria com outros colegas que têm barcos. Caso resolva descer o rio, seu barco nunca deve seguir desacompanhado, porque se houver uma pane de motor, é uma roubada. Nada melhor que ter um companheiro por perto para rebocá-lo até o acampamento. Subir o rio não dá esse tipo de problema, porque para baixo todo santo ajuda, embora haja a questão do controle da direção do barco. Extraímos desses casos a importância de termos ao menos um par de remos no barco, que viabilizarão o controle da direção e eventualmente movimentar o barco;
    Situação 5 - A importância dos remos: apesar de ter abordado essa questão na situação anterior, gostaria de submeter uma situação hilária que testemunhei por causa de remos, ou melhor, pela falta deles. Por uns dois anos, morei numa lancha no Rio Negro, região das Anavilhanas, mais precisamente nas proximidades da cidade de Novo Airão, onde atracava o barco na boca de um igarapé, situado um pouco a jusante da cidade, para ter mais tranquilidade e segurança por conta das tempestades. Via de regra, comunidades rio abaixo faziam festas em que muita gente da região comparecia para beber, dançar e namorar. Na verdade, em nenhum outro lugar do país vi tanta paixão por festas, é festa religiosa, de torneios de futebol, do Tucumã, do Açaí, do peixe ornamental, do boto cor-de-rosa, do peixe-boi, enfim, qualquer coisa é motivo para festejar, e sempre com muita bebida, muita música do boi e muita dança, muito de tudo. À noitinha, minha esposa e eu ouvimos e vimos várias canoas de madeira descendo o rio, todas tocadas por motores rabetinhas, deduzindo que deveriam estar seguindo para alguma festa rio abaixo. A noite passou, e lá pelas cinco da manhã, o sol surgindo preguiçoso, quando ouvimos um chilep chilep constante, como algo batendo incessantemente na água, subindo o rio bem juntinho do costado da lancha. Olhamos pela janela e vimos uma canoa de uns 7 ou 8 metros, nego vazando pelas bordas, todos remando com as havaianas para chegar na cidade. Só risos. Deduzimos que essa turma deveria estar remando madrugada adentro, já que o dia seguinte era dia de branco, todo mundo ao trabalho. Desse dia em diante, jamais deixei de levar os remos no bote, mesmo que meu deslocamento da lancha fosse de 50 ou 100 metros. Macaco velho não pula em galho seco. Essa foi uma boa lição que aprendi, e recomendo que também o façam, por mais que os remos ocupem espaço e incomodem;
    Situação 6 - Serpentes peçonhentas: pouco tempo atrás, um pescador curioso resolveu fazer uma pequena caminhada por uma trilha na região do Rio Amajaú, sul de Roraima. A intenção era a de tentar a sorte num lago situado atrás da comunidade de Canauini, onde o barco-hotel estava atracado. Orientado por um cara da localidade, entrou mata adentro e ao passar sobre uma árvore caída, foi picado no peito do pé por uma Pico-de-Jaca, a cobra mais peçonhenta da Amazônia, Socorrido e conduzido de avião para a capital do Estado, Boa Vista, ficou internado por vários dias. O estrago foi tamanho que quando deixou o hospital e nos exibiu o local do ferimento, era possível ver o chão através de seu pé, um buraco da dimensão de uma moeda de 1 real. Coisa feia de se ver. Isso ensina que sempre devemos ter um cuidado imenso com incursões na mata. Não basta olhar o chão coberto de folhas onde as cobras se ocultam esperando presas, tampouco troncos caídos que servem de abrigo a elas. Na Amazônia, existem espécies peçonhentas que vivem e caçam em árvores, e é relativamente comum vê-las dependuradas em galhos, do mesmo modo que a cobra Papagaio, não venenosa. Assim, extrai-se o ensinamento que, se adentrarmos a mata ou caminhar junto às margens, devemos observar com cuidado não apenas o chão, mas também por onde todo o corpo vai passar ou possa ser alcançado por um  bote de uma cobra;
    Situação 7 - Insetos voadores venenosos; como muita gente vem para a região amazônica para pescar, vale discorrer sobre os principais insetos voadores venenosos daqui, a começar pelas famigeradas abelhas, fáceis de identificar e totalmente semelhantes às que encontramos no resto do país. As novidades ficam por conta dos cabas (marimbondos) amarelos e os da noite. Em geral têm o corpo avantajado e possuem uma pegada bem dolorida, característica comum dos dois. A diferença é essa "coisa" do caba-da-noite, que só entra em operação quando anoitece, e é bem maior que o caba amarelo, e sua picada injeta mais veneno. As soluções de redução de riscos quanto às abelhas e os cabas diurnos são, no primeiro caso, buscar identificar colmeias em troncos e construções velhas e manter distância, exceto se resolver extrair o mel, aí deve se preparar direitinho, senão...Já os cabas diurnos são preferencialmente encontrados em construções abandonadas, onde instalam suas casas, mas também habitam troncos de árvores mortas em meio à selva, exigindo algum cuidado nesses locais, apesar de ser praticamente impossível evitá-los quando nos visitam. Contra o o caba-da-noite, mais perigoso, só o que resolve e trancar portas e janelas ou se meter sob um mosquiteiro, aí está tudo resolvido;
    Situação 8 - Insetos voadores transmissores de doenças: seguindo a mesma linha da situação anterior, destaco alguns pontos sobre essa questão. Como se sabe, a incidência de transmissores do vírus da malária na Amazônia Ocidental é considerável. A única forma segura de prevenção é evitar o contato com esses caras, e para isso deve ser observado que, diferentemente do que muita gente pensa e diz, o Anopheles spp ataca também durante o dia, em menor intensidade, dependendo do clima. Se chover ou garoar, atacam mais. Porém, costuma-se dizer que o horário crítico é das seis às seis (da noite até a manhã). Uma curiosidade: caso esteja pescando em local onde há moradias de ribeirinhos por perto, observe se suas casas estão fechadas por volta das cinco da tarde. Se estiverem, é certo que a região é infestadas de pernilongos (carapanãs, para os amazônidas). Prevenção: repelente durante o dia e uma rede de dormir grossa e um mosquiteiro de boa qualidade, ou ainda um camarote fechado e vedado e refrigerado, senão irá morrer de calor;
    Situação 9 - Formigas Críticas: diz a lenda que Novo Airão, cidade localizada no curso médio do Rio Negro, antes era denominada simplesmente Airão. Assolada por formigas de todos os tipos, credos e raças, mudou-se tempo atrás para a atual localização, bem a jusante da posição geográfica original, ensejando a denominação "Novo" Airão. Fato ou mito à parte, o certo é que aqui as formigas são de lascar. Não se trata de formigas lavapés ou outras mais comezinhas do país, afinal, quem já não foi ferroado por alguma delas? Mas o fato é que aqui as mais parecidas fisionomicamente com as lavapés são as formigas-de-fogo, amarelinhas e não muito graúdas, mas portadoras de uma ferroada pra lá de dolorosa, queima como fogo, como o nome já diz. Porém, a pior delas é a famigerada Tocandira, bem avantajada, preta e menos comum de ser encontrada, e se for, alguém vai ter uma experiência inesquecível. Em geral, são solitárias em suas andanças pela selva, vadiando pelos troncos das árvores à procura de insetos menores que servem de alimento. Os acidentes com elas ocorrem em situações em que incautos resolvem apoiar as mãos ou o corpo nos troncos das árvores, e aí ela não perdoa, acabou o dia para quem for ferroado. A lição que se extrai é que devemos evitar, no caso das formigas-de-fogo, vacilar perto do formigueiros. Já no caso das Tocandiras, é pra lá de recomendável evitar o contado das mãos e do corpo com troncos de árvores, é sempre onde elas estão;                        
    Turma, já é madrugada e o sono está pegando. Retornarei com novas experiências e aprendizados. Grande abraço e grato pela atenção, lembrando que seria por demais útil conhecer experiências e medidas preventivas da turma do FTB para garantir nossa segurança.
    Gllbertinho, pescador da Amazônia  
      
             
     
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    Gilbertinho deu reputação a Francisco Jr em Histórico do nível do Rio Negro em Barcelos   
    Concordo contigo @Gilbertinho que tem grande experiência sobre os detalhes, e que os Americanos não são os problemas financeiros, eles querem somente o resultado...
    Já fui pouco mais de 20x a Amazônia em Baz e já peguei quase que um pouco de tudo. Desde o inicio da temporada seca, o começo da cheia antes, até no inicio de Janeiro ter que descer para empurrar uma lancha com motor 175hps quase que metade do rio para chegar no destinho, E pegar meu maior Açu de 94cm na segunda quinzena de fev...  
    Felizmente ou infelizmente essa é a Amazônia, eu particularmente já passei de pegar o rio cheio saindo algum peixe grande e de estar seco e vim o temido repiquete brabo...
    Mas uma coisa eu falo "Depois que o vírus de pescar Tucunaré Açu na Amazônia entra no sangue não sai mais" rsrs
    E seguimos a vida pescando...
    Grande Abraço...
     
     
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabrício Biguá em Antes de comprar uma nova embarcação. Leiam.   
    Pessoal, 
    No meu modesto entender, o quesito a ser considerado em primeiro lugar na aquisição de um barco novo ou usado é o da SEGURANÇA, e penso assim por ter uma certa idade e navegar em águas complicadas na Amazônia. Vejo  muitos falarem em comprar um barco leve, visando a um melhor desempenho, etc. Enxergo diferente, levo em consideração a espessura e o tipo de alumínio empregado, o processo de fabricação, o arranjo geral e as demais características do barco, como pontal, boca e estilo de popa e proa e finalmente o formato da base de contato com o meio hídrico.
    Cada um tem sua própria visão, mas defendo esses pontos pelo seguinte:
    a) a espessura e o tipo de alumínio são importantes. A chapa naval (liga 5052) é quase tão dura e resistente como o aço, embora mais leve. A espessura ideal, à sua vez, deve ser de 2 mm para barcos comuns de até 24 pés. Se o casco for tipo Lancha, a espessura deve subir para 3 mm na área de contato com a água, isto é, no fundo do barco. As bordas admitem menor espessura, porém no mesmo material;
    b) o processo de fabricação nacional parou na era do Titanic, com barcos montados na base dos rebites, o que resulta numa menor resistência mecânica e estrutural e determina a ocorrência de infiltrações provocadas por solturas dos rebites. O ideal é comprar barcos soldados, que não oferecem tais problemas;
    c) o arranjo geral do barco deve facilitar a movimentação dos ocupantes. Assim, deve-se evitar a compra de barcos com bancos que se estendam de bordo a bordo, atravessando por inteiro a boca. Com isso, você previne acidentes causados por quedas e tropeções proporcionados por tais bancos, além do evidente desconforto e incômodo;
    c) o pontal é a medida do bordo do barco, e nunca deve ser inferior a 45 cm. Daí pra frente, sua altura deve ser compatível com o desenho do barco e as características dos locais onde navegará;
    d) o desenho da proa, embora facultativo, deve considerar a facilidade de embarque e desembarque de pessoas e cargas, além do aproveitamento desse espaço;
    e) a popa, preferencialmente, deve ser do tipo "lavada", que separa o motor da área de circulação, além de impedir a penetração de água no barco em situações de paradas bruscas, principalmente;
    f) o formato do fundo do barco é importante, já que tanto os de fundo chato como os com "V" muito acentuados devem ser evitados, salvo nas exceções, como lagoas, pequenas represas, onde a chatinha vai bem. Já em águas profundas e turbulentas o casco em "V" acentuado é mais que necessário, senão a estabilidade do barco vai pro brejo, é acidente feio na certa. Em geral, a escolha deve levar em conta o tipo de água em que você irá navegar. Rios rasos e com bancos de areia e pedrais recomendam barcos de menor calado (ângulo em "V" menor em relação à quilha). Rios mais profundos e isentos dessas características aceitam muito bem formados com "V" ligeiramente acentuados, mas nesses casos, é bom verificar as medidas verticais do espelho de popa e o que seu motor exige sem provocar empopamento ou cavitação.
    É o que tenho para contribuir com esse tema muito oportuno.
    Abraços do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia                  
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    Gilbertinho recebeu reputação de Anderson Luis Ribeiro Blas em COMBUSTIVEL X ADULTERADO   
    Turma, a má qualidade da gasolina nacional se deve à adição do álcool, em proporções cada vez maiores. Como sabemos todos, o álcool, além de entupir dutos dos carburadores e bicos injetores, tem alto poder corrosivo, destruindo partes essenciais dos motores (qualquer motor, exceto os flex). Preocupado com o problema, pesquisei e descobri como eliminar o álcool e detergentes da gasolina comum, e o processo é simples e está ao alcance de qualquer um. Vai a receita: coloque num recipiente translúcido (utilizo garrafão de água) uma certa quantidade de gasolina comum (trabalho com 10 litros de cada vez). Acrescente água numa proporção de 50 a 100% da gasolina, tape a entrada com a tampa original ou com a mão, agite um pouco e deixe repousar por algum tempo, tipo 3 minutos. Verá que a gasolina pura separou-se do resto (álcool e detergentes), ficando na parte superior do recipiente. Introduza então uma mangueira até o fundo e faça o procedimento de transbordo da substância esbranquiçada (álcool, detergentes e água) até que só reste a gasolina (já purificada) no recipiente. Você perceberá uma redução de 20-30% da quantidade de gasolina original, que é precisamente o que havia sido acrescentado. Aí terminam os problemas de corrosão, entupimento de dutos e formação da nódoa que percebemos nas cubas dos carburadores, e o desempenho dos motores será bem melhor, compensando a perda de parte da gasolina então purificada. O que sobrou não presta nem para matar formigas.
    Espero que o comentário ajude.       
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    Gilbertinho recebeu reputação de Walter José Souza em Tralhas Práticas e Funcionais de Cozinha - Fase II   
    Moçada,
    O Kedler, de Jundiaí, submeteu em agosto de 2014 aos ilustres e experientes membros deste Fórum um pedido de sugestões para refeições práticas para um dia de pescaria, evitando essa desagradável e inoportuna tarefa de cozinhar enquanto os peixes ficam “batendo” na água. Uma segunda motivação do Kedler, por certo, tinha como fundamento a preocupação com o consumo de lanchinhos rápidos que não caem bem no estômago e podem fazer mal à saúde, tipo pão com salame, queijo ou mortadela, salgadinhos de beira de estrada, etc.

    O Marcelo deu ótimas dicas para tais refeições. Apesar disso, quando li o conteúdo global do tópico, respeitosamente discordei de tudo, porque minha tralha ideal de cozinha (incluindo ingredientes e serviços terceirizados), para um dia de pesca é muito diferente, e aí submeto a vocês como procedo nesses casos, e gostaria muito de contar com a valiosa colaboração dos membros do FTB visando ao aprimoramento do meu "modelito" básico. Então aí vai:

    Requisitos para 1 dia de pescaria, para um máximo de 3 pescadores:

    1) Uma cozinheira em tempo integral, de preferência mineira, que sabe cozinhar como ninguém, e de quebra pode até preencher uma certa demanda íntima, desde que haja notória afinidade. Nada na marra;

    2) um conjunto de 60 peças de panelas, caldeirões, frigideiras, leiteiras e outros trecos de alumínio batido;

    3) um fogão de 6 bocas. Se não der, um fogão caipira serve;

    4) duas botijas de gás 13 kg ou 4 metros cúbicos de madeira seca ou briquetes;

    5) 10 kh de costeleta de porco defumada e pertences para algumas feijoadas;

    6) 12 kg de filé maturado e 18 kh de linguicinhas da Sadia;

    7) 6 pacotes de arroz de 5 kg
    8) 12 pacotes de 1 kg de macarrão com ovos; 
    9) temperos, legumes, frutas e verduras em geral e muita farinha e ingredientes para algumas pizzas e outras guloseimas, sem esquecer o queijo pra fazer uns pãezinhos;

    10) 12 engradados de cerveja por pessoa e uma garrafa de tubaína de 2 litros para a cozinheira;
    11) 6 garrafas de birita e,
    12) uma churrasqueira tamanho família e carvão pra cacete.
     *********
    Brincadeiras à parte, entendo que o ingresso cotidiano de novos membros do Fórum justifica que esse tema seja resgatado e atualizado com antigas e novas sugestões dos mais experientes. Gostei muito e aprendi com as sugestões que o Gustavo fez a época, visto que ele recomendou o uso de uma churrasqueira para dar conta do recado, e creio que uma a bafo, dessas próprias para barcos deve cair como uma luva. Ele asseverou também que até o arroz pode ser cozido numa garrafa Pet. Nunca experimentei, mas sei que dá certo, inclusive contendo água, ela pode até ser levada ao fogo direto que não derrete. Acompanha uma dica: se precisar purificar a água, esse procedimento também pode ser feito, aprendi num documentário do tipo salve-se quem puder. O tópico original ainda está ativo, quem não o acessou deve fazê-lo. Peço encarecidamente que o Marcelo e os demais membros sérios e experientes do FTB alimentem com informações adequadas este espaço agora reaberto, diante da importância de suas dicas para uma pescaria rapidinha.  

    Aproveito par aduzir que também li no tópico postado pelo Kedler uma sugestão de se fazer uma fogueira e daí partir para o crime. Funciona e é prático, mas se tiver chovido vai ser difícil achar lenha seca e se estiver chovendo então...
    Ah, tem mais um lembrete, metade sério e metade besteirol: parte séria: nunca se deve cozinhar utilizando gasolina ou coisa semelhante, nem que seja para iniciar o fogo. O gosto vai passar pro rango, e do rango pra você, aí pode ser que seja obrigado a fazer uma visitinha ao médico. parte do besteirol: se apesar de tudo você revolver utilizar algo inflamável para iniciar uma fogueira ou uma churrasqueira, opte pela cola de sapateiro, que além de altamente inflamável e te deixar mais doente ainda, restará como consolo o "barato" que a cola dá. Ao menos, é o que diz a molecada, ainda não testei.  
    Fico por aqui.

    Abraço do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia


     
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    Gilbertinho recebeu reputação de FabianoTucunare em Nota de falecimento - Deyvid (filho do Kojak)   
    Toda vez que um amante da pesca morre, a mãe natureza também morre um pouquinho mais, porque perde um defensor de sua integridade. Além disso, é por demais doloroso ver um pai enterrar o filho, é a subversão da ordem natural de coisas que escapam ao nosso limitado controle. Que Deus receba o Deyvid em sua infinita misericórdia e leve paz e consolação a seus pais, irmãos e amigos.
    Sinceramente,
    Gilbertinho  
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    Gilbertinho recebeu reputação de Joanisson Emanuel em O que usar pra tirar vazamentos em barco de alumínio?   
    Retire estrados e qualquer coisa que cubra o alumínio no interior do barco. coloca o bicho n'água e marque com canetinhas de escrever em mídia de CD/DVD os pontos de infiltração. Se quiser, pode usar esmalte para unha, marca muito bem. Retire o barco d'água, deixe secar, limpe com pano embebido em gasolina os pontos identificados e aí você pode vedar com Durepox, Veda-Calha,  e Massa plástica para veículos. Nunca use nada de silicone, não presta pra isso. A sugestão de rebater ou substituir rebites soltos é muito boa, mas se for fazer isso, introduza massa de vedação entre as chapas imediatamente antes de rebater ou trocar o rebite.
    Espero ter ajudado.
    Gilbertinho   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Reginaldo Ti Náutica em [Transformação do 40hp Mercury p/ 50hp] FAÇA VOCÊ MESMO   
    Pô, Régis, pensei que o curso era gratuito, e que sua empresa se beneficiaria com a venda de peças e componentes para a transformação, mas me enganei por completo. Peço desculpas.
    Gilbertinho  
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    Gilbertinho recebeu reputação de Reginaldo Ti Náutica em [Transformação do 40hp Mercury p/ 50hp] FAÇA VOCÊ MESMO   
    Reginaldo, faz algum tempo que estou tentando acessar as vídeo-aulas, sem sucesso. É pedido um login que eu não tenho, e quando forneço o endereço de email para envio de uma nova senha, é informado que não é localizado tal endereço, e aí "fico na sarjeta". O que fazer?
    Gilbertinho
  10. Upvote
    Gilbertinho recebeu reputação de Anderson Luis Ribeiro Blas em "Causus Inesquecíveis"   
    Mais um "causu" pra narrar pros colegas pescadores. Lá vai:
     Numa temporada que fiquei nas cercanias de Novo Airão, cidadezinha localizada na margem direita do do curso médio do Rio Negro, conheci muita gente, principalmente o pessoal dos estaleiros navais que haviam por lá. Como se sabe, Novo Airão congregava os melhores carpinteiros navais da Amazônia, tanto que o imortal (o cara não morre mesmo) Roberto Carlos mandou construir o Lady Laura I naquela cidade, lá pelos idos de 1980. Aprendi muitas coisas relacionadas à construção das embarcações de Itaúba Preta, madeira de excepcional maleabilidade e durabilidade no contato permanente com a água. Pra constar, assimilei o nome de áreas específicas e de componentes dos barcos aqui fabricados, tais como "Bailé de Proa ou de Popa" (são os tradicionais decks de vante e ré); o "Redondo" (estrutura em semi-círculo que circunda o comando do barco); o "Passadiço" (área de circulação de pessoas); o "Pavés" (peça horizontal que se estende pelos bordos); a "Escoa" (reforço interno longitudinal, fixado abaixo da borda do barco, sob o Pavés, que é o acabamento); o "Verdugo" (viga externa parafusada ao longo da lateral do barco, pouco acima da linha d'água, conferindo-lhe resistência mecânica); o "Jacaré" (viga interna que vai da parte final da sobrequilha até o final da popa, é onde é instalado o Pé de Galinha" dos motores de centro e o eixo de transmissão); os "Bracejames" (cavernas do barco) e, por último, o "Quebra-mar" (viga de madeira que une as laterais na proa e constitui parte estrutural importante do barco). Ufa!! Tem mais, porém de memória foi o que saiu.      
    Voltando à narrativa central do causu, após o breve relato sobre as peculiaridades dos barcos amazônicos tradicionais, lembro de um cliente tradicionais desses estaleiros. Era o Moacir Fortes, um negão alto e forte, de meia idade e já grisalho, que trabalhava com o turismo de contemplação, recebendo sempre comitivas reais europeias e muitos outros governantes estrangeiros que queriam conhecer a Amazônia, pagando os pacotes a peso de ouro. Cada viagem abrigava comitivas de até 14 gringos. Moacir tinha alguns barcos com excelente acabamento, infraestrutura e serviços, todos numa média de 25/30 metros de comprimento. O nome genérico de batismo de seus barcos era "Cichla Ocellaris" (Tucunaré), todos pintados em branco e verde, e o que distingua um do outro eram os numerais romanos, de I a VI.
    Bom de prosa e ótimo contador de histórias, com vastíssima experiência na navegação dos grandes rios da Amazônia, principalmente o Solimões, Negro e Amazonas e seus principais afluentes, levou-me a aprender muito das características de cada rio da região, por exemplo, quais tinham mais "pragas" (pernilongos, aqui chamados carapanãs, piuns, mutucões e morcegos hematófagos), a localização dos principais pedrais, os baixões de areia, quais as cidades ou vilas mais festeiras e as que tinham as garotas mais bonitas, mais "generosas", e boas de dança e cachaça, indo por aí afora. Uma verdadeira enciclopédia.
    Perguntado dos locais recônditos bons de atracação (me interessava saber porque eu morava num pequeno iate de 16 metros e vadiava de um canto a outro), ele respondeu que praticamente todos os locais livres de pedrais e árvores altas eram bons para atracação, mas que ele tinha uma receita infalível para descobrir tais locais. Era assim: já no finalzinho das tardes, quando a gente procura um local seguro para se abrigar durante a noite, ele chamava um certo tripulante do barco, de prenome Zé. Aí perguntava a ele: "Zé, onde você acha seguro a gente atracar para passar a noite? Então o Zé, todo solícito, olhava com redobrada atenção ao longo das margens e vaticinava: "Seu Moacir, bem ali, ó. Não tem zebra! Então o Moacir mandava chamar o comandante e instruía: "Fulano, pode parar em qualquer lugar, menos onde o Zé mandou, porque é certeza que lá vamos topar numa pedra ou uma árvore vai cair em cima do barco. É sempre assim."
    O interessante é que o Zé, caboclo humilde, "da beira", como a gente costuma chamar, não se chateava com isso. Ao contrário, sempre cumpria ao pé da letra o que o Moacir mandava nessas ocasiões. Não sei se a memória dele era muito curta, ou se levava na esportiva. Na dúvida, fico com a segunda opção, mas nunca soube se ele em alguma oportunidade acertou onde atracar, mas é certo que o Moacir nunca foi na dele.
    Deixo um abraço a todos.
    Gilbertinho   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabrício Biguá em "Causus Inesquecíveis"   
    Bem, como este espaço é pra falar de tudo, trago para a turma uma das muitas experiências engraçadas e inesquecíveis que marcaram minha vida de pescador. Então lá vai:
    Lá pelos idos de 1970, quem morava em Sampa tinha como destino obrigatório de pesca as represas que circundavam a Grande São Paulo. Dentre estas, a Billings se destacava por seu tamanho e pela fama de deter grandes estoques de tilápias do nilo. Quem se lembra, sabe que havia muitos pontos de pesca dispersos na rodovia que ia até o alto da serra, nem me lembro direito, mas acho que era a estrada velha de Santos. Numa oportunidade, começo da vida de pescador, fiz parte de um grupo de malucos que pretendiam pescar nas proximidades do km 42 da estrada. O planejamento era o seguinte: iríamos de carro até o 42, entraríamos de carro numa trilha à esquerda até onde desse, e de lá seguiríamos em fila indiana pela mata até encontrar a represa, e assim foi feito. Cada qual juntou sua tralha, e levamos uma lona para armar acampamento, já que pretendíamos voltar só no final do dia seguinte. Como sempre, caía a chuva miúda e persistente típica da região serrana, levando um tal de "seu" Pedro - já de meia-idade, a olhar para o céu e praguejar: "Ô São Pedro Filho de uma P...". A gente quase nunca sai de casa e quando sai você mete os pés no balde, P.. que o Pariu!
    O resto da turma, 4 malucos, eu incluso, seguíamos andando em respeitoso silêncio, até que finalmente nos deparamos com a represa. Mata fechada, lugar muito isolado, parecia perfeito para uma excelente pescaria, mas nada disso. Logo de cara, o tal "seu" Pedro pisou em falso e caiu feito uma abóbora dentro d'água, molhando tudo, da cueca ao paletó que vestia. Socorremos o coitado, estendemos a lona e cobrimos as tralhas e a boia que levávamos. Como todo bom paulistano, cada um tratou logo de preparar as "armas" e e explorar a margem da represa na busca por um local promissor e sem concorrência, menos o velho, que tremia como vara verde, todo ensopado. Não demorou até que um maluco voltasse ao acampamento e desse uma grande notícia: havia encontrado uma enorme colmeia num tronco dentro d'água, cujo mel vertia às pamparras. Combinamos então que na semana seguinte voltaríamos preparados para retirar o mel. Ocorre que na comitiva havia um português, que trabalhava numa padaria em Santo André, que logo vaticinou; "que semana que vem nada! Vamos tirar o mel aqui e agora! " Antevendo que ia dar pra cabeça, me escondi rapidinho sob a lona, junto com o velho e assisti aos preparativos: capa de chuva, sacolas plásticas presas com elásticos cobrindo as mãos, galochas, uma faca e uma panela, e lá vai o português, seguido de perto pelo descobridor da colmeia. Fiquei a tudo observando por um pequeno buraco que havia na lona, e de repente meus temores se confirmaram. As abelhas conseguiram entrar dentro da roupa do português que, desesperado, abraçou o tronco e o quebrou, provocando um salseiro que jamais vi igual. Abelha pra todo lado, nego correndo sem rumo pela mata, até que o velho, curioso, resolveu levantar a aba do abrigo para ver o que acontecia, e aí as abelhas entraram e nos botaram pra correr também mata adentro. Passado algum tempo, respiração ofegante, olhos e ouvidos atentos, a mata silenciou. Alguém um pouco distante assoviou, e respondemos do mesmo modo, e fomos nos aproximando, até que todos estivessem reunidos, exceto pelo português, que ninguém vira nem ouvira. Decidimos então fazer uma varredura na direção em que ele correu, encontrando-o depois de algum tempo deitado de costas sobre uma moita de capim. Acho que desmaiara por conta das ferroadas que levou, foram 52 ao todo, e passamos um bom tempo retirando os ferrões das abelhas. Na verdade, ninguém escapou de tomar ferroadas, mas o português bateu todos os recordes. Depois dessa, resolvemos levantar acampamento e voltar para Sampa, cada um tomando o destino de casa, todo mundo ralado. Dias depois fiquei sabendo que o portuga havia sido internado para se recuperar, quase bateu as botas. Jamais soube de alguém que tenha voltado lá pra recolher as tralhas de pesca ou procurar os favos de mel. Melhor assim.
    Como pescador, não posso nem jurar que os fatos narrados são reais, mas verdadeiramente o são.
    Abraço do Gilbertinho
     
     
               
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabrício Biguá em "Causus Inesquecíveis"   
    Mais um "causu" pra narrar pros colegas pescadores. Lá vai:
     Numa temporada que fiquei nas cercanias de Novo Airão, cidadezinha localizada na margem direita do do curso médio do Rio Negro, conheci muita gente, principalmente o pessoal dos estaleiros navais que haviam por lá. Como se sabe, Novo Airão congregava os melhores carpinteiros navais da Amazônia, tanto que o imortal (o cara não morre mesmo) Roberto Carlos mandou construir o Lady Laura I naquela cidade, lá pelos idos de 1980. Aprendi muitas coisas relacionadas à construção das embarcações de Itaúba Preta, madeira de excepcional maleabilidade e durabilidade no contato permanente com a água. Pra constar, assimilei o nome de áreas específicas e de componentes dos barcos aqui fabricados, tais como "Bailé de Proa ou de Popa" (são os tradicionais decks de vante e ré); o "Redondo" (estrutura em semi-círculo que circunda o comando do barco); o "Passadiço" (área de circulação de pessoas); o "Pavés" (peça horizontal que se estende pelos bordos); a "Escoa" (reforço interno longitudinal, fixado abaixo da borda do barco, sob o Pavés, que é o acabamento); o "Verdugo" (viga externa parafusada ao longo da lateral do barco, pouco acima da linha d'água, conferindo-lhe resistência mecânica); o "Jacaré" (viga interna que vai da parte final da sobrequilha até o final da popa, é onde é instalado o Pé de Galinha" dos motores de centro e o eixo de transmissão); os "Bracejames" (cavernas do barco) e, por último, o "Quebra-mar" (viga de madeira que une as laterais na proa e constitui parte estrutural importante do barco). Ufa!! Tem mais, porém de memória foi o que saiu.      
    Voltando à narrativa central do causu, após o breve relato sobre as peculiaridades dos barcos amazônicos tradicionais, lembro de um cliente tradicionais desses estaleiros. Era o Moacir Fortes, um negão alto e forte, de meia idade e já grisalho, que trabalhava com o turismo de contemplação, recebendo sempre comitivas reais europeias e muitos outros governantes estrangeiros que queriam conhecer a Amazônia, pagando os pacotes a peso de ouro. Cada viagem abrigava comitivas de até 14 gringos. Moacir tinha alguns barcos com excelente acabamento, infraestrutura e serviços, todos numa média de 25/30 metros de comprimento. O nome genérico de batismo de seus barcos era "Cichla Ocellaris" (Tucunaré), todos pintados em branco e verde, e o que distingua um do outro eram os numerais romanos, de I a VI.
    Bom de prosa e ótimo contador de histórias, com vastíssima experiência na navegação dos grandes rios da Amazônia, principalmente o Solimões, Negro e Amazonas e seus principais afluentes, levou-me a aprender muito das características de cada rio da região, por exemplo, quais tinham mais "pragas" (pernilongos, aqui chamados carapanãs, piuns, mutucões e morcegos hematófagos), a localização dos principais pedrais, os baixões de areia, quais as cidades ou vilas mais festeiras e as que tinham as garotas mais bonitas, mais "generosas", e boas de dança e cachaça, indo por aí afora. Uma verdadeira enciclopédia.
    Perguntado dos locais recônditos bons de atracação (me interessava saber porque eu morava num pequeno iate de 16 metros e vadiava de um canto a outro), ele respondeu que praticamente todos os locais livres de pedrais e árvores altas eram bons para atracação, mas que ele tinha uma receita infalível para descobrir tais locais. Era assim: já no finalzinho das tardes, quando a gente procura um local seguro para se abrigar durante a noite, ele chamava um certo tripulante do barco, de prenome Zé. Aí perguntava a ele: "Zé, onde você acha seguro a gente atracar para passar a noite? Então o Zé, todo solícito, olhava com redobrada atenção ao longo das margens e vaticinava: "Seu Moacir, bem ali, ó. Não tem zebra! Então o Moacir mandava chamar o comandante e instruía: "Fulano, pode parar em qualquer lugar, menos onde o Zé mandou, porque é certeza que lá vamos topar numa pedra ou uma árvore vai cair em cima do barco. É sempre assim."
    O interessante é que o Zé, caboclo humilde, "da beira", como a gente costuma chamar, não se chateava com isso. Ao contrário, sempre cumpria ao pé da letra o que o Moacir mandava nessas ocasiões. Não sei se a memória dele era muito curta, ou se levava na esportiva. Na dúvida, fico com a segunda opção, mas nunca soube se ele em alguma oportunidade acertou onde atracar, mas é certo que o Moacir nunca foi na dele.
    Deixo um abraço a todos.
    Gilbertinho   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Rodrigo Yamaguti em "Causus Inesquecíveis"   
    Bem, como este espaço é pra falar de tudo, trago para a turma uma das muitas experiências engraçadas e inesquecíveis que marcaram minha vida de pescador. Então lá vai:
    Lá pelos idos de 1970, quem morava em Sampa tinha como destino obrigatório de pesca as represas que circundavam a Grande São Paulo. Dentre estas, a Billings se destacava por seu tamanho e pela fama de deter grandes estoques de tilápias do nilo. Quem se lembra, sabe que havia muitos pontos de pesca dispersos na rodovia que ia até o alto da serra, nem me lembro direito, mas acho que era a estrada velha de Santos. Numa oportunidade, começo da vida de pescador, fiz parte de um grupo de malucos que pretendiam pescar nas proximidades do km 42 da estrada. O planejamento era o seguinte: iríamos de carro até o 42, entraríamos de carro numa trilha à esquerda até onde desse, e de lá seguiríamos em fila indiana pela mata até encontrar a represa, e assim foi feito. Cada qual juntou sua tralha, e levamos uma lona para armar acampamento, já que pretendíamos voltar só no final do dia seguinte. Como sempre, caía a chuva miúda e persistente típica da região serrana, levando um tal de "seu" Pedro - já de meia-idade, a olhar para o céu e praguejar: "Ô São Pedro Filho de uma P...". A gente quase nunca sai de casa e quando sai você mete os pés no balde, P.. que o Pariu!
    O resto da turma, 4 malucos, eu incluso, seguíamos andando em respeitoso silêncio, até que finalmente nos deparamos com a represa. Mata fechada, lugar muito isolado, parecia perfeito para uma excelente pescaria, mas nada disso. Logo de cara, o tal "seu" Pedro pisou em falso e caiu feito uma abóbora dentro d'água, molhando tudo, da cueca ao paletó que vestia. Socorremos o coitado, estendemos a lona e cobrimos as tralhas e a boia que levávamos. Como todo bom paulistano, cada um tratou logo de preparar as "armas" e e explorar a margem da represa na busca por um local promissor e sem concorrência, menos o velho, que tremia como vara verde, todo ensopado. Não demorou até que um maluco voltasse ao acampamento e desse uma grande notícia: havia encontrado uma enorme colmeia num tronco dentro d'água, cujo mel vertia às pamparras. Combinamos então que na semana seguinte voltaríamos preparados para retirar o mel. Ocorre que na comitiva havia um português, que trabalhava numa padaria em Santo André, que logo vaticinou; "que semana que vem nada! Vamos tirar o mel aqui e agora! " Antevendo que ia dar pra cabeça, me escondi rapidinho sob a lona, junto com o velho e assisti aos preparativos: capa de chuva, sacolas plásticas presas com elásticos cobrindo as mãos, galochas, uma faca e uma panela, e lá vai o português, seguido de perto pelo descobridor da colmeia. Fiquei a tudo observando por um pequeno buraco que havia na lona, e de repente meus temores se confirmaram. As abelhas conseguiram entrar dentro da roupa do português que, desesperado, abraçou o tronco e o quebrou, provocando um salseiro que jamais vi igual. Abelha pra todo lado, nego correndo sem rumo pela mata, até que o velho, curioso, resolveu levantar a aba do abrigo para ver o que acontecia, e aí as abelhas entraram e nos botaram pra correr também mata adentro. Passado algum tempo, respiração ofegante, olhos e ouvidos atentos, a mata silenciou. Alguém um pouco distante assoviou, e respondemos do mesmo modo, e fomos nos aproximando, até que todos estivessem reunidos, exceto pelo português, que ninguém vira nem ouvira. Decidimos então fazer uma varredura na direção em que ele correu, encontrando-o depois de algum tempo deitado de costas sobre uma moita de capim. Acho que desmaiara por conta das ferroadas que levou, foram 52 ao todo, e passamos um bom tempo retirando os ferrões das abelhas. Na verdade, ninguém escapou de tomar ferroadas, mas o português bateu todos os recordes. Depois dessa, resolvemos levantar acampamento e voltar para Sampa, cada um tomando o destino de casa, todo mundo ralado. Dias depois fiquei sabendo que o portuga havia sido internado para se recuperar, quase bateu as botas. Jamais soube de alguém que tenha voltado lá pra recolher as tralhas de pesca ou procurar os favos de mel. Melhor assim.
    Como pescador, não posso nem jurar que os fatos narrados são reais, mas verdadeiramente o são.
    Abraço do Gilbertinho
     
     
               
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabio Giovanoni em Navegar e dormir com segurança   
    Moçada, navego há 16 anos nas águas da Amazônia, a maioria das vezes a trabalho. Aprendi com os navegantes daqui algumas dicas de segurança que devem ser adotadas em situações extremas, especialmente diante de vendavais e temporais que a gente às vezes têm de enfrentar quando em navegação ou pernoites atracados em algum lugar (mesmo em vilas ou cidades ribeirinhas). Também já testemunhei e ouvi relatos de acidentes graves devido à desinformação ou excesso de confiança de muita gente. Passo então a transmitir alguns pontos (ou dicas) de como se deve proceder nas seguintes situações:
    a) caso esteja navegando em águas turbulentas em razão de vendavais ou temporais, busque abrigo junto à margem de onde vem o mau-tempo, ou seja, o vendaval com ou sem chuva. Quanto mais próximo desta, desde que respeite uma certa distância para não topar com algum tronco de árvore caída na beirada, mais seguro será seu deslocamento, já que a "coisa pega" no sentido da margem oposta ao temporal;
    b) se resolver amarrar o barco nalguma árvore para deixar a tempestade passar e depois seguir viagem, cuide para não fazer isso em local onde há árvores altas ou galhos grossos, que poderão tombar sobre o barco e mandar você para o fundo;
    c) a recomendação anterior também de aplica nos casos em que você pretenda pernoitar no rio ou represa ou ainda em uma vila ou cidade ribeirinha. Ainda que durante o dia não haja temporal, verifique por onde o vento "entra", então vá nesse rumo e atraque o barco também num local sem árvores grandes ou que tenham galhadas grossas que fiquem sobre o barco, pelo mesmo motivo anterior. Podem advir tempestades noturnas e aí também "a vaca vai pro brejo". E  não há nada pior que enfrentar isso quando não se enxerga nada;
    d) na hipótese de o temporal vir de jusante ou montante, isto é, subindo ou descendo o rio, o remédio é buscar abrigo numa baía ou afluente, observando nesses casos a mesma orientação: nunca atracar na margem oposta ao sentido do vento e nem sob árvores ou galhos de bom porte.
    Fico por aqui, deixando muita margem para os colegas navegantes acrescentarem o que esqueci ou ignoro. Apesar de integrar a Marinha Mercante, sei apenas um pouco do todo, e esse todo é muito extenso.
    Vai um abração do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo.   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Anderson Luis Ribeiro Blas em Navegar e dormir com segurança   
    Moçada, navego há 16 anos nas águas da Amazônia, a maioria das vezes a trabalho. Aprendi com os navegantes daqui algumas dicas de segurança que devem ser adotadas em situações extremas, especialmente diante de vendavais e temporais que a gente às vezes têm de enfrentar quando em navegação ou pernoites atracados em algum lugar (mesmo em vilas ou cidades ribeirinhas). Também já testemunhei e ouvi relatos de acidentes graves devido à desinformação ou excesso de confiança de muita gente. Passo então a transmitir alguns pontos (ou dicas) de como se deve proceder nas seguintes situações:
    a) caso esteja navegando em águas turbulentas em razão de vendavais ou temporais, busque abrigo junto à margem de onde vem o mau-tempo, ou seja, o vendaval com ou sem chuva. Quanto mais próximo desta, desde que respeite uma certa distância para não topar com algum tronco de árvore caída na beirada, mais seguro será seu deslocamento, já que a "coisa pega" no sentido da margem oposta ao temporal;
    b) se resolver amarrar o barco nalguma árvore para deixar a tempestade passar e depois seguir viagem, cuide para não fazer isso em local onde há árvores altas ou galhos grossos, que poderão tombar sobre o barco e mandar você para o fundo;
    c) a recomendação anterior também de aplica nos casos em que você pretenda pernoitar no rio ou represa ou ainda em uma vila ou cidade ribeirinha. Ainda que durante o dia não haja temporal, verifique por onde o vento "entra", então vá nesse rumo e atraque o barco também num local sem árvores grandes ou que tenham galhadas grossas que fiquem sobre o barco, pelo mesmo motivo anterior. Podem advir tempestades noturnas e aí também "a vaca vai pro brejo". E  não há nada pior que enfrentar isso quando não se enxerga nada;
    d) na hipótese de o temporal vir de jusante ou montante, isto é, subindo ou descendo o rio, o remédio é buscar abrigo numa baía ou afluente, observando nesses casos a mesma orientação: nunca atracar na margem oposta ao sentido do vento e nem sob árvores ou galhos de bom porte.
    Fico por aqui, deixando muita margem para os colegas navegantes acrescentarem o que esqueci ou ignoro. Apesar de integrar a Marinha Mercante, sei apenas um pouco do todo, e esse todo é muito extenso.
    Vai um abração do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo.   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Anderson Luis Ribeiro Blas em "Causus Inesquecíveis"   
    Bem, como este espaço é pra falar de tudo, trago para a turma uma das muitas experiências engraçadas e inesquecíveis que marcaram minha vida de pescador. Então lá vai:
    Lá pelos idos de 1970, quem morava em Sampa tinha como destino obrigatório de pesca as represas que circundavam a Grande São Paulo. Dentre estas, a Billings se destacava por seu tamanho e pela fama de deter grandes estoques de tilápias do nilo. Quem se lembra, sabe que havia muitos pontos de pesca dispersos na rodovia que ia até o alto da serra, nem me lembro direito, mas acho que era a estrada velha de Santos. Numa oportunidade, começo da vida de pescador, fiz parte de um grupo de malucos que pretendiam pescar nas proximidades do km 42 da estrada. O planejamento era o seguinte: iríamos de carro até o 42, entraríamos de carro numa trilha à esquerda até onde desse, e de lá seguiríamos em fila indiana pela mata até encontrar a represa, e assim foi feito. Cada qual juntou sua tralha, e levamos uma lona para armar acampamento, já que pretendíamos voltar só no final do dia seguinte. Como sempre, caía a chuva miúda e persistente típica da região serrana, levando um tal de "seu" Pedro - já de meia-idade, a olhar para o céu e praguejar: "Ô São Pedro Filho de uma P...". A gente quase nunca sai de casa e quando sai você mete os pés no balde, P.. que o Pariu!
    O resto da turma, 4 malucos, eu incluso, seguíamos andando em respeitoso silêncio, até que finalmente nos deparamos com a represa. Mata fechada, lugar muito isolado, parecia perfeito para uma excelente pescaria, mas nada disso. Logo de cara, o tal "seu" Pedro pisou em falso e caiu feito uma abóbora dentro d'água, molhando tudo, da cueca ao paletó que vestia. Socorremos o coitado, estendemos a lona e cobrimos as tralhas e a boia que levávamos. Como todo bom paulistano, cada um tratou logo de preparar as "armas" e e explorar a margem da represa na busca por um local promissor e sem concorrência, menos o velho, que tremia como vara verde, todo ensopado. Não demorou até que um maluco voltasse ao acampamento e desse uma grande notícia: havia encontrado uma enorme colmeia num tronco dentro d'água, cujo mel vertia às pamparras. Combinamos então que na semana seguinte voltaríamos preparados para retirar o mel. Ocorre que na comitiva havia um português, que trabalhava numa padaria em Santo André, que logo vaticinou; "que semana que vem nada! Vamos tirar o mel aqui e agora! " Antevendo que ia dar pra cabeça, me escondi rapidinho sob a lona, junto com o velho e assisti aos preparativos: capa de chuva, sacolas plásticas presas com elásticos cobrindo as mãos, galochas, uma faca e uma panela, e lá vai o português, seguido de perto pelo descobridor da colmeia. Fiquei a tudo observando por um pequeno buraco que havia na lona, e de repente meus temores se confirmaram. As abelhas conseguiram entrar dentro da roupa do português que, desesperado, abraçou o tronco e o quebrou, provocando um salseiro que jamais vi igual. Abelha pra todo lado, nego correndo sem rumo pela mata, até que o velho, curioso, resolveu levantar a aba do abrigo para ver o que acontecia, e aí as abelhas entraram e nos botaram pra correr também mata adentro. Passado algum tempo, respiração ofegante, olhos e ouvidos atentos, a mata silenciou. Alguém um pouco distante assoviou, e respondemos do mesmo modo, e fomos nos aproximando, até que todos estivessem reunidos, exceto pelo português, que ninguém vira nem ouvira. Decidimos então fazer uma varredura na direção em que ele correu, encontrando-o depois de algum tempo deitado de costas sobre uma moita de capim. Acho que desmaiara por conta das ferroadas que levou, foram 52 ao todo, e passamos um bom tempo retirando os ferrões das abelhas. Na verdade, ninguém escapou de tomar ferroadas, mas o português bateu todos os recordes. Depois dessa, resolvemos levantar acampamento e voltar para Sampa, cada um tomando o destino de casa, todo mundo ralado. Dias depois fiquei sabendo que o portuga havia sido internado para se recuperar, quase bateu as botas. Jamais soube de alguém que tenha voltado lá pra recolher as tralhas de pesca ou procurar os favos de mel. Melhor assim.
    Como pescador, não posso nem jurar que os fatos narrados são reais, mas verdadeiramente o são.
    Abraço do Gilbertinho
     
     
               
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabrício Biguá em Navegar e dormir com segurança   
    Moçada, navego há 16 anos nas águas da Amazônia, a maioria das vezes a trabalho. Aprendi com os navegantes daqui algumas dicas de segurança que devem ser adotadas em situações extremas, especialmente diante de vendavais e temporais que a gente às vezes têm de enfrentar quando em navegação ou pernoites atracados em algum lugar (mesmo em vilas ou cidades ribeirinhas). Também já testemunhei e ouvi relatos de acidentes graves devido à desinformação ou excesso de confiança de muita gente. Passo então a transmitir alguns pontos (ou dicas) de como se deve proceder nas seguintes situações:
    a) caso esteja navegando em águas turbulentas em razão de vendavais ou temporais, busque abrigo junto à margem de onde vem o mau-tempo, ou seja, o vendaval com ou sem chuva. Quanto mais próximo desta, desde que respeite uma certa distância para não topar com algum tronco de árvore caída na beirada, mais seguro será seu deslocamento, já que a "coisa pega" no sentido da margem oposta ao temporal;
    b) se resolver amarrar o barco nalguma árvore para deixar a tempestade passar e depois seguir viagem, cuide para não fazer isso em local onde há árvores altas ou galhos grossos, que poderão tombar sobre o barco e mandar você para o fundo;
    c) a recomendação anterior também de aplica nos casos em que você pretenda pernoitar no rio ou represa ou ainda em uma vila ou cidade ribeirinha. Ainda que durante o dia não haja temporal, verifique por onde o vento "entra", então vá nesse rumo e atraque o barco também num local sem árvores grandes ou que tenham galhadas grossas que fiquem sobre o barco, pelo mesmo motivo anterior. Podem advir tempestades noturnas e aí também "a vaca vai pro brejo". E  não há nada pior que enfrentar isso quando não se enxerga nada;
    d) na hipótese de o temporal vir de jusante ou montante, isto é, subindo ou descendo o rio, o remédio é buscar abrigo numa baía ou afluente, observando nesses casos a mesma orientação: nunca atracar na margem oposta ao sentido do vento e nem sob árvores ou galhos de bom porte.
    Fico por aqui, deixando muita margem para os colegas navegantes acrescentarem o que esqueci ou ignoro. Apesar de integrar a Marinha Mercante, sei apenas um pouco do todo, e esse todo é muito extenso.
    Vai um abração do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo.   
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    Gilbertinho recebeu reputação de Fabrício Biguá em [Dúvida] Motor E-Tec, é bom?   
    Olá, galera! Tenho um Evinrude E-Tec 115, e é pra lá de bom. Tive e tenho outras marcas e potências, mas ele é o galo do terreiro. Quanto à má qualidade da Mijolina da Dilma, eu processo tudo o que vai no tanque (idem para motor de moto e outros motores a explosão, exceto os flex). Basta se dar ao trabalho de comprar a gasolina comum, misturar com 50% de água em um garrafão translúcido, agitar um pouco e deixar em repouso. Logo a seguir, você verá a gasolina pura subir e se separar do álcool e detergentes que foram acresentados. Meta uma mangueira fina até o fundo do garrafão e drene a meleca esbranquiçada e aquosa que fica abaixo da gasolina e, PRONTO!  Agora você terá um combustível puro, que vai melhorar o desempenho da máquina e evitar a corrosão de carburadores e bicos injetores e o entupimento de cubas e os dutos da linha de combustível. Note que aproximadamente 30% do que você comprou no posto é porcaria adicionada que vai pro lixo, de cada 10 litros que processo consigo 7 de gasolina pura, mas compensa nos resultados da performance da máquina e na economia com peças e mecânica.
    Abraços do Gilbertinho     
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    Gilbertinho recebeu reputação de Anderson Luis Ribeiro Blas em Crime ambiental - Redes de pesca - Represa de Atibainha - Nazaré Paulista - SP   
    Caríssimo Renato Barreto, você tem razão ao se sentir indignado com o ocorrido na represa de Atibainha. Contudo, essa orientação que recebeu dos amigos da Polícia Ambiental é, antes de tudo, irresponsável e temerária. Isso porque as ações que eles disseram que você pode tomar, rasgando redes e destruindo-as, são flagrantemente ilegais. Tais medidas, ainda que pudessem ser tomadas, constituem prerrogativas exclusivas de autoridades investidas de poder de polícia administrativa. Vou além: nem mesmo tais autoridades podem levar a efeito ações dessa ordem. Pela lei, podem apreender e recolher os petrechos proibidos e aguardar o trânsito em julgado do episódio que ensejou a ação policial. Somente vencidos esses passos fixados em lei a administração pública deliberará sobre a destinação do material apreendido. Veja que a Constituição Federal determina que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O que cabe a qualquer cidadão que constate uma ilicitude, é apenas acionar a autoridade competente para a tomada de providências. Caso esse tipo de episódio ocorra novamente, sugiro que levante o máximo de informações acerca do potencial criminoso ambiental, obtenha fotos que comprovem o crime e procure quem de direito, e nesse caso, recomendo o Ministério Público, que receberá a Denuncia de Crime e adotará as medidas cabíveis. É o melhor caminho a seguir.
    Observo que comandei a fiscalização ambiental no Mato Grosso entre meados de 1980 e 1990, e conheço muito bem esse assunto. A última coisa que gostaria de ver seria um apaixonado pela pesca amadora, preferencialmente esportiva, como você, seguir uma orientação descabida de autoridade policial. Se quiser comprovar se eu tenho razão, peça para algum de seus amigos policiais para, em documento oficial, reafirmar as instruções que lhe passaram. Já sei a resposta, você não.
    Deixo um forte abraço e um pedido especial que leve em consideração esta manifestação. Não faça nada que possa lhe prejudicar.       
             
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    Gilbertinho recebeu reputação de Rogério Araujo Pinheiro em Crime ambiental - Redes de pesca - Represa de Atibainha - Nazaré Paulista - SP   
    Caríssimo Renato Barreto, você tem razão ao se sentir indignado com o ocorrido na represa de Atibainha. Contudo, essa orientação que recebeu dos amigos da Polícia Ambiental é, antes de tudo, irresponsável e temerária. Isso porque as ações que eles disseram que você pode tomar, rasgando redes e destruindo-as, são flagrantemente ilegais. Tais medidas, ainda que pudessem ser tomadas, constituem prerrogativas exclusivas de autoridades investidas de poder de polícia administrativa. Vou além: nem mesmo tais autoridades podem levar a efeito ações dessa ordem. Pela lei, podem apreender e recolher os petrechos proibidos e aguardar o trânsito em julgado do episódio que ensejou a ação policial. Somente vencidos esses passos fixados em lei a administração pública deliberará sobre a destinação do material apreendido. Veja que a Constituição Federal determina que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O que cabe a qualquer cidadão que constate uma ilicitude, é apenas acionar a autoridade competente para a tomada de providências. Caso esse tipo de episódio ocorra novamente, sugiro que levante o máximo de informações acerca do potencial criminoso ambiental, obtenha fotos que comprovem o crime e procure quem de direito, e nesse caso, recomendo o Ministério Público, que receberá a Denuncia de Crime e adotará as medidas cabíveis. É o melhor caminho a seguir.
    Observo que comandei a fiscalização ambiental no Mato Grosso entre meados de 1980 e 1990, e conheço muito bem esse assunto. A última coisa que gostaria de ver seria um apaixonado pela pesca amadora, preferencialmente esportiva, como você, seguir uma orientação descabida de autoridade policial. Se quiser comprovar se eu tenho razão, peça para algum de seus amigos policiais para, em documento oficial, reafirmar as instruções que lhe passaram. Já sei a resposta, você não.
    Deixo um forte abraço e um pedido especial que leve em consideração esta manifestação. Não faça nada que possa lhe prejudicar.       
             
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    Gilbertinho recebeu reputação de Tiago Dominicci em Crime ambiental - Redes de pesca - Represa de Atibainha - Nazaré Paulista - SP   
    Caríssimo Renato Barreto, você tem razão ao se sentir indignado com o ocorrido na represa de Atibainha. Contudo, essa orientação que recebeu dos amigos da Polícia Ambiental é, antes de tudo, irresponsável e temerária. Isso porque as ações que eles disseram que você pode tomar, rasgando redes e destruindo-as, são flagrantemente ilegais. Tais medidas, ainda que pudessem ser tomadas, constituem prerrogativas exclusivas de autoridades investidas de poder de polícia administrativa. Vou além: nem mesmo tais autoridades podem levar a efeito ações dessa ordem. Pela lei, podem apreender e recolher os petrechos proibidos e aguardar o trânsito em julgado do episódio que ensejou a ação policial. Somente vencidos esses passos fixados em lei a administração pública deliberará sobre a destinação do material apreendido. Veja que a Constituição Federal determina que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O que cabe a qualquer cidadão que constate uma ilicitude, é apenas acionar a autoridade competente para a tomada de providências. Caso esse tipo de episódio ocorra novamente, sugiro que levante o máximo de informações acerca do potencial criminoso ambiental, obtenha fotos que comprovem o crime e procure quem de direito, e nesse caso, recomendo o Ministério Público, que receberá a Denuncia de Crime e adotará as medidas cabíveis. É o melhor caminho a seguir.
    Observo que comandei a fiscalização ambiental no Mato Grosso entre meados de 1980 e 1990, e conheço muito bem esse assunto. A última coisa que gostaria de ver seria um apaixonado pela pesca amadora, preferencialmente esportiva, como você, seguir uma orientação descabida de autoridade policial. Se quiser comprovar se eu tenho razão, peça para algum de seus amigos policiais para, em documento oficial, reafirmar as instruções que lhe passaram. Já sei a resposta, você não.
    Deixo um forte abraço e um pedido especial que leve em consideração esta manifestação. Não faça nada que possa lhe prejudicar.       
             
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    Gilbertinho recebeu reputação de Rogério Araujo Pinheiro em Crime ambiental - Redes de pesca - Represa de Atibainha - Nazaré Paulista - SP   
    Turma, o caso é complicado, e posso contribuir com o seguinte: A CF/1988 estabelece que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer coisa alguma senão em virtude de lei". Aí começa o problema. A lei ambiental federal (9605/1998) não proíbe a pesca com redes, tarrafas e espinhéis, e SP segue à risca o que preceitua a referida lei, abrindo mão de sua competência constitucional de editar leis pesqueiras mais restritivas, o que deveria ter feito há muito tempo. Assim, diante desse cenário jurídico-normativo, a fiscalização ambiental nada pode fazer, à luz da falta de lastro jurídico. Pessoalmente, fui co-autor e executor da lei da pesca de Mato Grosso, que proibia o uso de espinhéis e qualquer aparelho de malha, exceto tarrafas para iscas, com resultados excepcionais entre 1995 e 2.000, estou desatualizado desde que me mudei para Roraima, onde fui autor da lei de pesca estadual, por sinal bem restritiva no que concerne à pesca predatória. Creio que a solução do problema apresentado no tópico perpassa pela formação de um lobby organizado para reivindicar junto a deputados estaduais (especialmente da Comissão de Meio Ambiente), a edição de lei que efetivamente promova a recuperação, proteção e preservação do que resta de sua exaurida ictiofauna.           
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    Gilbertinho recebeu reputação de Octávio Amaral em Crime ambiental - Redes de pesca - Represa de Atibainha - Nazaré Paulista - SP   
    Turma, o caso é complicado, e posso contribuir com o seguinte: A CF/1988 estabelece que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer coisa alguma senão em virtude de lei". Aí começa o problema. A lei ambiental federal (9605/1998) não proíbe a pesca com redes, tarrafas e espinhéis, e SP segue à risca o que preceitua a referida lei, abrindo mão de sua competência constitucional de editar leis pesqueiras mais restritivas, o que deveria ter feito há muito tempo. Assim, diante desse cenário jurídico-normativo, a fiscalização ambiental nada pode fazer, à luz da falta de lastro jurídico. Pessoalmente, fui co-autor e executor da lei da pesca de Mato Grosso, que proibia o uso de espinhéis e qualquer aparelho de malha, exceto tarrafas para iscas, com resultados excepcionais entre 1995 e 2.000, estou desatualizado desde que me mudei para Roraima, onde fui autor da lei de pesca estadual, por sinal bem restritiva no que concerne à pesca predatória. Creio que a solução do problema apresentado no tópico perpassa pela formação de um lobby organizado para reivindicar junto a deputados estaduais (especialmente da Comissão de Meio Ambiente), a edição de lei que efetivamente promova a recuperação, proteção e preservação do que resta de sua exaurida ictiofauna.           
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    Gilbertinho recebeu reputação de Evandro P. F. de Camargo em MANEJO DO TUCUNARÉ   
    Uma questão que se põe aos amantes da pesca do Tucunaré (vale para qualquer peixe), é o modo correto de lidar com o animal, considerando o todo das ações que culminam em sua reintrodução ao ambiente aquático. Evidentemente, há um diferencial quando a captura visa atividades de ordem científica, mas neste espaço me limito a discorrer sobre o manejo que o pescador esportivo deve adotar para preservar a integridade da saúde do peixe esportivamente capturado. É que comumente me deparo com fotos exibindo o peixe na vertical, ou em ângulo bem aproximado, e não é preciso ser cientista para concluir que se o peixe vive sempre na posição horizontal, qualquer alteração abrupta pode levar a consequências orgânicas bem mais graves que o já conhecido estresse da captura. Essa constatação está levando muitos aficionados a incorporarem em sua tralha uma espécie de maca, de pouco pais de um metro de comprimento, utilizando-a quando do embarque e reintrodução do peixe, mantendo-o sempre na horizontal também nas sessões fotográficas e nas atividades de obtenção de dados e medidas.              
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