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Gilbertinho

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Tudo que Gilbertinho postou

  1. Nem tudo que reluz é ouro. Li comentários elogiosos aos barcos americanos, porém eu tenho um Jet Boat da Yamaha de 20 pés, 270 HP, fabricado nos EUA, muitíssimo bem projetado e fabricado, tudo de primeira linha. Contudo, chama a atenção uma falha de projeto em relação a bateria, disposta numa das laterais do compartimento dos motores, o que, a meu juízo, representa claro risco de incêndio, já que a linha de combustível está bem próxima. A boa ventilação do compartimento, distribuída em duas saídas laterais elimina a formação e acúmulo de gases, mas o problema está no combustível líquido propriamente dito. Em razão disso, antes de usar novamente a lancha, vou tratar de reposicionar a bateria, possivelmente no receptáculo disponível da extremidade da proa. No mais, foi ótimo e muito oportuno o Diego trazer esse assunto à tona; primeiro, porque as outras lanchas do meu acervo (3) tem os mesmos defeitos aqui destacados. Segundo, porque estou nesse momento construindo outra cabinada de 25 pés, em alumínio naval para meu uso (paixão por náutica ). Vou cuidar bem desses detalhes, o que todos os fabricantes brasileiros deveriam fazer em benefício da qualidade de seus produtos. Agradeço, Diego. Gilbertinho da Amazônia
  2. Rapaziada, Numa ocasião fui pescar no Pantanal na chalana de um amigo que explorava pacotes de pesca. Quando "juntei" a primeira cachara, minha preocupação era medi-la e, para tanto, abri a caixa de pesca pra pegar a fita métrica da briguenta (pequei da tralha de costura sem ela perceber), o que já estava acostumado a fazer, já que trenas enferrujam. Daí o piloteiro mandou que eu olhasse para o fundo do bote, onde havia uma régua cunhada no estrado, em baixo relevo. Achei por demais prático, desde que eu não capturasse nada maior que um metro e meio (o que é difícil). Uso esse esquema nos barcos que tenho, sem problema. Onde o piso não permite que se cunhe a régua, levo uma em separado, bem fininha. Funcional e barato, mas há gente mais caprichosa, que gosta de ver tudo nos trinques. Gilbertinho da Amazônia
  3. Rapaziada, pra cada santo uma oração: Para borrachudos e piuns, uso o bom e velho óleo de cozinha, tanto faz de se milho ou de soja. Aplico onde fica desprotegido (braços, mãos, pernas e pescoço (cara inclusa) e deixa a molecada comparecer. Vão se melar no óleo e morrer sem te molestar. Um pouco nojento ao passar, e você fica cheiroso como um gambá (mucura em algumas regiões). Mas nessa hora vale tudo, o que não dá é ficar à mercê desses caras um minuto sequer, vão chupá-lo até a alma. Apesar da solução um tanto heterodoxa, sai bem baratinho, e de quebra mantém a pele hidratada, nem precisa gastar com cremes. Para pernilongos (carapanãs, na Amazônia), é mais complicado. Dependendo da região, nem os próprios ribeirinhos aguentam ou encontraram solução. Os repelentes vendidos no mercado não resolvem, são como perfumes sedutores para esses caras. Durante o dia, taco óleo, e de noite me enfio num mosquiteiro, não dá pra dormir melado de óleo de cozinha. Caso resolva levar a namorada (ou namorado, quando tratar-se de uma pescadora ou coisa parecida) carque o óleo nele (ou nela) também, assim nenhum botará o outro pra correr. Por último, lembre-se das mensagenzinhas na TV: "permanecendo os sintomas... Nesse caso, quer dizer que não estou nem aí se alguém se lascar com minhas soluções, mas brincadeiras à parte, verdadeiramente eu as utilizo. Opinião do Gilbertinho, pescador da Amazônia
  4. Caramba, Eliel. Eu pensava que o Iris Rezende já estava aposentado, mas o que fazer, né? Pode deixar, amigo velho, vou procurar por aqui um quarentinha da Mercury seminovo pra você. Acabei de comprar um zero, comando a distância em Manaus, custou 15 paus. Talvez esteja até mais caro que por aí. Aproveite e dê uma espiadela no OLX, vai que dá certo. Abraço.
  5. Caramba! O time feminino está aumentando, que coisa boa de se ver. Muito bem-vinda, menina, já estava cansado desse "cheiro" predominante de homem no Fórum. Receba um respeitoso (e caloroso) abraço do Gilbertinho da Amazônia
  6. Bondade sua, Fabiano. Vejo que você é tarimbado em pesca na minha região. De fato, ano passado a seca foi feia, e por incrível que pareça, ouvi falar de fogo cruzando rios e lagos, que na maioria são ombrófilas, dessas com troncos desgalhados e copa bem formada, um convite para as queimadas. De outro lado, de fato os jacarés-acú daqui são até que bem comportadinhos, porém diante de acidentes como os que narrei, não me atrevo a partilhar com eles um bom banho de rio. Sem essa. Pode ser que alguma fêmea esteja na TPM, e daí você sabe o que esperar. Vai um abração, e muito obrigado por trazer a todos nós suas experiências e conhecimentos. Vão ajudar bastante na hora que estivermos na melhor atividade de vagabundagem que conheço.
  7. Olá; Grato pelo comentário elogioso. Quanto aos açú, sua foto mostra muita semelhança com os que temos por aqui, pode até ser que se trate do mesmo réptil. Tenho lido que os daqui vivem exclusivamente no Rio Amazonas e seus afluentes, a partir do Peru, e em nenhuma outra parte do mundo. Mas dá pra perceber na foto que seus "amiguinhos" do Araguaia são bem largos e com cabeça bem avantajada, a semelhança é clara. Quanto à voracidade, reitero que os daqui são de fato extremamente agressivos, embora não ataquem por qualquer motivo, mas ninguém sabe o que passa na cabeça desses caras, nem seu conceito sobre provocação. Não sei se conhece o tinga pantaneiro, mas um exemplar de 3 metros dele não intimida nem ataca ninguém, são muito assustadiços e raquíticos. Creio que um exemplar de 3 metros do "seu" e do meu jacaré deve pesar algo em torno de 250/300 kg, aproximadamente o dobro de um tinga do mesmo tamanho. Em resumo, aconselho os amigos que vierem para cá dar uma pescada não se baseiem no tinga quando o assunto for jacaré. Abraço
  8. Olá pessoal; Dias atrás, postei um tópico que aborda aspectos de segurança que a gente pode e deve adotar para evitar a ocorrência de acidentes nas aventuras de pesca, quer enquanto navegamos, quer quando fundeados esperando o peixe bater. Inclui, a exemplo do tópico original, outras particularidades que envolvem animaizinhos problemáticos da Amazônia, onde resido. Recomendo que os amigos que ainda não leram o tópico original, que o façam, visto que a pretensão é transferir e acumular experiências, conhecimentos e situações que devemos ter em conta para nossa própria segurança nas aventuras em que nos metemos e também para a tranquilidade de nossos familiares, que ficam em casa pedindo a Deus para que nada de mal nos aconteça nessas ocasiões. Lembro também que ambos os tópicos não constituem propriedade intelectual de ninguém, gostaria muito de contar com a colaboração dos membros da comunidade FTB, no sentido de que construíssemos um verdadeiro compêndio ou manual de segurança nas pescarias. Dito isso, vamos dar continuidade à lista de situações de risco que listei no tópico original, a começar pelo item 11 (ver anteriores no primeiro tópico): Situação 11 - Motores Problemáticos 1: Lá pelos anos 90, em pleno Pantanal Mato-Grossense, me encontrava com amigos pescando no Rio São Lourenço, afluente do Cuiabá. Na época eu morava em Rondonópolis, e minhas idas com a turma ao Itiquira e São Lourenço eram bastante frequentes. Nessa ocasião, chegou uma comitiva de pescadores oriundos da Capital de São Paulo, fazendo-nos antever que haveria algo de interessante pra gente ver, e não deu outra: colocados os botes na água, a galera toda logo acorreu para ligar as máquinas e fazer um tour pelo rio. Com essa turma, veio também um senhor já de meia-idade, pai de um cara apelidado Nenê, que logo convidou o pai para dar uma voltinha no rio. O Velho, todo preocupado e confessando nunca haver entrado num barco, acabou por ceder aos insistentes apelos do filho. Lá foram então o Nenê e o velho para o bote, e a coisa começou a ficar engraçada, porque o velho, como todos os que não tem prática em movimentar-se em barcos, dava passadas bem largas no interior do bote, ora num bordo, ora noutro, e parecia que a coisa iria emborcar mesmo amarrado na margem. Sob orientação do filho Nenê, foi logo para o banco da frente, onde agarrou-se firmemente onde podia, sem mover um músculo sequer a partir daí. Quer dizer, pescoço duro, não olhava para lado algum, só mirava o que via em frente. Bem, o Nenê soltou o barco a deriva, sentou-se no banco da popa e meteu o braço na cordinha. E nada. afogava, desafogava, engatava, desengatava, acelerava, e nada. E o velho firme como uma pedra, só olhando por cima da proa. O Nenê se enervou com a teimosia do antigo Johnson 25 e resolver ficar de frente para o crime: levantou-se e encarou com mais veemência a difícil tarefa de fazer funcionar a máquina. Tudo de novo. Mexe aqui, mexe ali, puxa corda pra valer, até que o "pé de ferro" pegou acelerado e engatado para a frente, saindo disparado rio afora Como não poderia ser diferente, o tranco fez com que o Nenê passasse por cima do motor e caísse de cara n'água. O bote, à toda, seguiu em frente. O velho gritava "Nenê, tira a força, olha a praia" O Nenê, nessa altura, já ia subindo o barranco da outra margem para buscar socorro. Praia se aproximando cada vez mais, e o velho berrando cada vez mais, até que o bote subiu com tudo praia adentro, arremessando o velho como um estilingue, fazendo-o sair como um tiro praia adentro, catando galinhas, até estatelar-se de cara na areia. De longe ouvimos o velho gritar: "Nenê, seu filho da p..., não te falei pra tirar a força?", até que se apercebeu que estava sozinho no barco e o Nenê já vinha chegando com um colega para socorrê-lo. O que se extrai de fatos dessa natureza é que, especialmente nessas circunstâncias, sob hipótese alguma devemos mexer na alavanca de câmbio do motor. Ao contrário, devemos observar se ela está no neutro, e ter em mente que ela nada tem a ver com problemas do motor ligar ou não. Mais ainda, a mesma providência deve ser adotada em qualquer caso, não apenas em motores com problemas de partida. Situação 12 - Motores Problemáticos. Acidente fatal: Também em meados de 1990, um cara de prenome Paulo Japonês, morador de Cuiabá e mecânico de mão-cheia, teve o mesmo tipo de problema, desta feita com um motor 15 HP, não sei dizer a marca. Igualzinho ao Nenê, ficou de pé de frente para o motor e fuçou tanto que a cordinha da partida rompeu-se. Daí teve de retirar a cobertura de proteção do volante do motor, enrolando nele a cordinha reserva que vem em seu kit. Do mesmo modo, não checou se o câmbio estava engatado, e estava. Puxa daqui, puxa dali, até que o motor pegou, jogando-o do mesmo modo pela popa. O problema é que como havia retirado a proteção do volante, caiu com o abdome sobre ele em alta rotação. O final não é preciso contar, ainda me dá arrepios até hoje. Desse caso, e na mesma circunstância, extraio que vale demais a pena reforçar a mesma medida preventiva que no caso anterior: Nunca deixe de verificar se a alavanca do câmbio está em Neutro. Situação 13 - Jacarezinhos do Amazonas - Perigo: Amigos, vocês já perceberam que eu vivi um bom tempo pescando no Pantanal de Mato Grosso. É verdade, foi até o que me fez me mudar de Sampa para lá, isso no início da década de 1980. Toda hora estava no Pantanal, era programa obrigatório de todo fim-de-semana, a gente deixava pra saber o resultado do futebol quando chegava em casa. Os Jacarés-Tinga do Pantanal eram pra lá de abundantes, a gente saía pelas praias logo cedinho chutando a bunda deles só por diversão, para vê-los saindo com tudo no rumo da água. E diz a poetisa que jacaré não tem cadeira porque não tem bunda pra sentar. Pode até ser, mas pra chutar tem. Mas vamos lá. Quando me mudei para o norte-amazônico, na primeira incursão de pesca que fiz à noitinha vi alguns olhinhos vermelhos sob a luz do holofote. Em meu imaginário, logo deduzi que se tratavam dos mesmos jacarezinhos sub-nutridos do Pantanal. Não os incomodei nem fui incomodado. Com o tempo fui me inteirando do assunto, daí aprendi que aqui na Amazônia o que impera são os jacarés-açu, muito assemelhados aos crocodilos do Nilo, tanto em tamanho e peso quanto em relação ao perigo que representam para animais de grande porte e pessoas (pescadores esportistas inclusos). Tanto é verdade, que há pouco mais de um mês, um pescador artesanal aqui de Caracaraí se meteu em confusão com um bicho desses no Rio Anauá. Resultado: partes de seu corpo foram encontradas dias depois, não dá pra brincar, é coisa séria. Lá pelas bandas do Negro, onde vivi por uns dois anos, de quando em vez via a turma de Novo Airão sair armada até os dentes para matar esses bichos, já acostumados a devorar bezerros e pessoas em certos lugares mais recônditos. O que devemos extrair dessa condição única, já que os açús (jacarés, bem entendido) vivem unicamente na bacia amazônica, não há replay em nenhum outro lugar do Brasil: Primeiro, você deve apagar da memória tudo o que sabe sobre jacarés quando vier para a Amazônia. A coisa é grande e feia e se facilitar o bicho pega. Mantenha uma distância prudente deles, e nunca se atreva a provocá-los, tem alguns que chegam a ter quase um metro de largura na parte central de seu corpo, é jacaré sobrando e risco certo de desastre. Situação 14 - Sucuris e Sucurijus: Com certeza, todo já ouviu falar, assistiu documentários e muitos até já viram essas bichinhas em rios e lagos. Uma e outra são a mesma espécie, só muda o nome daí para cá, de Sucuri para Sucuriju. Todos sabem dos riscos que elas representam, assim como as demais serpentes constritoras. Há muitas histórias a respeito, e vou contar duas a um só tempo, pra economizar a atenção da turma. A primeira foi comigo: durante uma seca violenta, em 2012, logramos capturar uma de 5 metros, atravessando o asfalto da BR 174. Enchemos ela de pancadas, amarramos uma corda no pescoço e levamos para o sítio, bem próximo do local da captura, visando medi-la e extrair sua banha (santo remédio). Amarramos a corda bem curta numa árvore e nos dispomos a estirá-la para medir. Estava ainda viva, apesar das pancadas que levou. Passei uma corda no "rabo" da bicha, passei numa arvorezinha e mandei a turma esticá-la para a medição. Conforme a turma puxava, ela cedia um pouco e eu encurtava a corda, ela fazendo força em contrário. Até que num dado momento, ouvi a arvorezinha estralar rompendo raízes em razão da força de tração extrema do animal, que não media mais que 5 metros, e aqui ouvimos falar em exemplares de 8 a 12 metros, dá pra imaginar a força que devem ter. Emendo essa situação com o que vi acontecer no Rio Alalaú, que divide Roraima e Amazonas. Seguindo viagem de carro pela BR 174, deparei com algumas pessoas olhando o rio e gesticulando. Curioso, fui ver do que se tratava. Ainda deu pra ver um índio da tribo waimiri-atroari embolado com uma sucuriju descendo rio abaixo. Por certo, ela o atacou quando se encontrava lidando com algum barco que a tribo mantém sob a ponte. O certo é que ele foi comer capim pela raiz, disso não há dúvida. O que extraímos de episódios como esse, aliás ocorrentes em várias partes do Brasil, segundo a história, é que sempre que possível devemos evitar a criação de condições para encontros com essas bichinhas. Isso significa nunca entrar n'água em locais onde sabemos que elas habitam e, na dúvida se elas ocorrem ou não noutros locais, é melhor prevenir, ficar no seco. Se tiver de tomar um banho, inclusive para espantar o calor, utilize um balde ou coisa parecida, mas não vacile entrando na água. Se estiver pescando no barranco ou no bote, fique atento: a única coisa que denuncia a aproximação delas são as marolinhas e bolhas que vem em sua direção. Como diz a gauchada, fica "veiáco", tchê, senão o jacaré te abraça. Situação 15 - Os Morcegos Hematófagos: Diferentemente do que se vê na maior parte do país, aqui na Amazònia ocorrem morcegos hematófagos que apreciam muito o sangue humano. Vou contar um caso que vivenciei no final de 1999, ano em que criei uma unidade de conservação exclusiva para exploração do turismo de pesca esportiva no extremo sul de Roraima (APA Xeriuini). Interessado em conseguir um empresa para desenvolver operações de pesca na Bacia do Xeriuini, uma das seis da unidade, logrei contato com um empresário do setor instalado em Sampa, o nome é (ou era) Paulo Polimeni, algum de vocês deve ter ouvido falar. Decidimos seguir viagem numa lancha para vencer os 300 quilômetros que separam a comunidade de Terra Preta e a sede de Caracaraí, onde moro até hoje. Nosso piloto, um crioulo de nome Chico Martins, era morador daquela localidade, que há época tinha em torno de 35 famílias. Bacia visitada, Paulo Polimeni empolgado com o potencial do local. À noitinha, fomos jantar e dormir na casa do Chico, uma palafita de madeira de dois andares e dois cômodos bem simples. Embaixo a cozinha, e no andar de cima o quarto coletivo, onde dormiam ele, sua mulher e 4 filhos pequenos. Jantamos ensopado de Piranha com Chibé, que ainda hoje é o básico daquela gente (chibé é água com farinha de mandioca brava), e daí armamos as redes para dormir. Chico e família no andar de cima e eu e o Paulo na cozinha. Lá pelas tantas, percebemos que algo estava nos molhando, o que era estranho, já que além de estarmos no térreo de uma palafita, não estava chovendo. Só no amanhecer é que ficamos sabendo que no quarto não havia banheiro, e a turma do Chico urinava direto sobre o assoalho, daí o que nos molhava era mijo puro, e não água. Mas a coisa não parou por aí. O Paulo Polimeni, fazendo um auto-exame logo cedinho, disse num dado momento: "acho que me machuquei ontem, olha como meu dedão está sangrando!" Aí o Chico caiu na gargalhada e esclareceu: "que nada, foi o morcego que chupou seu dedo". Apavorado, o Paulo pediu urgência no regresso, por saber que esses bichinhos são transmissores do vírus da raiva. Após algumas semanas, exames feitos, o Paulo mandou por correio um amontoado de prospectos sobre a raiva transmitida pelos morcegos, e nunca mais apareceu por aqui. Dito isso, se vier pescar por nessas bandas, se for dormir em camarote, mantenha porta e janela fechadas. Se preferir dormir em rede no convés do barco-hotel, nunca dispense um mosquiteiro, senão você pode ter de visitar um hospital bem mais cedo do que pensa e acabar com a pescaria. Situação 16 - A Marvada Pinga: No tópico original, listei duas situações de alto risco envolvendo a navegação sob galhadas baixas em rios e lagos. Providencialmente, um dos membros do FTG deu uma excelente colaboração ao lembrar que situações assim podem também ser causadas pelo álcool, quer dizer, pelo excesso de álcool que eventualmente alguém venha a ingerir nessas ocasiões, que também foram feitas pra gente tomar umas a mais na beira do rio, o que é lógico e compreensível. Porém, ouso dar um acréscimo ao acréscimo, abordando outras situações de risco que o excesso de álcool pode produzir. Antes, creio que todo mundo concorda que o álcool produz diferentes efeitos nas pessoas. Umas ficam chorosas, outras valentes, outras desinibidas e finalmente as que ficam corajosas. Logicamente, as mais ameaçadas estão no grupo das valentes e das corajosas. Umas porque querem brigar com quem que que seja e por qualquer motivo, o que pode acabar com uma pescaria ou até mesmo dissolver um bom grupo de amigos de pesca. Outras porque perdem o senso do perigo, levando-as a fazer o que não deve, a exemplo da condução de barcos de forma imprudente em qualquer lugar. Porém há mais: alguns resolvem nadar em locais perigosos ou desconhecidos, outros decidem caminhar em praias inundadas sem considerar o risco de ser ferroado por arraias, pra ficar no básico. Nesse último caso, creio que ninguém ignora o que significa ser ferroado por uma desses bichinhas. Pra resumir, é o fim da pescaria. O que se extrai, então, é que devemos encher a cara (é opcional) à noitinha, quando nos reunimos pra falar do dia e depois ir pra caminha. Nada de beber em excesso quando estiver pescando, seja dia ou noite. Pessoal, reforço uma vez mais que apreciaria bastante conhecer experiências e causus relacionados a acidentes e os modos de preveni-los. Este espaço é comum de todos, e todos devem explorá-lo até o limite de seus conhecimentos, sem dia, hora e tempo para sua definitiva conclusão, ainda porque, como no direito, pescar é também uma ciência da semântica, que evolui sistematicamente ao longo do tempo e dos lugares, ao sabor das regras ditadas pela mãe natureza. Deixo um forte abraço a todos da comunidade do FTB. Gilbertinho da Amazônia. l
  9. Fabiano, agradeço pela gentileza das palavras. É sempre bom sentir-se útil para alguém. Cara, o problema da classificação como pescador de lobó doeu, veterano e navegante como sou. Daí resolvi que se fosse assim identificado, que fosse para pescador de lobó graúdo, já que aqui tem o trairão de montão em alguns rios e represas, pelo menos não me sentiria tão diminuído. Há alguns dias, o sistema (agora tudo é sistema) me promoveu, aí não tive saída, tive de suprimir o "lobó graúdo". Outra coisa que quero observar, é que eu contava (ou provocava) gente como você, que já passou por situação de risco, pra trazer ao conhecimento da galera. Isso é pra lá de bom, é mais uma experiência e um alerta que o pessoal (inclusive eu) deve ter em conta, e não digo isso somente em relação ao episódio da cobra no bote (aqui chamamos de voadeira). Já topei com essas bichinhas dentro de barcos, quartos e banheiros, por aqui elas são muito "abusadas". Logo, o negócio é fechar tudo, mesmo durante o dia, quando se ausentar para pescar. Valeu mesmo. Forte Abraço, amigão.
  10. Lamana, Como nossa "mijolina" da Dilma tem pra lá de 27% de álcool, aprendi e venho fazendo o seguinte: compro a gasolina comum, coloco-a num vasilhame translúcido com outro tanto de água, agito um pouco e deixo repousar por uns 5 minutos. O que não for gasolina decanta, e sob ela fica uma substância esbranquiçada e leitosa, é o álcool (etanol), detergentes e outros. Enfio uma mangueira fina no recipiente (uso garrafão de água) e dreno o que tiver sob a gasolina, daí a utilizo em qualquer motor a gasolina que tenho, inclusive os motores de popa. Tudo funciona bem melhor, rendimento idem, e olha que percorro distâncias fluviais de até 700 km quando em serviço. Com isso, afasto manutenções mais frequentes e não gasto com peças corroídas pelo álcool. A linha de combustível também agradece, fica tudo sem obstruções e borras. Experimente para ver se aprova. Ia me esquecendo: de cada litro de gasosa que você compra e processa, vai perder algo em torno de 30%, que é o percentual de porcarias que ela tem. Não ligo para isso, porque as vantagens compensam, sob qualquer ângulo de análise. Abs Gilbertinho da Amazônia
  11. Anderson, o que nos torna mais fortes e preparados são pequenas coisas como as que postei. Fico por demais feliz por suas palavras, e sempre que puder contribuir pra que gente como nós volte sempre são e salvo das aventuras que fazem parte de nossa vida, valerá demais a pena. Loguinho vou dar sequência ao post, como prometido. Há outros perigos na Amazônia que quero abordar para os colegas do Fórum. Muito obrigado e um forte abraço. Gilbertinho da Amazônia
  12. Joãozinho, Você está pra lá de certo. Deve ter notado que no final do post me comprometi a retomar o assunto, listando outras situações de risco que conheço e que a gente pode mitigar ou resolver. Uma delas, sem dúvida, é a do excesso da bebida quando no controle da embarcação, mas o assunto do álcool vai além disso. Abordarei essa questão com os acréscimos necessários, que se somarão a outras contribuições da turma. Agradeço pela importante observação, que vem de encontro com o objetivo do post, que é o de disseminar o máximo de experiências e informações que contribuam para nossa segurança nas pescarias. Forte Abraço.
  13. Pessoal, às vezes ouço ou leio narrativas sobre acidentes ocorrentes na pesca, envolvendo na maioria dos casos a pesca embarcada. Daí resolvi provocar a turma visando extrair e assimilar informações e conhecimentos que guardem relação sobre o tema, de modo que cada um conheça as principais causas e soluções para se obter uma boa margem de segurança nas pescarias, o que certamente trará por acréscimo a tranquilidade dos familiares que se preocupam bastante conosco quando nos ausentamos em busca de aventuras. Como passo inicial, inicio este painel relatando causas e efeitos de ocorrências fatais que conheço por relatos de terceiros e por experiências próprias, que poderiam ser evitadas com um mínimo de cuidados. Tomo a liberdade de enumerar cada situação abordada, sob pena de acabar me perdendo das digressões, observando que quando me refiro à Amazônia, deve-se entender que falo sobre sua porção ocidental, onde resido. Então vamos ao que interessa: Situação 1 - Rota de navegação: mês passado, no Rio Matupiri (proximidades do médio Amazonas e Madeira). o piloteiro de uma operadora de turismo conduzia o bote próximo da margem, deslocando-se para a área onde dois pescadores iriam pescar. De forma negligente, não se ateve a verificar se os passageiros estavam sentados nem os advertiu da proximidade de uma galhada baixa que se estendia sobre o trajeto do barco, nem tampouco dela se desviou. Por estarem de pé, em consequência ambos se chocaram com a galhada. Um deles teve o pescoço quebrado e faleceu. O outro ficou bastante ferido e foi encaminhado a um hospital nas imediações, creio que na cidade de Borba. Não sei dizer se conseguiu se recuperar. O piloteiro, sentadinho e certo de sua segurança, nada sofreu; Apesar de lamentarmos esse episódio trágico, devemos aprender com ele. Afastar esse risco é coisa simples, basta que se adote como regra nunca ficar de pé num barco em deslocamento, mesmo que não existam galhadas visíveis em sua rota de navegação. O efeito pode ser o mesmo caso haja um choque com pedras e troncos submersos. Situação 2 - Rota de Navegação: há algum tempo, o mesmo tipo de acidente ocorreu no Água Boa do Univini, em Roraima, é relativamente perto de onde moro. Dessa feita o bote seguia só com o piloteiro em idêntica condição. Não viu uma galhada baixa à sua frente, e apesar de estar sentado, com ela se chocou, vindo a falecer. Extraímos daí um acréscimo aos cuidados que devemos tomar, que é o de evitarmos traçar rotas sob galhadas baixas, quando estivermos no controle da embarcação; Situação 3 - Manejo de Combustível: ano passado, no mesmo Água Boa do Univini, um piloteiro da Ecotur transferia gasolina de um tambor para o tanque do motor de popa, já de noite, visto que os pescadores iriam sair para a pesca ao alvorecer. Munido de uma lanterna, executava normalmente a tarefa, até que a carga das pilhas se esgotou, obrigando-o a trocá-las e seguir com a tarefa. Entretanto, ao ligá-la novamente, uma centelha fez com que a gasolina explodisse, provocando queimaduras de terceiro grau no infeliz. Socorrido, ficou internado por um longo tempo e só recentemente voltou à ativa. Como aprendizado, já que muita gente tem o hábito de abastecer à noitinha (e do mesmo modo) para sair bem cedo para pescar, devemos abrir mão desse hábito, executando essa tarefa de dia e longe de qualquer fonte que possa provocar acidentes dessa natureza; Situação 4 - Descer ou subir o rio? Essa é uma questão que em geral não envolve risco de vida, embora eu conheça exceção. Trata-se de decisões que tomamos quando estamos na pescaria com outros colegas que têm barcos. Caso resolva descer o rio, seu barco nunca deve seguir desacompanhado, porque se houver uma pane de motor, é uma roubada. Nada melhor que ter um companheiro por perto para rebocá-lo até o acampamento. Subir o rio não dá esse tipo de problema, porque para baixo todo santo ajuda, embora haja a questão do controle da direção do barco. Extraímos desses casos a importância de termos ao menos um par de remos no barco, que viabilizarão o controle da direção e eventualmente movimentar o barco; Situação 5 - A importância dos remos: apesar de ter abordado essa questão na situação anterior, gostaria de submeter uma situação hilária que testemunhei por causa de remos, ou melhor, pela falta deles. Por uns dois anos, morei numa lancha no Rio Negro, região das Anavilhanas, mais precisamente nas proximidades da cidade de Novo Airão, onde atracava o barco na boca de um igarapé, situado um pouco a jusante da cidade, para ter mais tranquilidade e segurança por conta das tempestades. Via de regra, comunidades rio abaixo faziam festas em que muita gente da região comparecia para beber, dançar e namorar. Na verdade, em nenhum outro lugar do país vi tanta paixão por festas, é festa religiosa, de torneios de futebol, do Tucumã, do Açaí, do peixe ornamental, do boto cor-de-rosa, do peixe-boi, enfim, qualquer coisa é motivo para festejar, e sempre com muita bebida, muita música do boi e muita dança, muito de tudo. À noitinha, minha esposa e eu ouvimos e vimos várias canoas de madeira descendo o rio, todas tocadas por motores rabetinhas, deduzindo que deveriam estar seguindo para alguma festa rio abaixo. A noite passou, e lá pelas cinco da manhã, o sol surgindo preguiçoso, quando ouvimos um chilep chilep constante, como algo batendo incessantemente na água, subindo o rio bem juntinho do costado da lancha. Olhamos pela janela e vimos uma canoa de uns 7 ou 8 metros, nego vazando pelas bordas, todos remando com as havaianas para chegar na cidade. Só risos. Deduzimos que essa turma deveria estar remando madrugada adentro, já que o dia seguinte era dia de branco, todo mundo ao trabalho. Desse dia em diante, jamais deixei de levar os remos no bote, mesmo que meu deslocamento da lancha fosse de 50 ou 100 metros. Macaco velho não pula em galho seco. Essa foi uma boa lição que aprendi, e recomendo que também o façam, por mais que os remos ocupem espaço e incomodem; Situação 6 - Serpentes peçonhentas: pouco tempo atrás, um pescador curioso resolveu fazer uma pequena caminhada por uma trilha na região do Rio Amajaú, sul de Roraima. A intenção era a de tentar a sorte num lago situado atrás da comunidade de Canauini, onde o barco-hotel estava atracado. Orientado por um cara da localidade, entrou mata adentro e ao passar sobre uma árvore caída, foi picado no peito do pé por uma Pico-de-Jaca, a cobra mais peçonhenta da Amazônia, Socorrido e conduzido de avião para a capital do Estado, Boa Vista, ficou internado por vários dias. O estrago foi tamanho que quando deixou o hospital e nos exibiu o local do ferimento, era possível ver o chão através de seu pé, um buraco da dimensão de uma moeda de 1 real. Coisa feia de se ver. Isso ensina que sempre devemos ter um cuidado imenso com incursões na mata. Não basta olhar o chão coberto de folhas onde as cobras se ocultam esperando presas, tampouco troncos caídos que servem de abrigo a elas. Na Amazônia, existem espécies peçonhentas que vivem e caçam em árvores, e é relativamente comum vê-las dependuradas em galhos, do mesmo modo que a cobra Papagaio, não venenosa. Assim, extrai-se o ensinamento que, se adentrarmos a mata ou caminhar junto às margens, devemos observar com cuidado não apenas o chão, mas também por onde todo o corpo vai passar ou possa ser alcançado por um bote de uma cobra; Situação 7 - Insetos voadores venenosos; como muita gente vem para a região amazônica para pescar, vale discorrer sobre os principais insetos voadores venenosos daqui, a começar pelas famigeradas abelhas, fáceis de identificar e totalmente semelhantes às que encontramos no resto do país. As novidades ficam por conta dos cabas (marimbondos) amarelos e os da noite. Em geral têm o corpo avantajado e possuem uma pegada bem dolorida, característica comum dos dois. A diferença é essa "coisa" do caba-da-noite, que só entra em operação quando anoitece, e é bem maior que o caba amarelo, e sua picada injeta mais veneno. As soluções de redução de riscos quanto às abelhas e os cabas diurnos são, no primeiro caso, buscar identificar colmeias em troncos e construções velhas e manter distância, exceto se resolver extrair o mel, aí deve se preparar direitinho, senão...Já os cabas diurnos são preferencialmente encontrados em construções abandonadas, onde instalam suas casas, mas também habitam troncos de árvores mortas em meio à selva, exigindo algum cuidado nesses locais, apesar de ser praticamente impossível evitá-los quando nos visitam. Contra o o caba-da-noite, mais perigoso, só o que resolve e trancar portas e janelas ou se meter sob um mosquiteiro, aí está tudo resolvido; Situação 8 - Insetos voadores transmissores de doenças: seguindo a mesma linha da situação anterior, destaco alguns pontos sobre essa questão. Como se sabe, a incidência de transmissores do vírus da malária na Amazônia Ocidental é considerável. A única forma segura de prevenção é evitar o contato com esses caras, e para isso deve ser observado que, diferentemente do que muita gente pensa e diz, o Anopheles spp ataca também durante o dia, em menor intensidade, dependendo do clima. Se chover ou garoar, atacam mais. Porém, costuma-se dizer que o horário crítico é das seis às seis (da noite até a manhã). Uma curiosidade: caso esteja pescando em local onde há moradias de ribeirinhos por perto, observe se suas casas estão fechadas por volta das cinco da tarde. Se estiverem, é certo que a região é infestadas de pernilongos (carapanãs, para os amazônidas). Prevenção: repelente durante o dia e uma rede de dormir grossa e um mosquiteiro de boa qualidade, ou ainda um camarote fechado e vedado e refrigerado, senão irá morrer de calor; Situação 9 - Formigas Críticas: diz a lenda que Novo Airão, cidade localizada no curso médio do Rio Negro, antes era denominada simplesmente Airão. Assolada por formigas de todos os tipos, credos e raças, mudou-se tempo atrás para a atual localização, bem a jusante da posição geográfica original, ensejando a denominação "Novo" Airão. Fato ou mito à parte, o certo é que aqui as formigas são de lascar. Não se trata de formigas lavapés ou outras mais comezinhas do país, afinal, quem já não foi ferroado por alguma delas? Mas o fato é que aqui as mais parecidas fisionomicamente com as lavapés são as formigas-de-fogo, amarelinhas e não muito graúdas, mas portadoras de uma ferroada pra lá de dolorosa, queima como fogo, como o nome já diz. Porém, a pior delas é a famigerada Tocandira, bem avantajada, preta e menos comum de ser encontrada, e se for, alguém vai ter uma experiência inesquecível. Em geral, são solitárias em suas andanças pela selva, vadiando pelos troncos das árvores à procura de insetos menores que servem de alimento. Os acidentes com elas ocorrem em situações em que incautos resolvem apoiar as mãos ou o corpo nos troncos das árvores, e aí ela não perdoa, acabou o dia para quem for ferroado. A lição que se extrai é que devemos evitar, no caso das formigas-de-fogo, vacilar perto do formigueiros. Já no caso das Tocandiras, é pra lá de recomendável evitar o contado das mãos e do corpo com troncos de árvores, é sempre onde elas estão; Turma, já é madrugada e o sono está pegando. Retornarei com novas experiências e aprendizados. Grande abraço e grato pela atenção, lembrando que seria por demais útil conhecer experiências e medidas preventivas da turma do FTB para garantir nossa segurança. Gllbertinho, pescador da Amazônia
  14. Amigo, Com base em experiências que vivenciei, digo que está certo quem diz que num caso desse só a proa fica fora d'água, o peso do motor faz com que o resto afunde. Mas para isso, é preciso que o barco tenha elementos de flutuação já colocados na fábrica, tipo isopor, injetados ou outro recurso. Buscando contribuir para soluções aplicáveis a esse tipo de problema, que é raro, já que na maioria das vezes ocorre por conta de eventos naturais excepcionais, sugiro que: 1) Bote a turma toda no colete salva-vidas, não tem desculpa; 2) confirme se o barco tem elementos flutuadores internos. Caso não tenha, coloque garrafas pet até onde puder, e fixe-as de forma a impedir que elas saiam em situações emergenciais; 3) Coloque uma bomba de porão, vai ajudar bastante no escoamento de águas infiltradas; 4) Diante desses eventos, pilote sempre contra o vento, cortando as marolas perpendicularmente. Nunca dê os flancos para elas e mantenha o motor em aceleração, senão não terá controle de leme. Olhe, tenho 68 anos e já naveguei em ainda navego em corredeiras e sob tempestades com marolas de respeito aqui na Amazônia. Sem desrespeitar nenhuma dessas situações, vá sempre tranquilo, evite excessos de peso e siga as sugestões que ofereci e outras que os colegas do FTB deixaram com propriedade, baseadas em experiências assemelhadas. "Navegar é preciso", diz o poeta, mas também reserva um grande prazer. Siga com Deus. Abraço do Gilbertinho da Amazônia
  15. Caro Erlyir, Fico agradecido pelas palavras elogiosas, e também feliz por você sua turma estarem dispostos a superar as agruras da temporada passada. Como gestor público na área de meio ambiente, sei que esse universo de operadores de turismo está impregnado de pseudo-empresários, que priorizam o lucro fácil em detrimento da satisfação de seus clientes. Acho que a proporção é de 1/1. Por isso, é sempre altamente recomendável obter informações sobre o operador e o local de pesca antes de fechar o pacote. Para isso, a turma do FTB é especialista. Deixo um voto de sucesso na pescaria e um grande abraço. Gilbertinho da Amazônia
  16. Os amigos que me antecederam já mataram a charada. Em geral, a gente se acostuma a dizer que vai pescar no Rio Negro, mas isso é apenas uma referência geográfica, porque o "povo da beira" (assim são chamados os ribeirinhos) conceitua o Negro como um rio "morto", isto é, desprovido de fauna, e essa gente tem razão. Já morei numa lancha no Negro por mais de dois anos, na região de Anavilhanas, onde cansei de tentar pescar alguma coisa, sempre sem sucesso, até descobrir que o rio não se presta à pescaria. Aí entram seus afluentes de ambas as margens (e são muitos), em geral abundantes em recursos pesqueiros, em especial dos açus que você quer capturar (com classe, destreza e delicadeza). Daí acho que dificilmente o operador irá soltar seu time na calha do Negro. Finalizando, reforço a receita já dada: Vá "passando giz no taco". Chegando em Barcelos, consulte o operador sobre um bom local para pesca, segundo as condições ambientais do momento. Não vai ter zebra, até porque a insatisfação do cliente não é do interesse dele. Tenho dito. Boa pesca. Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia
  17. Alex, Creio que a velocidade para o conjunto está mais ou menos dentro do que o salminus informou. Veja no site http://www.boat-fuel-economy.com/consumo-motor-de-popa-yamaha (é muito dez, útil para diversos motores e potências), que essa máquina faz top na casa de 34,5 mph, o que é um ótimo desempenho. Meu Evinrude E-Tec 115 (novo) faz um top de 40,5 mph, e olhe que são 25 HP a mais. Só me parece duvidoso o calado que foi informado, de 10 cm. Quem conhece o casco da Marajó sabe que o desenho em "V" um pouco mais acentuado faz com que ela tenha um calado maior, medido da quilha à linha d'água. Abraço.
  18. Cara, Lá pelos anos 1970, comprei uma chatinha de 4 metros e um motor Yamaha 5 HP na extinta Mabel, que ficava na Florêncio de Abreu, em Sampa. Tralha pra lá de boa para pescar nas represas da periferia. De tão prática que era, eu a transportava emborcada sobre o fusquinha, até que um dia fui multado, e o aguarda assim anotou o ato infracional: "transportar barco de grande porte sobre veículo automotor de passeio" . Era pra rir ou morrer de raiva, mas o que me deixava p...mesmo era a gozação da turma, que dizia que meu barco era uma lata de querosene cortada pelo meio e tocada por um motor de liquidificador muito bom pra bater caipirinha na beira do rio. Voltando a falar seriamente, você tem razão quanto à praticidade. Naquela época, só íamos minha esposa e eu pra beira d'água, e eu tinha de lidar sozinho com o manejo da carga, o que ocorria sem problemas, e olhe que nunca fui um cara "sarado". Dá saudade desse tempo. De lá pra cá, nas andanças pelo país (Sampa, Mato Grosso, Amazonas e Roraima) tive muitos barcos, e ainda hoje tenho 5, dos quais 4 são lanchas pesadas, e até para arranjá-las no quintal preciso engatar as carretas numa 4x4. Acabou-se o que era doce, ou melhor, acabou-se o que era leve e prático. Azar o meu. Agora, vou parar de ficar babando na sua tralha, e tratar de repensar minhas escolhas. Grande abraço e parabéns. Gilbertinho
  19. Amigo, Pelo que disse, já foi identificado o fabricante do barco, e até seu modelo. Tenho vários barcos de alumínio e fibra, e acho que você se deu muito bem ao constatar que a lateral é de 2 mm. Já antecipo que o fundo deve ter a mesma espessura. Isso de ficar um pouco mais pesado não conta, exceto se você participar de competição de velocidade. O ganho em resistência e segurança vale a pena demais. O pessoal costuma fabricar barcos com resistência de latinha de cerveja, com fundo de 1,5 e bordos de 1 mm. Se pressionar com a mão a chapa afunda, que dirá se der uma pancada qualquer em navegação plena, com a máquina toda aberta. Desastre na certa. Até que rimou, né? O único defeito do seu barco, que não difere dos barcos do sudeste e do sul, é ser rebitado. Passou da hora dessa turma evoluir para barcos soldados. Mas enquanto o mercado aceitar, nada vai mudar. Parabéns pela ótima compra, você está pra lá de bem servido. Abraço do Gilbertinho
  20. Cara, Fazia tempo que não via uma verdadeira obra de arte. Detalhes de primeira, muito dez mesmo. Parabéns!
  21. Francisco, De fato, a crise brasileira está braba. Porém, quero acrescentar que 90% da clientela da holding é estrangeira, na maioria norte-americanos, e sabemos que os gringos vem para cá com tudo quando a temporada do Tucunaré é garantida. Digo mais: diferentemente de sua conclusão, o nível das águas tem tudo a ver com a pesca do Tucunaré. Se tiver dúvidas quanto a isso, experimente pescar nos igapós (nível elevado) ou durante uma seca violenta. Vai sofrer muito em qualquer dos casos, com resultados frustrantes, se os tiver. Como anteriormente disse, milhares de Tucunas morreram na temporada passada pelos efeitos da seca, fenômeno que alcançou todas as bacias tributárias do Branco. De outro lado, me faço presente ao menos 3 vezes ao ano nas comunidades ribeirinhas da região, interagindo com a maioria dos habitantes das 15 comunidades em diversos assuntos, especialmente a pesca. Na contra-mão, minha casa é frequentemente visitada por esses amigos. Daí, tenha certeza que os comentários que posto no Fórum quando o assunto é pesca no extremo sul de Roraima são bem balizados e alimentados pelas informações do ribeirinhos que lá residem. Deixo um abraço e o agradecimento por seu comentário.
  22. Tiago, na condição de geógrafo, trabalho para uma holding que opera o turismo de pesca em diferentes regiões da Amazônia Ocidental. No que tange às cercanias da confluência entre os rios Branco e Negro, comumente denominada "Baixo Rio Branco", houve uma dramática redução do número de pescadores da holding, envolvendo brasileiros e estrangeiros oriundos principalmente dos EUA. Para ter uma ideia, numa temporada normal as empresas do grupo atendem nessa região algo em torno de 700/800 pescadores, e em 2015-2016 esse número caiu para aproximadamente 200 pessoas, com dezenas de grupos cancelados em razão da seca. Na atual temporada o cenário está bem diferente, e a determinante disso é o bom nível das águas na região. A forte seca da transição 2015-2016 deixou sequelas graves, já superadas na temporada atual pelas condições meteorológicas favoráveis. Barcelos pode ter vivenciado situação diferente, é até possível que os efeitos adversos ocorridos no extremo sul de Roraima não repercutiram por lá, o que é estranho, porque sabemos aqui que as águas do Negro determinam o nível das águas da bacia do Branco até 150 km de sua foz, englobando as sub-bacias do Jufari, Jauaperi, Amajaú, Xeriuini, Itapará e Curiucu, o que perfaz uma extensão bem considerável. Logo, se levar em conta que tanto a seca quanto a alagação do Branco depende do que ocorre no Negro, há uma nítida correlação entre ambas. Noutras palavras, se a região do médio Rio Negro apresentar uma condição hidrológica tal, o mesmo sucederá com as bacias adjacentes, dentre estas a do Branco. No que se refere aos dados da CPRM, a série ajuda a prospecção, mas em se tratando de clima, é tudo muito incerto e imprevisível, geralmente faço uso do conhecimento de moradores bem antigos na região para ter um certo balizamento relativamente ao que deverá ocorrer num dado ano ou período. Costumo até dizer que as estações climáticas aqui são bem definidas: uma quente pra cacete com muita chuva e outra quente pra cacete sem nenhuma chuva. Abraço e obrigado pelo comentário.
  23. Rapaz, Em matéria de climatologia, ninguém pode predizer coisa alguma. A série histórica elaborada pela Cia. de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) é meramente estatística, não se prestando para orientar ou prever o que ocorrerá em termos de clima na região amazônica. Como se sabe, o clima na Amazônia (principalmente a ocidental, que é o foco dessa discussão) é fortemente influenciado pelos fenômenos atmosféricos La Niña e El Niño. Em razão disso, a temporada de pesca 2015-2016 foi um desastre, originada por uma das maiores secas já ocorridas na região. Houve uma incrível mortandade de peixes, inclusive exemplares magníficos de Tucunarés, vitimados por essa condição. Para a atual temporada, considerada a alternância dos fenômenos antes mencionados, há uma certeza coletiva na região quanto às boas condições dos rios e lagos, o que aponta para o restabelecimento de condições gerais favoráveis à pesca, podendo até ocorrer situações adversas em pontos isolados, mas os cenários são bastante otimistas. Por outro lado, o sucesso da pesca na Amazônia não depende unicamente do clima, e nele o nível das águas. Contam muito os cuidados na hora de decidir onde pescar. Como posso dispensar a compra de pacotes, já que moro na região e vou onde quero, na dúvida sempre opto por pescar em rios que possuem relevos que alternam áreas sujeitas à formação de igapós e outras de terra firme, barranqueadas. Essa escolha dá uma boa margem de segurança para uma pescaria bem sucedida. Há muito pra falar sobre esse tema, mas por enquanto fico por aqui, porque o almoço está servido e estou com uma fome danada. Abraço do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia.
  24. Pessoal, No meu modesto entender, o quesito a ser considerado em primeiro lugar na aquisição de um barco novo ou usado é o da SEGURANÇA, e penso assim por ter uma certa idade e navegar em águas complicadas na Amazônia. Vejo muitos falarem em comprar um barco leve, visando a um melhor desempenho, etc. Enxergo diferente, levo em consideração a espessura e o tipo de alumínio empregado, o processo de fabricação, o arranjo geral e as demais características do barco, como pontal, boca e estilo de popa e proa e finalmente o formato da base de contato com o meio hídrico. Cada um tem sua própria visão, mas defendo esses pontos pelo seguinte: a) a espessura e o tipo de alumínio são importantes. A chapa naval (liga 5052) é quase tão dura e resistente como o aço, embora mais leve. A espessura ideal, à sua vez, deve ser de 2 mm para barcos comuns de até 24 pés. Se o casco for tipo Lancha, a espessura deve subir para 3 mm na área de contato com a água, isto é, no fundo do barco. As bordas admitem menor espessura, porém no mesmo material; b) o processo de fabricação nacional parou na era do Titanic, com barcos montados na base dos rebites, o que resulta numa menor resistência mecânica e estrutural e determina a ocorrência de infiltrações provocadas por solturas dos rebites. O ideal é comprar barcos soldados, que não oferecem tais problemas; c) o arranjo geral do barco deve facilitar a movimentação dos ocupantes. Assim, deve-se evitar a compra de barcos com bancos que se estendam de bordo a bordo, atravessando por inteiro a boca. Com isso, você previne acidentes causados por quedas e tropeções proporcionados por tais bancos, além do evidente desconforto e incômodo; c) o pontal é a medida do bordo do barco, e nunca deve ser inferior a 45 cm. Daí pra frente, sua altura deve ser compatível com o desenho do barco e as características dos locais onde navegará; d) o desenho da proa, embora facultativo, deve considerar a facilidade de embarque e desembarque de pessoas e cargas, além do aproveitamento desse espaço; e) a popa, preferencialmente, deve ser do tipo "lavada", que separa o motor da área de circulação, além de impedir a penetração de água no barco em situações de paradas bruscas, principalmente; f) o formato do fundo do barco é importante, já que tanto os de fundo chato como os com "V" muito acentuados devem ser evitados, salvo nas exceções, como lagoas, pequenas represas, onde a chatinha vai bem. Já em águas profundas e turbulentas o casco em "V" acentuado é mais que necessário, senão a estabilidade do barco vai pro brejo, é acidente feio na certa. Em geral, a escolha deve levar em conta o tipo de água em que você irá navegar. Rios rasos e com bancos de areia e pedrais recomendam barcos de menor calado (ângulo em "V" menor em relação à quilha). Rios mais profundos e isentos dessas características aceitam muito bem formados com "V" ligeiramente acentuados, mas nesses casos, é bom verificar as medidas verticais do espelho de popa e o que seu motor exige sem provocar empopamento ou cavitação. É o que tenho para contribuir com esse tema muito oportuno. Abraços do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia
  25. Amigos, Creio que tudo é uma questão de controle. Eu uso a chave 1,2, ambas e off, e nunca deu pepino. Deixo uma bateria para o sistema elétrico do barco (bateria 1) e outra (bateria 2) para a bagulhada. A partida utiliza o borne 1 da chave, e em viagem mudo a posição para ambas, carregando-as simultaneamente. Desligado o motor, aciono apenas a bateria 2 para alimentar acessórios, e o processo se repete sempre. Só não pode "encher a cara" e esquecer a chave acionada para as duas baterias. Tive uma lancha de 40 pés que tinha também uma placa solar, que alimentava a geladeira 12 Volts e o excesso ia para as baterias, diodos impedindo o fluxo reverso da corrente. Nunca monitorei pra saber seu desempenho. É bem legal conhecer as alternativas comentadas pelo Fabrício, mas sinceramente prefiro manter a metodologia simples que sempre utilizei, ao menos até dar uma zebra. Aí mudo tudo. Abraços do Gilbertinho, pescador de lobó graúdo da Amazônia.
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